Pesquisar
Pesquisar

Para Gilmar Mendes procuradores de Curitiba podem ter “manipulado delações"

"Fico imaginando quantas pessoas tiveram de delatar a partir da indução dessa gente", disse o ministro do STF em entrevista à Rádio Gaúcha
Redação GGN
GGN
Brasília (DF)

Tradução:

Sergio Moro em conluio com os procuradores de Curitiba praticamente construíram uma “verdadeira organização criminosa”. É o que afirma o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

Em entrevista divulgada pela Rádio Gaúcha, Gilmar frisou que há tempos vem fazendo as análises corretas sobre a Lava Jato em Curitiba. A força-tarefa, ali, atuo articulada com o Juízo e extrapolou suas prerrogativas. Mesmo sabendo que algumas condutas, se descobertas, seriam vistas como erráticas ou ilegais, os procuradores perseguiram seus anseios políticos mesmo usando, usando o cargo no Ministério Público Federal e o apoio da mídia e da sociedade como instrumento e escudo.

O ministro destacou especial o “negócio lucrativo” da Lava Jato, que envolve não só as palestras que Moro e procuradores deram a empresas – inclusive algumas citadas em delações – mas também a fundação de direito privado que seria criada com uma multa bilionária que a Petrobras foi obrigada a pagar nos Estados Unidos.

Para Gilmar, afastado ou não do MP, certo é que Dallagnol (mas serve para os demais procuradores citados na série da Vaza Jato) perdeu as condições de tocar a investigação. Qualquer medida que venha a tomar no âmbito da operação será vista, a partir de agora, com desconfiança.

Abaixo, os principais trechos das respostas de Gilmar Mendes à Rádio Gaúcha.

Eu tinha feito essa advertência há muito tempo. Quando saiu essa história da fundação do Dallagnol, eu ponderei que estávamos diante de uma agente buscando dinheiro, que o negócio do combate à corrupção é extremamente lucrativo, e é o que se viu com as palestras.

O dinheiro que foi devolvido [por causa da multa nos EUA] é da Petrobras, é da União, ninguém pode se apropriar disso, mas eles estavam atrás de dinheiro.

Essa colaboração de procurador e juiz é extremamente grave.

É a maior crise que se abateu sobre o Judiciário brasileiro desde a redemocratização. Esse consórcio entre procuradores e juiz construiu uma verdadeira organização criminosa.

Eu não me surpreenderia se, por exemplo, amanhã, eles inventassem uma conta minha no exterior.

Essa coisa [Lava Jato] se tornou muito lucrativa para todos. Extremamente lucrativa, e de forma irregular. Me parece que isso é extremamente grave e disso tudo pouco que se sabe.

Fico imaginando quantas pessoas tiveram de delatar a partir da indução dessa gente. Podem ter manipulado as delações premiadas.

É uma anomia, porque os órgãos correicionais do Ministério Público não estão funcionando [contra Dallagnol, apesar das diversas ações movidas contra os abusos do procurador].

Afastado ou não, ele [Dallagnol] não tem mais condições de permanecer. Qualquer ação será vista com suspeita. Já não exercem [os procuradores que caíram na Vaza Jato] mais a função.

O triste é que se organize uma força-tarefa para combater crime e ela comece a cometer crime.

O que tem validade [ao longo da investigação, em termos de sentenças], que tenha validade. Mas isso não diminui a gravidade do fato [revelado pelo dossiê Intercept].

[Nas instâncias superiores] Ninguém analisa fatos quando analisa essas matérias [as sentenças que vieram da primeira instância]. Ninguém sabia que o juiz se articulou com o procurador. É preciso analisar caso a caso e dar a gravidade devida à matéria.

É linguagem de criminoso [a que é usada pelos procuradores nos chats de Telegram]. ‘Estamos fazendo algo ilegal, mas ninguém vai saber’. Que outros crimes eles teriam praticado? Isso é linguagem de procurador?

Estavam vendendo palestras até para empresas investigadas por ele. Se outras pessoas tivessem feito isso, eles teriam pedido prisão preventiva.

Juiz não pode ser chefe de força-tarefa.

As corregedorias têm que começar a atuar

Veja também


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Redação GGN

LEIA tAMBÉM

Diretor de “Operação Condor” vai solicitar reabertura de investigação sobre morte de João Goulart
Diretor de “Operação Condor” vai solicitar reabertura de investigação sobre morte de João Goulart
Comida cara “mercado” ameaça governo, mídia golpista mente e bolsonarismo surfa na onda
Comida cara: “mercado” ameaça governo, mídia golpista mente e bolsonarismo surfa na onda
Privatização da Sabesp
“Imperialismo total”: como economia brasileira foi moldada para suprir o capital internacional
Acordo de Bolsonaro permite humilhação a brasileiros deportados dos EUA; cabe a Lula anular
Acordo de Bolsonaro permite humilhação a brasileiros deportados dos EUA; cabe a Lula anular