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ToggleVermelhos versus verdeamarelos. Novamente a insurgência popular se impôs diante da iniquidade do poder corrompido até a medula. Neste fatídico 7 de setembro, as ruas da velha e desvairada paulicéia viraram tabuleiro do xadrez da eleição 2022. Como sempre, o mulo blefou e não apareceu meganha nenhum para se meter com a esquerda mobilizada. Covardes uniformizados.
Os apoiadores fiéis do presidente promoveram o evento gigante na Paulista. A secretaria de Segurança Pública estimou que mais de 125 mil participantes estiveram no local, onde predominou a pauta antidemocrática, com pedidos de intervenção militar. No discurso de 18 minutos, Bolsonaro repetiu, sem evidências, que as urnas eletrônicas não são seguras.
Subo a rua Augusta a passos largos, depois de me entorpecer com a fraterna alegria da esquerda popular, dona do Anhangabaú/Bocas do Lixo e Luxo. Sigo para ver a escória direitista dona da Avenida Paulista. No meio da profusão de songa-mongas verde-amarelas no começo da rua Martins Fontes, faltava só o bico do papagaio para os entusiasmados membros do cordão de sangue-sugas da nação que se acham patriotas.
A cena bizarra é cortada por um “às no volante” à bordo de sua moto d’entrega. O gaiato — mochilão às costas carregando os pecados do mundo — chegou gritando, pernas e braços abertos: “Chupa, Lula!” — olhos arregalados, vermelhos de demência. Dizem que Deus protege crianças e imbecis. Deve ser esta a razão de o abobado não se espatifar na traseira do caminhão de cerveja. Ele ainda cruzou a Augusta aplaudido pela legião de oportunistas e cordeiros de deus ou do diabo.
Garrafa de vidro na mão, um velhote vestido de preto roncou grosso ofendendo o presidente Cavalgadura e seu cordão de puxa-sacos. A massa calou na hora — deixando a plateia com cara de tacho — para não dizer outra coisa.
Veja como foram os atos em São Paulo:
Avant Première 2022
Enquanto isso, na cobertura do sexto e último andar do predinho da Rua Augusta, um casal sorridente e duas filhas adolescentes se divertiam com a papagaiada verde-amarelo de idiotas, digo, passantes. Todos vestidos como palhaços bicolores. Diante de mim, na calçada (sentido centro), surge uma ameba, de meia-idade de olhos vidrados. Classe média alta (pelo vestuário) lata de cerveja importada, dupla, à mão.
A figura se volta para a varanda da família — entende a sátira — e dá um sorriso bestial, alcoolizado. Nesse momento o gajo ficou de costas para mim. Ergui o indicador e o mindinho (símbolo de corno). Lá de cima, o atento pai vê a cena do alto e mostra à família, que racha o bico. A vítima não entendeu picas.
Após revelação de ex-funcionário de que Cristina, ex-esposa de Bolsonaro, o teria traído, insinuações sobre infidelidade conjugal se tornaram piadas constantes na internet | Foto: Amaro Augusto Dornelles
A bufa comédia de 7 de setembro 2021 é só “avant première” do que nos espera em 2022. Brontossauro editou decreto-lei que deixa bandido mentir “à la vontè” na web até a eleição, pelo menos! Da próxima vez, vão querer liberação de fuzilamento em massa para deter a subida da inflação. Eles acreditam em tudo, se pagarem bem, astrológico.
Anhangabaú privatizado
Nem o inferno é o limite do regime descerebrado regido pelo baixo clero do Congresso Nacional. A Prefeitura de Sampa — um dia ela já foi desvairada, hoje é alucinada — torrou R$ 105,6 milhões para reformar o Vale do Anhangabaú. Com o choque de administração tucana Dória/Covas foi gasto 1/3 a mais do que o previsto.
Gastaram os tubos e ficou quase tudo igual. E agora, quem advinha? Vão privatizar o vale, eba! A tucanalha não dá ponto sem nó: vai ver isso vai fazer parte da campanha de Doria para a presidência do Brasil!

Mídia Ninja
De acordo com organizadores, ato no Anhangabaú reuniu 50 mil pessoas; Secretaria de Segurança Pública fala em 15 mil
Bolsodoria
De volta à civilizada festa popular da resistência ao obscurantismo, o Interessante é que a manifestação de repúdio da esquerda se espraiou por todo o centro velho.
