Três semanas após sua chegada ao porto de Lárnaca, em Chipre, finalmente o navio da ONG espanhola Open Arms conseguiu zarpar. A organização está realizando uma missão conjunta com o World Central Kitchen, do chef espanhol radicado nos Estados Unidos, José Andrés, com o objetivo de abrir um corredor humanitário para socorrer a população da Faixa de Gaza.
A embarcação leva cerca de 200 toneladas de comida e água destinadas a atender às necessidades imediatas da população palestina, que está resistindo em Gaza diante dos ataques do exército de Israel.
A Open Arms é uma organização civil que, desde 2015, utiliza seus escassos recursos para resgatar no mar os migrantes vindos da África, que em pequenas embarcações de madeira tentam chegar a algum ponto da Europa, principalmente os mais próximos, como as Ilhas Canárias, Cádiz ou Málaga, na Espanha, ou Lampedusa, na Itália.
⛴️ Así zarpaba esta mañana desde el puerto de Lárnaca ??la misión conjunta #OpenArms y @WCKitchen rumbo a #Gaza, cargada con 200 toneladas de comida.
?️Arrancaba así este corredor humanitario marítimo a la Franja, en una misión de alta complejidad. Confiamos en que este paso… pic.twitter.com/ztx1mWaO4n
— Open Arms (@openarms_fund) March 12, 2024
A Open Arms surgiu após mais de 600 migrantes se afogarem nas costas italianas em 2013, sem que as autoridades do país e do restante da União Europeia mobilizassem seus meios marítimos para tentar resgatá-los.
Desta vez, a Open Arms decidiu agir em relação a outro drama mundial que está ocorrendo em terra firme: o ataque à população civil de Gaza. Assim, junto com o World Central Kitchen, eles reuniram mais de 200 toneladas de comida e água para transportar até a área de conflito.
As ONGs explicaram que seu objetivo é abrir um corredor humanitário marítimo para Gaza, uma nova rota que permita a entrada contínua de alimentos e itens essenciais. É uma operação de alta complexidade que aliviaria a grave crise enfrentada pela população civil palestina, que em muitas áreas ainda não está recebendo comida nem água.
Lei de Anistia
Após várias semanas de tensas negociações, o governo espanhol, presidido pelo socialista Pedro Sánchez, selou um pacto com as formações independentistas catalãs – Juntos pela Catalunha (JxCat) e Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) – para a aprovação de uma lei geral de anistia. Com essa medida, aspiram a exonerar os líderes e militantes separatistas que enfrentam processos penais decorrentes do processo de secessão fracassado de outubro de 2017.
O acordo garante ao governo uma maioria parlamentar no Congresso dos Deputados, na qual a atual legislatura, iniciada em julho passado, depende para sua continuidade pelos próximos quatro anos. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a coalizão de esquerdas Movimento Sumar, que compõem o executivo espanhol, cederam às exigências de JxCat, o único partido que mostrou preocupação com o texto anterior da lei de anistia, que foi rejeitado no Congresso dos Deputados na sessão de 30 de janeiro.
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O líder de JxCat, o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, exigiu da Bélgica, onde está exilado, que o texto incluísse garantias para beneficiar os processados pelos crimes de terrorismo, alta traição e malversação de recursos públicos. À espera de conhecer o texto definitivo, que será publicado hoje, as forças parlamentares do governo teriam cedido nestes pontos especialmente sensíveis, sobretudo devido à sua validação pelo Tribunal Constitucional e pela justiça da União Europeia.
O texto será apresentado hoje no Congresso dos Deputados e, se não houver mudanças de última hora, será aprovado antes de ser encaminhado ao Senado para debate e votação. Uma vez superado o processo legislativo, o governo será responsável por publicá-lo no Boletim Oficial do Estado, o que significará sua entrada em vigor e, portanto, o direito à anistia de centenas de independentistas.
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