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ONU classifica cúpula entre Rússia e EUA como positiva, mas analistas avaliam encontro com ceticismo: "Ações débeis"

Para o presidente russo, Vladimir Putin, o diálogo serviu para "as duas maiores potências nucleares reuniram-se para fazer que este mundo seja mais seguro"
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
Genebra

Tradução:

O secretário geral da ONU, António Guterres, acolheu, na quinta-feira, 17/6 com agrado a Declaração conjunta sobre estabilidade estratégica emitida pelos presidentes da Rússia e dos Estados Unidos depois de sua cúpula bilateral.

Em comunicado oficial, Guterres festejou a reafirmação de ambos líderes, os mandatários russo, Vladimir Putin, e estadunidense, Joe Biden, de aderir ao princípio de que uma guerra nuclear não se pode ganhar e nunca deve ser travada. Recebeu com satisfação a intenção de Moscou e Washington de estabelecer um diálogo sobre estabilidade estratégica bilateral integrado.

Guterres expressou sua esperança de que isto conduza a medidas concretas de controle de armamentos, inclusive novas reduções no tamanho das maiores armas do mundo e dos arsenais nucleares.

Na véspera, Putin e Biden reuniram-se no palácio vila La Grange, de Genebra, um encontro que ambos qualificaram como positivo. Segundo disse o presidente russo, não houve hostilidade durante o diálogo, embora “nossas avaliações divirjam em muitos pontos”. Mas, na minha opinião, acrescentou, ambas partes demostraram um desejo de entender-se e de buscar formas de aproximar suas posições.

Além de aprovar o regresso dos embaixadores de ambos países a seus respectivos postos, os chefes de Estado concordaram em iniciar consultas sobre cibersegurança e estabilidade estratégica; e “pode haver certos compromissos” sobre troca de prisioneiros, informou Putin.

Putin considera que a situação do mundo requeria a cúpula

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que basta observar a realidade do mundo atual para entender a importância da reunião mantida com Joe Biden em Genebra.
“Os líderes das duas maiores potências nucleares reuniram-se para fazer que este mundo seja mais seguro e mais confortável para todos nós, que vivemos no planeta”, disse Putin em conferência de imprensa depois de seu encontro com Biden.

Entre os resultados da reunião, o chefe de Estado citou a intenção de continuar trabalhando  conjuntamente para a renovação de convênios de estabilidade estratégica nuclear e para o enfrentamento dos ciberataques. “Tratamos com muito detalhe o tema, mas ficamos de continuar trabalhando na segurança cibernética e na estabilidade estratégica”, informou.

Putin lembrou que a Casa Branca não respondeu às propostas russas para a implementação de uma moratória ao lançamento de mísseis de curto e médio alcance na Europa e à retomada da cooperação no campo da segurança internacional de dados.

Nesse sentido, destacou a prorrogação recente do Tratado de Redução e Limitação de Armas Estratégicas Ofensivas (Start III), o único convênio que atualmente vincula Moscou e Washington na esfera do desarmamento nuclear.

Mencionou que em 2002 os Estados Unidos abandonaram o Tratado de Antimísseis Balísticos (ABM), em 2019 retiraram-se do Tratado sobre Eliminação de Mísseis de Curto e Médio Alcance (INF) e em 2020 deixaram o Tratado de Céus Abertos (TCA).

Como outra das conquistas do encontro, mencionou o breve regresso dos embaixadores da Rússia e dos Estados Unidos a seus respectivos postos de trabalho e o começo de ações para aliviar a crise diplomática bilateral, assuntos de que se encarregarão as respectivas autoridades de cada país.

O mandatário qualificou de produtiva e tranquila a reunião e destacou que ficou evidente uma busca de resultados concretos e para melhorar a confiança entre as partes.

Destacou que “não houve hostilidade, ao contrário, transcorreu de maneira positiva”, embora tenha reconhecido que são muitas as diferenças, mas “tentamos nos entender”, disse.

Sobre o futuro das negociações e a possibilidade de novas sanções por parte de Washington, Putin comentou que não tem ilusões.

