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Partido Revolucionário Institucional, histórico no México, vai sobreviver aos atuais dirigentes?

Não cabe dúvida de que as possibilidades de se recuperar estão de acordo com a celeridade com que possam desfazer-se dos líderes nacionais
José M. Murià
La Jornada
Cidade do México

Tradução:

Uma mostra evidente de que a direção nacional do PRI – Partido Revolucionário Institucional havia vendido sua alma ao diabo tivemos no início de maio de 2018. Não quero dizer que não tivéssemos tido já elementos para supô-lo, mas nessa ocasião fomos convocados a votar pelo candidato presidencial do PAN- Partido de Ação Nacional no seguinte mês de julho, se uma pesquisa que seria feita especialmente e de mútuo acordo desse vantagem ao seu candidato sobre o nosso, o que era o mais provável. 

Do que tratava era evitar, de qualquer maneira, que Dom Andrés Manuel López Obrador fosse presidente, sem importar que resultasse triunfador na contenda um soberbo malandro da tessitura de Ricardo Anaya.

Suspeito que as direções estaduais não devem ter respondido como esperavam porque o pacto não se fez e não se falou mais dele. Sei muito bem que houve alguns membros de seus respectivos conselhos políticos estaduais que se manifestaram abertamente contra e inclusive até falaram da possibilidade de criar frentes pejistas nas filas do PRI.

É certo que não estavam tão fora de tom se pensamos em que os postulados morenistas não se contrapõem com a plataforma ideológica tricolor, nem com os ideais dos mais destacados priistas de antanho…

Não cabe dúvida de que as possibilidades de se recuperar estão de acordo com a celeridade com que possam desfazer-se dos líderes nacionais

PRI – Partido Revolucionário Institucional
Sede do PRI – Partido Revolucionário Institucional




“Troca de sigla, de cores e de ideologia”

A resposta da cúpula, pela boca de seu presidente e de sua seguinte presidenta, corroborada depois pelo mesmíssimo Peña Nieto, de tão infeliz memória, foi recomendar que o PRI trocasse de sigla, de cores e de ideologia… Isto é, o que trataram de fazer depois; que deixasse de ser o que era!

No entanto, o que conseguiram resultou mais sujo ainda: aliar-se abertamente com aqueles que haviam sido os inimigos naturais da Revolução, de quanto empreendimento progressista levado a cabo durante sua longa hegemonia, a mesma que teve muito de ruim, é certo, mas também deu ao país uma consistência, uma presença e um desenvolvimento que não havia conhecido.

Efetivamente, se a gestão de dona Claudia Ruiz Massieu e Salinas de Gortari e seu notável antecessor, Enrique Ochoa Reza, resultaram detestáveis, pior ainda foi o afazer do tal Alito e, claro, maior ainda sua derrota eleitoral. 

Por que? Pois a tradicional base priista se sente muito mais identificada com o atual Presidente da República e, como se fosse pouco, tem muito mais motivos para detestar, salvo algumas exceções, a oposição tão lamentável e ridícula que predomina. Como houvéssemos dito antanho “mais ordinária e barata que um telegrama de um peso…” 

Como era de se esperar, do próprio seio tricolor surgiu um valioso grupo com ganas de pôr o guizo no gato e parece que vai se consolidando. Há quem diga que emerge demasiado tarde e que nada evitará que o PRI perca os dois estados que lhe restam e o PAN lhe dê uma patada onde quiser e os mande para onde já se imaginam…

Não cabe dúvida de que as possibilidades de se recuperar que tem o PRI estão de acordo com a celeridade com que possam desfazer-se dos atuais dirigentes nacionais, embora se tenha que reconhecer que o dano feito entre a corruptela e a traição de Peña Nieto e seus sequazes complicou sobremaneira seu futuro, máxime que se vê sumamente difícil que se produzisse uma aliança com Morena, que seria natural se o PRI voltasse ao seu ideário primigênio.

José M. Murià | La Jornada – 16/06/2022
Tradução Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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