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“Pai, me perdoe…"

Rodolfo José Bernat

Tradução:

Rodolfo José Bernat*

Rodolfo José BernatO titular da notícia não deixa lugar a dúvidas: “A JUSTIÇA PEDIU AOS ESTADOS UNIDOS INFORMAÇÃO SOBRE LAZARO BAEZ”, E como desde o governo, há muitos anos, se nos vem repetindo que “O Clarín mente” e eu estava lendo o Clarín, me pus a revisar meios oficiais nossos e ver canais como Telesur e RT, para convencer-me de que pelo menos dessa vez o Clarín não mentia.

O pedido inclui também seu filho Martín, Federico Elaskar, “Leo” Fariña, Carlos Molinari, Roberto Eurasalinsky, Fabián Rossi, Daniel Pérez Gadin, Daniel Bryn e Mario Acevedo Fernández. A informação indica que quem fez esse pedido à justiça norte-americana foi o Juiz Federal Sebastián Casanello.

Cartum de Vitor Teixeira.. Cartum de Vitor Teixeira..

O jornalista Marcelo Bonelli, em uma nota publicada pelo diário “Clarín” em 14 de novembr, que intitulou “UMA MISSÃO DOS ESTADOS UNIDOS VEI VER O QUE ACONTECE NO PAÍS” e continua: “uma missão que tem o caráter de secreta, chegou a Buenos Aires com a ordem de elaborar um relatório para a Casa Branca sobre o que está acontecendo na Argentina. Funcionários do Governo –discretamente- fizeram contato e mantiveram encontros com os delegados estadunidenses, e os emissários também se contataram com referentes de Scioli, Massa e Macri. Também foram realizadas reuniões com dirigentes de multinacionais, economistas privados e com as principais empresas de pesquisas do país.
Clarín confirmou que Bruce Friedman e Benjamín Geda, iniciaram na segunda-feira, dia 10 a missão e já estão regressando a Washington com o rascunho de um “paper” confidencial, sobre a situação política e econômica do país.
Ambos são os encarregados de acompanhar o “caso argentino”, na Direção de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado. Friedman é especialista em Argentina e ocupa a subdireção do Departamento do Cone Sul e Brasil, enquanto que Geda monitora exclusivamente “o governo de Cristina”. Ambos recolheram dos entrevistados “queixas” por decisões da Casa Rosada, como a de intrometer-se nos contrato privados das empresas, como contra a política policial que o governo está usando para controlar a economia.
Também levam informação muito valioso sobre a entrega das petroleiras y das telecomunicações a empresas estrangeiras por parte do governo em sua “desesperada” busca de dólares. O atual responsável pela Embaixada dos Estados Unidos no país, Kevin Sullivan, foi o encarregado de coordenar os encontros secretos. Informes confidenciais, revelaram que os apontamentos do relatório incluem as seguinte conclusões: Os Estados Unidos consideram que não tem sentido fazer qualquer esforço para melhorar as relações com o atual governo. Trabalhar para restabelecer relações só depois que se estabelecer um novo governo. A situação macroeconômica da Argentina enfrenta fortes desequilíbrios. Existe um marcado giro chavista no discurso do governo e como parte dessa estratégia poder-se-ia retirar a embaixadora Cecilia Naón dos Estados Unidos. As denúncias de corrupção envolvem grande quantidade de funcionários, inclusive a própria presidente Cristina Fernández Vda. de Kirchner. A presidente pretende trasladar os desajustes econômicos ao próximo governo. Como são necessários fundos frescos que financiem o desequilíbrio até dezembro de 2015, Kicillof quer negociar em janeiro e pagar os fundos abutres. A ofensiva contra as multinacionais norte-americanas formam parte do relato oficial para encobrir as concessões aos fundos abutres. O Governo Nacional transferiu o poder do Estado às petroleiras. As graves decisões foram tomadas por Cristina Fernández Vda. de Kirchner, para fazer “caixa” até arranjar com os fundos abutre. O próprio Kicillof confiou a Scioli e Randazo: “EM JANEIRO VAMOS COMBINAR COM OS HOLDOUTS.” Enfim todo um tema, sobretudo se consideramos que faltam só 45 dias para entrar em Janeiro de 2015.
