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Panamá: Novo presidente e velhos problemas

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Luis Manuel Arce* 

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O novo presidente do Panamá, Juan Carlos Varela.

Depois de longa, complicada e virulenta campanha eleitoral, Panamá tem novo presidente, Juan Carlos Varela, que derrotou o candidato do governo José Domingo Arias, o delfim do presidente Ricardo Martinelli.

Foi um duro golpe para as empresas de pesquisa pois nenhuma sequer se aproximou dos resultados já que todas davam a Arias como ganhador e, em alguns casos, a Juan Carlos Navarro, aspirante pelo Partido Revolucionário Democrático (PRD).

Porém, o mais golpeado, sem dúvida alguma, foi Martinelli, que viu ruir por terra sua estratégia de manter-se no poder por trás de sua esposa Marta Linares, candidata à vice presidência de Arias, homem sem vontade própria e de fácil submissão ao mandatário. Varela, líder do Partido Panamenhista e aliado com o pequeno Partido Popular que contribuiu com mais de 20% de votos, tem que começar a lidar, de imediato, com velhos problemas herdados deste governo, entre os quais uma vultosa dívida pública superior a 200 bilhões de dólares.

Seu maior desafio, contudo, será desmontar o governo paralelo que Martinelli foi edificando pacientemente nestes cinco anos, não somente com a fracassada perspectiva de perpetuar-se no poder, mas inclusive de blindar-se no caso de uma imprevista derrota, que é o que acaba de ocorrer.

O sistema de governo panamenho, além de seu amplo conselho de ministros, tem uma estrutura administrativa de 63 agências, autoridades e instituições, muitas das quais com nível de ministro, como as autoridades do Canal e de Turismo, entre outras, que constituem a base operacional do Executivo.

Martinelli colocou em todas elas subordinados ou gente de sua confiança e, em numerosos casos, modificou leis e impôs decretos para manobra-los por longo período, vários até 2020.

O novo mandatário anunciou que lutará denodadamente contra a corrupção e pediu à procuradora geral Ana Belfon, à contralor Gioconda Torres Bianchini e ao presidente da Corte suprema de Justiça, José Ayú Prado, entre outros, que renunciem a seus cargos, mas, é muito difícil que o façam.

Varela comprometeu-se a organizar um governo de unidade nacional, com finalidade de enfrentar junto com os demais partidos todos os graves problemas que afligem o país, entre eles temas como a carestia da vida, deficiências no sistema de saúde, conflitos trabalhistas e com indígenas, e sérios problemas na educação.

Está contra o vento, posto que sua aliança na Assembleia Nacional é minoritária diante da maioria alcançada pelo agora opositor Cambio Democrático de Martinelli e o PRD, com o qual poderia formar uma aliança parlamentar.

Esta última será fundamental para concretizar seu propósito de realizar uma reforma constitucional paralela que pretende convocar para um ano depois de depois julho de 2014, quando assumirá a presidência.

Original da revista Orbe, especial para Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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