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Pedro Briones, assassinado no Equador, era perseguido por políticos e corporações

Líder foi parte do processo da Revolução Cidadã, como ficaram conhecidos os dois períodos de governo de Rafael Correa, entre 2007 e 2017
Leonardo Wexell Severo
ComunicaSul
Quito

Tradução:

O sindicalista Pedro Briones, dirigente histórico do movimento Revolução Cidadã (RC), de Rafael Correa, foi morto a tiros por dois assassinos que passaram de motocicleta em San Mateo, na província nortenha de Esmeraldas, fronteira do Equador com a Colômbia, nesta segunda-feira (14). O crime foi olimpicamente ignorado pelos conglomerados midiáticos locais, que quase nada publicaram ou divulgaram.

O silêncio da mídia é explicado pela tentativa de vincular o “correísmo” com o assassinato, na semana passada, de Fernando Villavicencio, um dos candidatos da direita à presidência. A estratégia visa negar a responsabilidade do presidente Guillermo Lasso e os interesses diretos da ultradireita com o banho de sangue, particularmente do candidato Jan Topić, cuja marca é o discurso fascistóide em defesa de um Estado “mano dura”.

Equador: ultradireita liga Correa a execução de Villavicencio para alterar rumo das eleições

Pedro Briones era conhecido por enfrentar as corporações em Esmeraldas, província muito rica mas super explorada. Ele foi parte do processo da Revolução Cidadã, como ficaram conhecidos os dois períodos de governo de Rafael Correa, entre 2007 e 2017. Segundo seus companheiros de partido era especialmente um formador da juventude e uma referência de luta e lealdade política.

Líder foi parte do processo da Revolução Cidadã, como ficaram conhecidos os dois períodos de governo de Rafael Correa, entre 2007 e 2017

ComunicaSul
“Briones era uma referência de luta contra as grandes corporações", afirmou a ex-deputada Jhajaira Urresta

“Quando tivemos a traição do senhor Moreno como presidente da República e ele deu as costas não somente ao projeto político da Revolução Cidadã, mas ao povo equatoriano, o primeiro companheiro que foi perseguido por ele foi o companheiro Briones”, recorda a ex-deputada Jhayaira Urresta, cassada pelo “morte cruzada” [a dissolução da Assembleia Nacional e convocação de eleições, que deu ao presidente mais seis meses de mandato para governar por decretos].

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“O Equador vive sua época mais sangrenta. Isso se deve ao abandono total de um governo incapaz e a um Estado tomado por máfias. Meu abraço solidário à família do companheiro Pedro Briones, tombado nas mãos da violência”, declarou a candidata Luisa González, do RC, frisando que “a mudança é urgente”.

Nas últimas eleições municipais foram assassinados dois militantes do RC. Um candidato a vereador na província de Manabí, a poucas horas de iniciar a votação, e um jornalista, candidato a vereador na província de Pichincha.

“A Revolução cidadã está de luto todos os dias porque matam nossos companheiros a mando do governo central, como mataram ontem o companheiro Briones”, denuncia indignada Jhayaira Urresta, candidata à reeleição, apesar de tudo.


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A Agência ComunicaSul está cobrindo as eleições presidenciais e à Assembleia Nacional do Equador graças ao apoio das seguintes entidades: jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais, Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR); Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), Federação dos/as Trabalhadores/as em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Sindicatos dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP) e de Santa Catarina  (Sintaema-SC), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná (Sintrapav-PR), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste-Centro), Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina (Sintrajusc-SC); Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc-SC), mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS) e dezenas de contribuições individuais.

Caio Teixeira, Leonardo Wexell Severo e Monica Severo | Especial para o ComunicaSul desde Quito, no Equador.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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