Um capítulo à parte é a forma como diariamente vão sendo cerceados os direitos individuais e coletivos dos cidadãos e como se desatou a “caça às bruxas” sobre o jornalismo “não” oficial. Já não apenas lhes é negada a “pauta oficial” que lhes corresponde por lei, mas agora também se “joga” a justiça contra eles. Por que p juiz federal sub-rogante de Bahía Blanca, Dr. Santiago Ulpiano Martinez, decidiu processar o jornalista Germán Sasso, responsável pelo diário digital “La Brújula 24” daquela localidade? E se trata de explicar ridiculamente alegando que o referido meio jornalístico deu a conhecer um áudio onde fica demonstrada a inter-relação de funcionários judiciais com o narcotráfico. Desatado o escândalo com a divulgação do áudio, o juiz ordenou uma revista sequestrando computadores, arquivos, pen drives, CD e quantos materiais quiseram no melhor estilo nazi-fascista. Sasso que já imaginava que isso poderia acontecer fez várias cópias da documentação que prova o ilícito colocando-a “em local seguro”. Isso parece que “contrariou” ainda mais o Juiz Martinez e a quando Sasso se negou a revelar a fonte, amparando-se em preceitos constitucionais, decidiu processá-lo, convertendo o acusados em vítima. Sem palavras, imagino que haverá um júri que analise a conduta desse juiz. Em seguida a transcrição do áudio: Atores Juan Suris e um narcotraficante anônimo: “Veja no dois se está o Castaño que é amigo pessoal meu. Se está De La Cruz. Veja com quem declarar, lembre do nome. Veja se está Ramón Luaisa Você se lembra do gordo Luaisa? O de bigodes” diz o anônimo a Suris e continua: “Eu com os federais tenho amizade com todos agora, estive algemado, mas depois todos me localizam na rua, todos me abraçaram e todos me disseram “foi uma honra ter você entre nós”, assim que está tudo bem. Com Castaño estive trabalhando até 2010 e estou falando de ANTONIO CASTAÑO, FISCAL FEDERAL. Você não tem por casualidade, mas em qualquer momento pode ser agarrado pelo sub-rogante, por isso digo que é bom”.
É evidente que na Argentina hoje estamos na “contramão da história” e das necessidades do nosso povo, cansados deste trágico circo, onde com total impunidade se desenvolve nosso triste presente.
O deputado nacional K Andrés “Cuervo” Larroque, líder de “La Cámpora”, defendeu na quinta-feira passada no recinto da Câmara de Deputados um projeto de lei de sua autoria que declara 7 de outubro “Dia da Identidade Villera” …?, em homenagem ao Padre Carlos Mugica. O projeto que foi rechaçado por importantes setores da sociedade foi qualificado de “cínico” “perverso”. Não assombra o fato repetido em que os K tratam de apoderar-se da vida e obra de pessoas que deixaram profunda marca em nossa história. É possível que o “Cuervo” não tenha sido bem assessorado sobre quem foi e o que significou o Padre Carlos Mugica, senão vejamos.
Carlos Mugica, sacerdote argentino, vinculado ao Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo, provem que uma família da alta sociedade argentina. Seu pai, Adolfo Mugica, foi o fundador do Partido Conservador, pelo qual foi Deputado Nacional no período 1938-1942 e ministro de Relações Exteriores, na presidência do Dr. Arturo Frondizi, em 1961. Sua mãe foi Carmen Echague, descendente de latifundiários muito ricos de Buenos Aires e do casamento com Mugica teve 8 filhos.
