Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, busca um segundo mandato, o interesse em votar cresce mais rápido nas grandes cidades dominadas pelos democratas do que nas áreas rurais conservadoras, segundo análise publicada hoje.
Se a tendência durar até o dia das eleições em 3 de novembro, seria uma mudança com relação às eleições de 2016 quando a participação nas zonas do interior superou a votação nas urbanas, o que ajudou Trump a ganhar a corrida pela Casa Branca.
Os resultados da sondagem a esse respeito, baseadas nas respostas de mais de 88 mil pessoas, sugerem que a “Onda Azul” – movimento de ativismo anti-Trump surgido desde sua entrada na presidência em 2017 – ainda se estende pelos centros de maior população da nação.
Inclusive quando o mandatário conta com um apoio sólido dos republicanos, o interesse dos eleitores de ir às urnas parece estar crescendo mais rápido entre aqueles que desaprovam a atual gestão que entre aqueles que a aprovam.
A vantagem no compromisso político urbano se estende profundamente nos estados de campo de batalha mais competitivos que Trump ganhou por margens muito pequenas há quatro anos, segundo mostram os dados levantados pela empresa Ipsos.
Nas grandes áreas urbanas do meio oeste superior, uma região que inclui os estados oscilantes de Michigan e Wisconsin, por exemplo, o número de pessoas que disseram estar “seguras” de votar nas próximas eleições presidenciais aumentou em 10% para 67%, em comparação a outras respostas dadas em 2015.
Nas comunidades menores do Meio Oeste superior, o número de pessoas dedicadas de maneira similar a votar aumentou só em torno de um ponto, até se colocar em 60% nesse mesmo período de quatro anos.
White House
Quando Trump chegar à cédula eleitoral em novembro haverá um interesse muito mais agudo em votar
De acordo com especialistas, o aumento no compromisso político urbano ajudou os democratas a obter vitórias políticas no ano passado, inclusive nas eleições de governadores em Kentucky e Louisiana, de tendência conservadora.
Também pode ter contribuído para níveis elevados de votação em algumas das comunidades mais povoadas e cidades universitárias em Iowa e New Hampshire, que celebraram seus concursos de nominação presidencial no início deste mês.
“Os democratas estão muito desgostosos”, disse Nicholas Valentino, um cientista político da universidade de Michigan, que revisou alguns dos dados da pesquisa. “Muitos estão vendo esta administração como uma ameaça existencial à ordem constitucional. Estão prontos a participar, para tratar de mudar o curso deste país”.
Sem dúvida, podem acontecer muitas coisas neste ano para transformar o interesse do público em votar.
“Os republicanos também estão entusiasmados” depois que a Câmara de Representantes, liderada pelo democratas, tentou destituir Trump, indicou Bryon Allen, diretor de pesquisa de WPA Intelligence, uma firma de consultoria política conservadora que trabalha com dúzias de candidatos republicanos ao Congresso.
Nas primárias republicanas de New Hampshire da semana passada, 151.011 pessoas se apresentaram para apoiar Trump apesar de não ter uma competição significativa.
Tal participação superou facilmente a quantidade que compareceu às primárias anteriores quando os ex-presidentes Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton tentaram a reeleição.
“Os democratas não podem assumir que se aumentam a participação nos subúrbios ganharão”, sublinhou Joe Lenski, cofundador da firma de pesquisas Edison Research.
“Trump pode aumentar a participação em pequenas cidades e em áreas rurais contra isso”.
Embora a votação tenha sido maior este ano nos concursos de nomeação presidencial democrata em Iowa e New Hampshire, os especialistas dizem que pelo menos parte disso se deve ao crescimento da população.
Michael McDonald, cientista político da Universidade da Flórida, considerou que muitos democratas também poderiam estar sentados nas primárias “porque não veem muita diferença entre os candidatos”.
Quando Trump chegar à cédula eleitoral em novembro, McDonald disse que “haverá um interesse muito mais agudo em votar”.
Para o dia das eleições, McDonald espera que até dois terços da população em idade de votar o faça, um nível recorde de participação em uma eleição presidencial dos Estados Unidos.
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Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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