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Para Biden e Harris, restante do continente é visto como “curral” da América

A dupla democrata é de aparência dócil, mas formados na mesma matriz de poder que possui o controle imperialista do mundo
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global
Rio Claro (SP)

Tradução:

Tivemos a confirmação exta oficial da vitória de Joe Biden e Kamala Harris para governar os Estados Unidos da América do Norte. A CNN e os canais abertos fazem questão de dizer que suas coberturas são das eleições na América. Insistem na argumentação de que a América é os Estados Unidos. Um procedimento entreguista sem valorização da democracia, mesmo que o discurso seja de enaltecimento da democracia. Afinal, todos nós que vivemos nas três Américas: do Sul, Central e do Norte, somos americanos e não apenas quem vive nos Estados Unidos. 

Mas, querem promover qual democracia? Aquela que mais uma vez respalda os argumentos de “A América para os Americanos”? Como temos nos referido, a América de Biden e Harris é para os americanos dos Estados Unidos. O restante de todas as Américas é visto como o “curral” da américa, dos americanos. Apenas diferente de Trump, no formato, mas a matriz do neoliberalismo de Biden, continua sendo a mesma.

São dois modelos de neoliberalismo que se distinguem pelo formato e pelo estilo da agressividade.

Enquanto Trump não tem qualquer fineza de comportamentos, agindo como um verdadeiro troglodita, desrespeitando a tudo e todos, Biden e Harris são de aparência dócil, mas formados na mesma matriz de poder que possui o controle imperialista do mundo.

Claro que reconhecemos alguns pontos positivos no modelo Biden-Harris, tanto é assim que torcemos por sua vitória sobre Trump. Cumprir o compromisso de retornar em 70 dias para o Acordo Climático de Paris, será um bom motivo para comemoração. Os Estados Unidos precisam limitar suas emissões poluentes para a atmosfera, bem como os impactos negativos promovidos em todo o planeta.

Ver para crer.

A dupla democrata é de aparência dócil, mas formados na mesma matriz de poder que possui o controle imperialista do mundo

Facebook / Joe Biden
Não se pode deixar Biden-Harris livres, leves e soltos.

O Fato de que a dupla Biden-Harris tem apoio dos movimentos populares de mulheres, negros, migrantes, LGBT+ o que pode lhes estabelecer um certo freio sobre ações depredadoras no mundo. Daí, a importância da continuidade da mobilização popular, nos Estados Unidos e no globo. 

Não se pode deixar Biden-Harris livres, leves e soltos. O mundo e os movimentos populares devem exercer a pressão indispensável para conseguir avanços reais nas políticas ambientais, sociais e econômicas, em favor dos Direitos Humanos.

Ao mesmo tempo temos a posse de Arce na Bolívia, contando com o retorno ao País do ex-presidente Evo Morales. Aí sim, uma vitória das lutas pelo respeito aos povos originários dos Andes. Os bolivianos acreditam muito em Arce, mas especialmente em David, seu vice presidente. Daremos algum tempo e acompanharemos, observando atenciosamente os desdobramentos e as primeiras ações do governo boliviano de Arce-David.

Nos dois casos, seja nos Estados Unidos e na Bolívia ficou explicito que as transformações possíveis transcendem os limites de uma democracia eleitoral. Sim, a existência de eleições é muito importante. Mas, a presença e participação com fortalecimento dos movimentos populares são os avalizadores dos processos.

Agora voltamos nossos olhos e sentimentos para o Brasil que nesta semana tem a decisão sobre os mandatos nos Poderes Locais, os Municípios. Espera-se que os acontecimentos da Bolívia e mesmo dos Estados Unidos tenham seus reflexos em nossas realidades eleitorais.

É importante que o governo Bolsonaro sofra um forte revés eleitoral. Os casos de Porto Alegre, São Paulo em sua Região Metropolitana e Rio de Janeiro poderão apontar para o que se esperar nas eleições majoritárias de 2022. Como serão as performances dos candidatos apoiados pela clã Bolsonaro?

Bolsonaro, como Trump nos Estados Unidos, representa a truculência praticada na política partidária e administrativa brasileira. É verdade que muitos são os partidos de direita que possuem candidatos que apoiaram Bolsonaro em sua eleição para Presidente. Mas, em cada município há um representante típico que recebe o apoio de Bolsonaro, como Russomano em São Paulo e Crivella no Rio de Janeiro.

Aparentemente, os candidatos e as candidatas estão se esquivando de fazer campanha com a utilização do apoio bolsonarista. Já se espera o fracasso oferecido por esse apoio, por isso escondem os clãs de milicianos e “laranjas” característicos da família Bolsonaro.

Mesmo assim, espera-se que nos últimos momentos, tais candidatos, em situação de desespero eleitoral apelem para o apoio do “padrinho” político que habita o Palácio do Planalto. Uma última e desesperada tentativa, que trará resultados incertos e de extrema insegurança. Ver para crer.

Temos a esperança de que nesta última semana de campanha, cidadãos e cidadãs que votam, consigam entender o que está em jogo nestas eleições. Apoiarão essa maneira irresponsável de condução da pandemia adotada no Brasil? Apoiarão o desrespeito ao Sistema Único de Saúde – SUS? Apoiarão essa política econômica promotora de milhões de desempregados? Apoiarão essa política internacional de confronto com os Países, nossos parceiros comerciais? Apoiarão essa política de venda da Soberania do Brasil para atender os interesses do império dos Estados Unidos?

Enfim, está na hora do Brasil se levantar, seguir os exemplos da Bolívia e Argentina na América do Sul. 

Liberdade e emancipação para o Brasil, com respeito à nossa soberania. 

* Cláudio Di Mauro é professor de geografia na Universidade Federal de Uberlândia e colunista da revista Diálogos do Sul

** Jhenifer Gonçalves Duarte é discente do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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