Pesquisar
Pesquisar

Oito motivos pelos quais não devemos comemorar a prisão de Michel Temer

Ação da Lava-Jato é apenas mais uma armadilha e a vítima não é quem foi para trás das grades (o que já deveria ter ocorrido), mas todos nós
Allysson Mustafa
Salvador (BA)

Tradução:

A prisão de Temer não deve nos animar, pelo contrário. Primeiramente, porque ela não se inscreve, propriamente, como uma ação jurídica. Ela é fruto de uma ação política, da disputa entre a Lava Jato e o Supremo Tribunal Federal (STF) e de Sérgio Moro e Rodrigo Maia.

Segundo, porque é pirotécnica, para dar respaldo à Lava-Jato diante das justas e tardias contestações que passou a sofrer. Fortalecer a Lava-Jato é justificar todas as ações contra Lula. 

Terceiro, porque tira o foco do atropelo que já está sendo o trâmite da reforma da Previdência e do assassinato de que o cidadão brasileiro será vítima. 

Ação da Lava-Jato é apenas mais uma armadilha e a vítima não é quem foi para trás das grades (o que já deveria ter ocorrido), mas todos nós

Valter Campanato/Agência Brasil
Michel e Marcela Temer durante passagem da Faixa Presidencial para Jair Bolsonaro, em janeiro deste ano

Quarto, porque será assunto da mídia, que tentará silenciar os movimentos que ocorrerão amanhã Brasil afora, justamente contra a dita reforma. 

Quinto, porque se é possível prender um ex-presidente e um ex-ministro, como não é possível colher o depoimento de um simples mortal chamado Queiroz? 

Sexto, porque a proposta de contribuição dos militares para a reforma da Previdência, entregue na quarta-feira (20), é um tapa na cara do trabalhador brasileiro que perderá tudo. 

Sétimo, porque a atuação do presidente da República é desastrosa, lesiva e humilhante ao Brasil. Sua estada nos EUA, encerrada há poucos dias, já se inscreve como uma das mais desonrosas ações de um chefe de Estado no Brasil. 

E, para além disto, porque sua relação e de seus filhos/asseclas com as milícias do Rio de Janeiro e, possivelmente, com o assassinato de Marielle estão desnudadas. Obviamente, é preciso tirar o foco de tudo isto. E somente com algo de vulto, com um peixe grande. É apenas mais uma armadilha e a vítima não é quem foi para trás das grades (situação que já deveria ter ocorrido), mas somos nós. Nada a comemorar! Todos os olhos abertos!!! 

* é Coordenador Geral SINPRO-BA


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Allysson Mustafa

LEIA tAMBÉM

Peru-trabalhadores
Dia dos trabalhadores no Peru: em primeiro lugar, consciência e sentimento de classe
Ricardo Lombana - Gaby Carrizo (3)
Eleição no Panamá é neste domingo (5): quem são e o que propõem Ricardo Lombana e Gaby Carrizo
Venezuela
Análise: Venezuela responde ao bloqueio internacional com democracia participativa
Cubana Aviacion (1)
Sanções contra aviões de Cuba: extrema-direita internacional manda, Argentina obedece