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Foto: Montagem

Oscar e Palestina: ato de Jonathan Glazer é antídoto contra banalização do genocídio

“A desumanização leva ao pior”, afirmou o diretor inglês e judeu neste domingo (10) ao receber o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por "Zona de Interesse"
George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

A tão aguardada cerimônia do Oscar 2024, que aconteceu neste domingo (10), em Los Angeles, foi surpreendida por diversas manifestações de apelo por cessar-fogo em Gaza.

Contudo, o momento mais impactante surgiu com Jonathan Glazer, diretor inglês e judeu vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro por “Zona de Interesse“. Sua produção, que explora a vida de uma família nazista próxima a Auschwitz, reflete sobre as consequências da desumanização dos judeus e da banalização do mal. 

Ao receber a estatueta, Glazer corajosamente usou sua experiência com o assunto para traçar um paralelo com o que vem acontecendo na faixa de gaza, e confrontou a ocupação que, segundo ele, sequestrou o Holocausto, levando à desumanização de tantas vítimas em Israel e Gaza. Eis a declaração que provocou uma salva de palmas:

“Todas as nossas escolhas foram feitas para refletir e nos confrontar no presente. Não para dizer ‘olhe o que fizeram na época’, mas para olhar o que fazemos agora. Nosso filme mostra como a desumanização leva ao pior.

Neste momento, estamos aqui como homens que refutam seu judaísmo e o Holocausto que foi sequestrado por uma ocupação que levou tantas pessoas inocentes para um conflito. As vítimas do 7 de Outubro em Israel e do ataque em curso em Gaza são vítimas da desumanização. Como podemos resistir?”.

Mais manifestações

Nas proximidades do Dolby Theater, onde ocorreu a entrega do Oscar Houve, também houve atos pró-Palestina:

Já no tapete vermelho, palco de brilho e glamour, Billie Eilish e Finneas O’Connell ostentaram um broche vermelho em protesto por cessar-fogo, enquanto Mark Ruffalo, Ramy Youssef, e Ava DuVernay, do filme “Pobres Criaturas”, uniram-se ao coro pelo fim imediato ao massacre em curso contra os palestinos.

Censura em Hollywood

O medo de represálias, a pressão da indústria e a preocupação com a imagem pessoal muitas vezes silenciam personalidades que poderiam usar suas plataformas para promover mudanças significativas na sociedade.

Leia também: Silêncio: é proibido defender a Palestina em Hollywood

Poucas vozes ousam se levantar contra injustiças como o genocídio em Gaza, enfrentando uma batalha árdua contra um sistema que favorece o status quo, perpetua a cegueira moral e banaliza o sofrimento humano em nome do entretenimento e do lucro. Aqueles que o fazem são frequentemente calados, marginalizados ou até mesmo jogados no esquecimento.

Entre essas vozes corajosas e alvos de represálias destacam-se as atrizes Hunter Schafer, de Euforia, e Melissa Barrera, da franquia Pânico: Schafer foi presa em um protesto que exigia cessar-fogo, enquanto Barrera foi demitida da produção de Pânico 7.

Edição: Guilherme Ribeiro


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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