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Escândalo: 189.695 militares receberam irregularmente "auxílio emergencial" de R$ 600

Ministério da Defesa vai apurar "possíveis" irregularidades; 17 milhões de brasileiros que já solicitaram o benefício continuam aguardando resposta
João Baptista Pimentel Neto
Diálogos do Sul Global
Rio Claro (SP)

Tradução:

Um total de 189.695 militares da ativa, da reserva, reformados, pensionistas e anistiados receberam irregularmente a primeira parcela do auxílio emergencial de R$ 600.

A informação foi divulgada pelo jornalista Vicente Nunes, em matéria publicada na segunda-feira (11) pelo Jornal Correio Brasiliense. Segundo Nunes, os benefícios pagos irregularmente aos militares totalizam cerca de R$ 113,8 milhões.

Ministério da Defesa vai apurar "possíveis" irregularidades; 17 milhões de brasileiros que já solicitaram o benefício  continuam aguardando resposta

Brasil 247
Infectas filas enfrentadas por desempregados e informais para receber o auxílio emergencial de R$ 600 nas agências da Caixa

Reação do Ministério da Defesa

Diante do potencial explosivo da notícia, em nota enviada ao jornalista, o Ministério da Defesa reconhece a veracidade das informações publicadas, informando que “as irregularidades, (já) foram identificadas com o apoio do Ministério da Cidadania” e que “verifica a possibilidade de recebimento indevido de valores referentes ao auxílio emergencial, concedido pelo Governo Federal no período de enfrentamento à pandemia do coronavírus, por integrantes da folha de pagamentos deste Ministério”.

E prossegue: “Neste sentido, estão sendo adotadas as medidas para apuração do ocorrido, visando identificar se houve valores recebidos indevidamente, de modo a permitir a restituição ao erário e as demais considerações de ordem administrativo-disciplinar, como necessário”.

“Nos incluam fora disso”

Questionada sobre a questão, a Caixa Econômica Federal informou que é responsável apenas pelo pagamento do “auxílio emergencial” e que os dados são processados pela Dataprev, com base em informações recebidas do Ministério da Cidadania.

Já a Dataprev informa que aguarda pronunciamento das suas áreas técnicas sobre o que permitiu o recebimento do auxílio emergencial por militares que não fazem jus ao benefício.

Criminosas e infectas filas

Comparando-se o teor da notícia com o descaso demonstrado pelo governo de ocupação com as infectas filas enfrentadas por desempregados e informais para receber o auxílio emergencial de R$ 600 nas agências da Caixa, para além de um descomunal escândalo, a situação desmonta o discurso de que “no atual governo, não se verificou até agora, nenhum caso de corrupção”.

Por outro lado, e apesar do negacionismo adotado no discurso dos líderes do governo de ocupação, é inquestionável que as filas formadas em frente às agências da Caixa são intermináveis e se tornaram um risco à saúde e até mesmo à vida da população mais vulnerável.

Em “eterna” análise

Se não bastassem as queixas de informais, desempregados e microempreendedores individuais, 17 milhões de brasileiros que já se cadastraram e solicitaram o benefício continuam aguardando ao menos uma resposta.

Questionado sobre tal situação, o Ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni discursa: “já pagamos 50 milhões de brasileiros” e dia após dia estica o prazo para que este problema seja solucionado. Em sua última resposta, o “perdoado” lobista da indústria armamentista informou que até esta quarta-feira (13) todos os processos ainda em análise serão concluídos. Será?

Conclusão

Paralelamente à notícia, coloca-se também em xeque a narrativa incansavelmente repetida pelos “chefes” do governo de ocupação de que as Forças Armadas e todos os militares sempre foram e são incorruptíveis. E que todas as documentadas e comprovadas acusações da existência de centenas de casos de corrupção durante a Ditadura Militar são mentirosas.

Tal comportamento me leva a endossar o alerta feito pelo camarada José Dirceu que em artigo publicado aqui na Diálogos do Sul afirmou: “Não tenhamos ilusões: as Forças Armadas apoiarão, sim, um autogolpe de Bolsonaro”.

João Baptista Pimentel Netojornalista da equipe da Diálogos do Sul

*com informações do Correio Brasiliense, Rede Brasil Atual e Portal da Transparência do Governo Federal


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

João Baptista Pimentel Neto Jornalista e editor da Diálogos Do Sul.

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