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Ouro banhado em sangue

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Ronnie Huete S.*

mineiros hondurasNovamente em Honduras viola-se o direito a viver, a trabalhar dignamente e a desfrutar de uma qualidade de vida. Novamente, nesta nação centro-americana se observa a desídia das autoridades para constatar as condições de trabalho de um operário, numa nação em que as crianças trabalham arduamente.

A maldição das terras latino-americanas reside em suas riquezas. 500 anos de extração de ouro e outros minerais de grande valor pelos antigos impérios colonizadores continua em seu máximo apogeu.

Este país centro-americano comprova que o apreciado metal do ouro ainda vale mais que a vida de um ser humano, ao ponto do sangue provocado pelas feridas ao extrair esse mineral misturar-se ao ouro.

12 dólares diários (250 lempiras), é o custo de trabalhar em enormes crateras que conduzem a um universo de terra, pedras e uma profundeza escura tão funda como a ambição do homem por saquear até o último metal valioso em Honduras.

As ordens dos sócios ou “donos do ouro” na comunidade de San Juan Arriba, El Corpus, situada no departamento de Choluteca ao sul de Honduras, são claras: extrair o ouro a qualquer custo, sem importar as condições de escravos em que trabalham seus mineiros, arriscando sua única posse, a vida.

Suspendem ajuda

mineiros honduras1Não há dúvida que é uma tortura em sua máxima expressão, na era da tecnologia, o que estão sofrendo os mineiros: Olvin Omar Anduray (19), José Florentino Anduray (25), Wilmer Ramírez (22), Emilio Muñoz (42), Santos López (40), Óscar Fúnez (18), Geovany Cárcamo (17) y Arony Zepeda (23), cujos corpos se encontram presos no fundo de uma mina de ouro desde o passado dia 2 de julho de 2014.

Os três jovens sobreviventes que foram resgatados pela equipe de socorro narram o terror que lhes embarga e dizem que pensaram que nunca mais na vida iriam respirar. Enquanto isso se desconhece se os outros oito mineiros ainda se encontram vivos.

Para sua desgraça, a equipe de socorro manifestou que iria suspender as buscas, pois argumentam que não existe a mais remota possibilidade de encontrar esses jovens mineiros com vida. No entanto, os moradores da comunidade, familiares e demais companheiros de trabalho na mina, asseguraram que não vão abandonar os mineiros soterrados até que sejam encontrados vivos ou mortos.

No que se refere a resgate de mineiros soterrados, o Chile tem uma ampla experiência, pois a tecnologia que possui essa nação sul-americana e as relações com nações amigas como a China, permitiram que fossem realizadas buscas quase impensáveis para encontrar ainda com vida, mas os resultados foram benéficos.

Incompetência

hondurasacidenteminareutersChile se propôs a ajudar Honduras, mas não houve uma resposta clara por parte dos responsáveis pelas relações internacionais do Estado. Mas essa negativa foi contestada pelas pessoas próximas aos mineiros soterrados, uma vez que decidiram prosseguir com o resgate até encontrar seus corpos.

O amor à vida, a nobreza, a humildade e o amor ao próximo são os sentimentos de força que tentam resgatar a vida dos mineiros, abandonados por aqueles que governam, mas resgatados por seus irmãos de sofrimento.

É impossível pensar que uma pessoa que sempre teve todas as comodidades da vida se solidarize com este heróico grupo de mineiros que para trabalhar honestamente aceitaram ser explorados como escravos modernos, sem o equipamento adequado para manter-se com saúde ou até preservar a vida enquanto extraiam o ouro.

Este apreciado metal seguramente iria adornar alguma jóia no dedo de uma poderosa nacional ou estrangeira, que presta tributo ao grande sistema corporativo mundial que assassina os seres humanos que realmente sustentam suas comodidades.

Sem fronteiras

mineros-4Novamente, em Honduras se viola o direito a viver, a trabalhar dignamente e a desfrutar uma qualidade de vida. Novamente, nesta nação se observa a desídia das autoridades em constatar as condições de trabalho de um operário.

Através deste meio de comunicação faço um apelo à solidariedade internacional, agrupada em organismos que defendem a vida, como estabelece a Carta Universal dos Direitos Humanos.

A vida dos 11 mineiros não pode ser desprezada pelas demais nações irmãs do mundo, como o fizeram aqueles que governam o Estado falido de Honduras. Por tal motivo é urgente que una nação irmã coordene ações em conjunto com os trabalhadores mineiros que estão procurando seus companheiros, assim como com seus familiares que, arriscando sua vida, empreenderam a busca dos 8 mineiros que ainda estão soterrados na mina de Corpus.

É aqui que verdadeiramente há que exigir o direito a viver, mesmo em meio ao canibalismo humano dirigido pelo capital econômico atual.

Pela solidariedade de nossos irmãos mineiros. Todos somos humanos, destruamos as fronteiras impostas pelo capital

Ronnie Huete S.- Jornalista – Correspondente voluntário da revista Caros Amigos editada em São Paulo (Brasil) para a América Central, da agência informativa latino-americana Prensa Latina, Kaosenlared, do portal http://desacato.info, editado em Florianópolis (Brasil) e de hondudiario.com.

 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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