“Não sabemos quais são as intenções políticas das elites estadunidenses, há forças contra as relações com a Rússia. É difícil prever o que acontecerá. Será preciso esperar”, disse Putin.

Para o presidente russo, Vladimir Putin, o diálogo serviu para "as duas maiores potências nucleares reuniram-se para fazer que este mundo seja mais seguro"

Kremelin
Sobre o futuro das negociações e a possibilidade de novas sanções por parte de Washington, Putin comentou que não tem ilusões.

O Kremlin considerou positiva a cúpula presidencial Rússia-EUA

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou hoje positiva a cúpula de Genebra entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo estadunidense, Joseph Biden, embora reconhecendo que as expectativas não eram muitas.

Peskov mencionou a adoção por ambos os mandatários de uma declaração conjunta no final da cúpula. “Sim, é um texto muito breve, mas ainda assim é uma declaração conjunta sobre a estabilidade estratégica”. Afirmou que o documento reconhece a responsabilidade especial dos dois países neste assunto, “não só diante de nossos povos, mas também, embora pareça grandiloquente, diante do mundo todo”, disse.

Segundo o político russo, o texto enfatiza que Moscou e Washington demostraram que “mesmo em períodos de tensão são capazes de obter progressos no cumprimento de objetivos comuns para garantir a previsibilidade no âmbito estratégico, diminuir os riscos de conflitos armados e a ameaça de uma guerra nuclear”.

O comunicado, de apenas três parágrafos, afirma que o recente prolongamento do Tratado Start III (de Redução e Limitação de Armas Estratégicas Ofensivas) é uma amostra do interesse dos dois países no controle das armas nucleares. “Hoje reafirmamos nosso apego ao princípio, segundo o qual, em uma guerra nuclear não há vencedores e que nunca deve ser travada”.

A declaração adverte que para alcançar tais objetivos, a Rússia e os Estados Unidos iniciarão proximamente um amplo intercâmbio bilateral sobre segurança estratégica, que será substantivo e enérgico. “Com este diálogo tentaremos estabelecer as bases do futuro controle de armamentos e das medidas para diminuição de riscos”, conclui a declaração.

Joe Biden elogia cúpula EUA-Rússia

O presidente estadunidense, Joe Biden, qualificou a reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, como positiva, e manifestou o propósito de melhorar os nexos bilaterais, em seu nível mais baixo em três décadas. “Devo dizer-lhes que o tom de todo o encontro, em um total de quatro horas, foi bom”, assegurou o chefe da Casa Branca em conferência de imprensa posterior à de Putin.

O governante estadunidense informou que transmitiu a seu homólogo russo que ambas as partes podem colaborar em “áreas de estabilidade estratégica, para conseguir uma relação estável e previsível”.

Estão dadas as circunstâncias para trabalharmos juntos e melhorarmos as relações, e onde temos diferenças, quero que o presidente Putin entenda porque e como responderemos às diferentes ações que prejudicam os interesses dos Estados Unidos.

Eu disse ao presidente Putin que minha agenda não está contra a Rússia ou qualquer pessoa, e sim a favor dos interesses do povo estadunidense, afirmou Biden.
“Onde temos diferenças, quero que o presidente Putin entenda porque faço o que faço e como responderemos às diferentes ações que prejudicam os interesses dos Estados Unidos, prosseguiu Biden.

Ex-funcionários e analistas refletiram hoje em meios de imprensa estadunidenses com uma alta dose de ceticismo, o impacto da cúpula Biden-Putin em Genebra.
Um dos ataques mais fortes a partir da opinião pública norte-americana foi o do ex-secretário de Estado Mike Pompeo, que qualificou como um sinal evidente de debilidade o fato de Biden não se apresentar em conferência de imprensa conjunta com Putin.

Vários republicanos conservadores da Câmara de Representantes publicaram um memorando, revelado pela cadeia Fox News nesta quarta-feira, antes da cúpula, no qual criticaram o que, segundo eles, é um jogo de “palavras duras, mas ações débeis”.

Nações Unidas, Genebra e Moscou – Prensa Latina

Tradução de Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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