As Bocas, Luxo e Lixo, pululavam de gente como poucas vezes se viu nos últimos anos. Quase todos sorrindo, fazendo coro a Chico Buarque, Taiguara e Gonzaguinha. Populares, engomadinhos, bêbados, intelectuais, liberdade de cantar e de sorrir por acreditar fortemente em uma causa: fora, maldito Bolsonaro!A esperança dos vermelhos contrasta com o ódio dos canarinhos | Foto: Amaro Augusto Dornelles
“Não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe”, aprendi em casa. La em Porto Alegre, em agosto, a população foi para rua, onde ouvi cantarem (e gravei): “Somos todos Colorados, nada vai nos separar, somos todos Antifascistas, Bolsonaro eu vou matar” — acompanhados com solo de clarinete, uhuu! Tinha muito gremista (como eu) cantando junto com nossos companheiros láa em Porto Alegre.
A propósito, vale registrar que não havia policial algum no local, assim como nada de serviço médico ou banheiro químico. Se por uma fatalidade alguma senhora de idade — ou seu marido — tivesse um ataque no meio daquela esquerda toda na rua, morria ali mesmo, como bicho. Não tinha socorro, nem nada.
100 Axé/Sertanejo
O fato mais relevante desta tarde amarela demais para o meu gosto foi a repulsa visceral de quem se expôs à peste e não ficou aboletado em casa vendo tudo pela web ou telas afins.
A profusão de faixas, placas, camisetas, músicas formavam um painel multifacetado expressando a ebulição da ojeriza ao monstruoso inimigo da razão.
Na medida em que a avenida Paulista vai se dispersando, o vexame dos patriotas de direita nacionalistas vai se tornando mais bizarro, esteja o cara a pé, falando alto e ocupando quase todo o espaço — ou buzinando carrões importados. E ainda obrigam transeuntes a escutar seus versos de cornos apaixonados.
22 é logo aqui
Bolsonaro chegou ao poder pelo voto de idiotas, oportunistas e incrédulos seres, que confiam em “Pirâmides Religiosas” neo pentecostais — como a Universal do Reino dos Quintos do Inferno — para fugir da miséria.
Surpreendente foi não ter acontecido crime, conflito armado ou simplesmente porrada neste maldito 7 de setembro. O simplório capitão degenerado crê tudo poder com o apoio dos EUA. Ainda mais depois de receber no Palácio o meliante Jason Miller — ex-assessor de Trump — na sexta.
Oficialmente, Miller veio divulgar a Gettr, sua rede social. Mas 22 já chegou: a ordem é tomar a web de novo. Vem também para manipular a Conferência de Ação Política Conservadora (Cpac). Vão debater a invasão do Congresso Nacional, como fizeram na matriz Washington. Os primeiros a abandonar a nau são os ratos da direita que baba na gravata.
No Alvorada, Bolsonaro e Eduardo — um dos filhos excepcionais — e o sorridente agente Miller conversaram sobre liberdade de expressão, conjuntura americana e a viagem do Mulo aos EUA, em setembro, para participar da Assembleia-Geral da ONU. “Eduarrrdinho” é militante da irracional tese segundo a qual Trump venceu a eleição. É genético: consegue superar até o genitor.
Céu Azul dos “bem nascidos”
Mão na carteira: nada parece tão importante quanto o fato de que, ao cruzar a Avenida Paulista, o transeunte que sobe pela Augusta se vê no primeiro mundo.
De uma quadra para outra, a começar pela flamante viatura da PM, nova em folha, com seus meganhas armados até os dentes: experimente se meter com o Kapital.
Manifestantes têm consciência de que retirar Bolsonaro do poder é resolver só uma parte do problema. Mourão é miliar e faz parte do acordão | Foto: Amaro Augusto Dornelles
O farfalhar das centenárias árvores da Avenida Paulista parecem ser incapazes de resistir muito tempo ao voo de helicópteros — último tipo — que cruzam o patriótico céu azul dos bem nascidos.
No Conjunto Nacional, os serviços que o topo da pirâmide tanto aprecia estão todos abertos, à disposição, no boleto ou no cartão, entrega domiciliar — delíveri é a ponte que se partiu!
Iniquidade & desprezo pelo público
As fotos mostram porquê. Reduto da mais requintada elite de apreciadores da boa mesa, ali famílias gastam PIBs de grandes municípios do país, em caudalosos regabofes, regados a vinhos e espumantes dignos do STF. Acho que por hora é isso. Estou muito indignado para continuar a escrever diante de tanta iniquidade e desprezo por tudo o que seja público.
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