Carlos Mugica, fez seus estudos secundários no Colégio Nacional Buenos Aires onde se formou em 1948. Entrou na Faculdade de Direito com a intenção de fazer carreira como advogado, mas sua vocação era outra e aos 21 anos abandonou a faculdade para entrar no Seminário Metropolitano de Buenos Aires, e seguir a carreira sacerdotal. Foi assessor espiritual da Juventude de Estudantes Católicos (JEC) e da Universidade Católica Argentina (UCA). A partir da Paróquia de Santa Rosa de Lima, começou a trabalhar na assistência às famílias pobres. Identificou-se com o peronismo e com algumas das ideias e pensamentos de Che Guevara, Camilo Torres Restrepo e monsenhor Helder Cámara, aos quais Mugica “batizara” de “Profetas de nosso tempo”.
Em plena ditadura militar e estando no poder o último general que encabeçara a “Revolução Argentina”, Alejandro Agustín Lanusse, o Padre Carlos Mugica tornava pública sua maneira de pensar desde o púlpito: “NADA NEM NINGUÉM ME IMPEDIRÁ DE SERVIR A JESUS CRISTO E À SUA IGREJA, LUTANDO JUNTO AOS POBRES POR SUA LIBERTAÇÃO. SE O SENHOR ME CONCEDER O PRIVILÉGIO, QUE NÃO MEREÇA, DE PERDER A VIDA NESTA EMPRESA, ESTOU À SUA DISPOSIÇÃO”,
Como se pode apreciar em suas próprias palavras o objetivo de Mugica foi a libertação e a dignificação dos pobres, enquanto que a política dos governos K, foi aprofundar a dependência e aniquilar a dignidade daqueles que só pretendiam trabalho digno e presença real do Estado, para sair da Villa. O Padre Carlos Mugica foi um permanente lutador pela dignidade dos pobres e crítico permanente da pobreza. Nunca aceitou a desídia do Estado, diante da proliferação das que foram denominadas depreciativamente “Villas Miseria” onde se dá exatamente o contrário do que está estabelecido nos “DIREITOS”, estatuídos na Constituição Nacional Argentina. Os mal chamados “Assentamentos” converteram-se em depósitos de pessoas, carente de tudo que qualquer ser humano necessita para realizar-se como pessoa.
Senhor Larroque, se o senhor quer de verdade prestar uma homenagem ao Padre Carlos Mugica, apresente um projeto de Lei na Câmara de Deputados, à qual pertence e onde ganha seu salário mensal, 30 ou 40 vezes maior que um abono social ou uma aposentadoria mínima. Tem tudo a seu favor, tanto Deputados como Senadores da Frente para a Vitória que o senhor integra são maioria em ambas as câmaras, e por isso em poucas semanas seria aprovado, sem oposição. Para finalizar, deixo ao senhor e seus companheiros de “La Cámpora” e da Frente para a Vitória uma das orações de autoria do Padre Carlos Mugica: “SENHOR, PERDOE-ME POR TER-ME ACUSTUMADO/ A VER QUE AS CRIANÇAS PAREÇAM TER 8 ANOS E TENHAM 13. – SENHOR PERDOE-ME PARA TER-ME ACOSTUMADO A PISAR O BARRO/ EU POSSO IR EMBORA, ELES NÃO.- SENHOR, PERDOE-ME POR HAVER APRENDIDO A SUPORTAR O CHEIRO DAS ÁGUAS SERVIDAS/ DAS QUE POSSO NÃO SOFRER, ELES NÃO.- SENHOR PERDOE-ME POR ACENDER A LUZ E ESQUECER QUE ELES NÃO PODEM FAZÊ-LO.- SENHOR, EU POSSO FAZER GREVE DE FOMEE ELES NÃO, PORQUE NINGUÉM PODE FAZER GREVE COM SUA PRÓPRIA FOME. – SENHOR PERDOE-ME POR DIZER A ELES “NÃO SÓ DE PÃO VIVE O HOMEM”/ E NÃO LUTAR COM TUDO PARA QUE RESGATEM SEU PÃO.- SENHOR, QUERO MORRER POR ELES, AJUDE-ME A VIVER PARA ELES.- SENHOR, QUERO ESTAR COM ELES À HORA DA LUZ.-
Padre Carlos Mugica
* Rodolfo Bernat é colaborador de Diálogos do Sul, de Fcio Varela, Argentina


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Rodolfo José Bernat

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