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Operação Condor no estilo de Jimmy Morales

Ilka Oliva Corado

Tradução:

Ilka Oliva Corado*

Guatemalan new President Jimmy Morales dEste governo de lacaios insolentes acredita que todos os guatemaltecos somos analfabetas políticos e que carecemos de memória histórica, identidade e dignidade. Espere um pouco! Não vamos permitir que faltem com o respeito dessa forma. Aqueles que votaram pela continuidade do sistema, veremos si se atrevem a responsabilizar-se pelas consequências desse voto, veremos se assim como roncam, dormem. É hora de que todos deveriam estar nas ruas buscando reformar por completo o Estado.

Promover a amnésia coletiva é um dos objetivos básicos de Jimmy Morales, e para isso tem o apoio do sistema e dos meios de comunicação acostumados à falsidade. Operação Condor, o só mencionar o nome traz amargas lembranças ao continente inteiro: ditaduras, torturas, assassinatos, violações dos direitos humanos, desaparecimentos forçados, violações sexuais, genocídio.
Operação Condor, Plano de Operações Sofia (na Guatemala), Plano Condor há 40 anos dessa perversidade da oligarquia latino-americana e de Estados Unidos, vem o flamejante governo de Jimmy Morales e nomeia uma verdadeira caçada a jovens da periferia de Plano Condor. A uma evidente limpeza social, com essa sanha própria da classe media, da burguesia e oligarquia guatemaltecas que chama de zonas vermelhas às áreas marginadas e chama de gangues criminosas os bandos de jovens. Quem são os verdadeiros criminosos na Guatemala e a que classe pertencem?
Chamar Operação Condor a uma rendada de limpeza social em zonas marginalizadas é uma burla à Memória Histórica e à dor de milhares de famílias. E também é uma mensagem contundente que diz com clareza que este governo não tem a menor intenção de trabalhar para a reconstrução do tecido social e em abrir processo contra os culpados do genocídio e crimes de lesa humanidade durante o período de Conflito Armado Interno.
Essa bomba que explodiu no ônibus em San José Pinula, sabemos muito bem que é coisa do terrorismo de Estado. Não pretendam que todos os guatemaltecos reagiremos como hordas e aceitamos suas manobras que visam atemorizar a população para que não seja capaz de reagir e questionar o embuste neoliberal com que governam.
Pretendem que com o nome de Operação Condor a população juvenil (que é a maioria no país) grave na memória essas redadas realizadas para limpeza social nas periferias da cidade capital, e assim se esqueçam ou nunca se inteirem da verdadeira Operação Condor  que sangrou o continente e do Plano de Operações Sofia, que ainda tem Guatemala sofrendo os vestígios do genocídio. É isso que eles querem: que essa juventude e que essa infância não tenham memória histórica, nem identidade, e que neguem o genocídio. E que em troca se indisponha contra a infância marginalizada a quem o Estado nega toda oportunidade de ter um desenvolvimento integral que não a obrigue a delinquir; se é que sobreviva à fome, à miséria e a violência institucionalizada.
O que tudo isso tem a ver com a pena de morte? Com a negação da Lei da Juventude e equidade de gênero? Com o negar uma lei que respeite os povos indígenas? Guatemala já teve aproveitadores e traidores suficientes. Guatemala merece um governo de gente honesta, que deseje conduzir o país pra frente distanciando-se de políticas neoliberais e de extração mineral. Guatemala necessita um governo de gente honesta que busque fazer justiça e que acabe com a impunidade de todo o sistema.
Guatemala necessita de seres humanos íntegros no governo, com consciência social, com senso de equidade, que comam, bebam, sonhem pátria. Porém, isso não será possível se nós como sociedades continuarmos a permitir que nos humilhem, que nos digam como temos que pensar e atuar. Que não continuem a nos intimidar com a violência institucionalizada. Guatemala não mudará nunca e continuarão arribando lacaios como Jimmy Morales que de cadeira do poder continuarão a dessangrar a este país tão belo e maculando sua dignidade.
A mudança é pra hoje. Devemos nos despertar, e levantar em rebelião. Que mais estamos esperando? Já não nos fizeram de tudo? Que mais falta para que haja uma revolução do povo que transforme a Guatemala? Deixemos de uma vez por todas esse classismo, o racismo, a indolência e essa bizarrice própria dos guatemaltecos. Armemo-nos de valor e irmanemo-nos pelo bem de todos, pelo bem das crianças que estão florescendo, elas não merecem um país como o que nós temos hoje. Para que no futuro não venha nenhum lacaio tentar mudar-lhes a história como ocorreu conosco com a Operação Condor no estilo Jimmy Morales.
 
*Colaboradora de Diálogos do Sul, de território de Estados Unidos.
 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ilka Oliva Corado Nasceu em Comapa, Jutiapa, Guatemala. É imigrante indocumentada em Chicago com mestrado em discriminação e racismo, é escritora e poetisa

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