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Peru: Boluarte amplia estado de emergência em resposta a maior protesto desde dezembro

O governo de facto aumentou a duração e a extensão do estado de emergência, impondo-o em sete regiões do país, num contexto de grande contestação social e de denúncias de repressão.
Redação AbrilAbril
AbrilAbril
Lisboa

Tradução:

O governo de fato aumentou a duração e a extensão do estado de emergência, num contexto de grande contestação social e de denúncias de repressão.

A medida decretada neste domingo (5), no contexto da crise social e política que se vive no Peru desde 7 de dezembro do ano passado, estará em vigor por um período de 60 dias nas regiões de Apurímac, Arequipa, Puno, Cusco, Tacna, Moquegua e Madre de Dios.

O estado de emergência já estava vigente desde janeiro em Lima, Arequipa, Puno e Cusco e em algumas províncias de Madre de Dios, Apurímac, Moquegua e Tacna, o que implica na suspensão de garantias constitucionais, permitindo que a Polícia efetue detenções e proceda a revistas como bem entender.

Manifestação em Lima, a 4 de Fevereiro de 2023 // Juan Zapata / Wayka 

De acordo com o decreto publicado no diário oficial El Peruano, ficam restringidos ou suspensos os direitos relativos à inviolabilidade do domicílio, liberdade de circulação pelo território nacional, liberdade de reunião e liberdade e segurança pessoais.

Ignorando protestos, Congresso do Peru nega antecipar eleições e Dina Boluarte “lamenta”

A maior parte das zonas abrangidas localiza-se na região sul-andina do país. Para Puno, que é considerado o principal bastião da resistência ao golpe de Estado, foram enviadas tropas e viaturas blindadas.

É na região sul-andina que ocorreu a maior parte das mortes de civis desde o início dos protestos que se seguiram à destituição do presidente eleito Pedro Castillo e nos quais se exige a demissão da “usurpadora” Dina Boluarte, o encerramento do Congresso, a criação de uma Assembleia Constituinte e uma nova Constituição para o país.

De acordo com o decreto, cabe à Polícia Nacional do Peru manter “a ordem interna, com o apoio das Forças Armadas”, mas não em Puno, “onde o controle da ordem interna se encontra a cargo das Forças Armadas”, segundo se lê no El Peruano.

Nesta região, foi ainda decretado o toque de recolher obrigatório entre as 20h e as 4h, durantes dez dias.

O governo de facto aumentou a duração e a extensão do estado de emergência, impondo-o em sete regiões do país, num contexto de grande contestação social e de denúncias de repressão.

Foto: @JuanZapata108 via @WaykaPeru | Twitter
Pelo menos 26 pessoas foram detidas e 24 ficaram feridas durante as manifestações deste sábado (4)




Grande manifestação em Lima, fortemente reprimida

O decreto segue-se à jornada nacional de protestos de sábado (4), que teve a capital como epicentro e que está a ser classificada pela imprensa como a maior desde o início de dezembro.

Milhares de manifestantes, organizados em associações e coletividades dos bairros pobres de Lima Sul, Lima Este e Lima Norte uniram-se aos grupos que viajaram do interior do país.

De um momento para o outro, a Polícia carregou, recorrendo a bombas de gás lacrimogéneo e cassetetes, refere a Prensa Latina. Pelo menos 26 pessoas foram detidas e 24 ficaram feridas.

No resto do país, houve registro oficial de mobilizações, paralisações e bloqueios rodoviários em 24 províncias, indica a TeleSur, que dá ainda conta de várias agressões a jornalistas em Lima – condenadas pela Provedoria de Justiça e a Associação Nacional de Jornalistas.

Redação | Abril Abril


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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