Pesquisar
Pesquisar

Pedidos para investigação nos tribunais contra ex rei da Espanha ganham força no país

A Casa Real vive uma crise histórica por causa da decisão do atual monarca, Felipe VI, de desvincular-se de seu progenitor e antecessor no cargo de Chefe do Estado
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Diante do acúmulo de provas e investigações internacionais sobre presumidos atos de
corrupção do rei emérito da Espanha, Juan Carlos de Borbón, cresce o clamor para que
seja aberta uma investigação nos tribunais, seja por um presumido delito fiscal ou pelo
que encontre a justiça em sua investigação que poderiam ser desde suborno,
malversação e falsidade documental.

A Casa Real vive uma crise histórica por causa da decisão do atual monarca, Felipe VI, de
desvincular-se de seu progenitor e antecessor no cargo de Chefe do Estado e renunciar a
uma herança de 65 milhões de euros que supostamente tem uma procedência ilícita e
havia permanecido oculta em um paraíso fiscal.

Diversos partidos políticos do arco parlamentar e agrupamentos de técnicos de Fazenda
coincidiram em apontar os indícios que há sobre a atuação do rei emérito no passado,
sobretudo em relação ao suposto pagamento de comissões na construção do trem de alta
velocidade à La Meca, poderia ser constitutivo de delito.

A Casa Real vive uma crise histórica por causa da decisão do atual monarca, Felipe VI, de desvincular-se de seu progenitor e antecessor no cargo de Chefe do Estado

Reprodução: Winkiemedia
Rei emérito espanhol Juan Carlos no anuncio de sua retirada da vida pública

Só que aqui se abre um debate, já que a Constituição espanhola garante a
“inviolabilidade” do monarca, pelo menos quando está exercendo suas funções. No
entanto, Juan Carlos de Borbón abdicou há algo mais de sete anos em favor de seu filho,
mas manteve a condição de “rei emérito”. Ou seja, que essa figura poderia permitir-lhe
imunidade, o que obrigaria a que, no caso de ser julgado, o seja pelo Tribunal Supremo.

Um grupo de técnicos de Fazenda da plataforma independente Gestha solicitaram à
Agencia Tributária que abra una investigação contra o ex-monarca, ao entender que “há
indícios racionais de delitos fiscais” e “lavagem de capitais”.

Os especialistas em matéria de legalidade fiscal advertem que a própria Casa Real
reconheceu em seu comunicado, embora de forma implícita, que “Juan Carlos I já tinha
manejado fundos opacos em indícios racionais de haver cometido um delito contra a
Fazenda Pública.

De fato, advertem que de ser certas as suspeitas da Promotoria suíça, que foi a que abriu
a investigação contra ele, se trataria de um “possível delito de fraude fiscal agravado e a
lavagem ficaria demonstrada, sobretudo si se acredita que desde sua suposta conta na
Suíça existem reembolsos a terceiros que previamente pagaram parte de seus gastos
pessoais e investimentos”.

Segundo a versão da Casa Real, o Rei Felipe VI desconhecia que seu pai o havia
nomeado beneficiário desses fundos em paraísos fiscais, o que havia precipitado a
ruptura total e a desvinculação institucional entre ambos. O que abre uma brecha na
própria instituição nobiliária, que acaba de superar uma crise também profunda após ser
processado, julgado e condenado por corrupção o cunhado do atual monarca e esposo da
Infanta Cristina, Iñaki Urdangarin, que teceu uma rede de corrupção para desfalcar o
erário público e cobrar comissões ilegais.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, no governo) expressou seu “máximo
respeito” à investigação, mas não se moveu de sua posição inicial de duas semanas
atrás, na qual votou contra a abertura de uma comissão do investigação no Congresso
dos Deputados sobre a presumida trama de corrupção do rei emérito. Em uma postura na
qual não coincidiu com seu sócio de governo, Unidas Podemos (UP), que é partidário de
investigar e julgar Juan Carlos I.Os partidos nacionalistas bascos e catalães, como Esquerra Republicana de Catalunya
(ERC) e o Partido Nacionalista Vasco (PNV), se mostraram partidários de apoiar a moção,
mas em qualquer caso, para que seja aprovada será necessário o respaldo do PSOE ou
de algum dos três partidos do direita, o Partido Popular (PP), Vox ou Ciudadanos, algo
que ano dia de hoje é improvável.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

LEIA tAMBÉM

Com Trump, EUA vão retomar política de pressão máxima contra Cuba, diz analista político
Com Trump, EUA vão retomar política de "pressão máxima" contra Cuba, diz analista político
Trump quer desmontar Estado para enriquecer setor privado; Musk é o maior beneficiado
Trump quer desmontar Estado para enriquecer setor privado dos EUA; maior beneficiado é Musk
Modelo falido polarização geopolítica e omissão de potências condenam G20 ao fracasso (2)
Modelo falido: polarização geopolítica e omissão de potências condenam G20 ao fracasso
Rússia Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Rússia: Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito