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Manuel Robles Sosa*
Dia 18 de setembro o Peru recordou o 21o aniversário da prisão de Abimael Guzmán, chefe do grupo armado Sendero Luminoso, do qual ainda restam remanescentes num rude território e um agrupamento que tenta em vão inserir-se na legalidade.
A chamada “captura do século”, realizada pelo Grupo Especial de Inteligência (GEIN), uma unidade de elite, sem um só disparo, foi um golpe decisivo contra a atividade armada iniciada pela organização radical em 1980, na região andina de Ayacucho.
Guzmán foi preso em uma ampla casa de um bairro residencial que protegia sua clandestinidade, em que os agentes do GEIN chegaram através de operações de seguimento, estudo minucioso do senderismo e outras ações de inteligência.
Por seus métodos, a mencionada unidade e suas operações são consideradas até hoje a antítese dos métodos de repressão indiscriminada e operações ilegais imputados ao exército e à polícia, bem como ao governo da época, Alberto Fujimori, atualmente preso por duas matenças cometidas por um esquadrão da morte que estava sob suas ordens.
Depois da captura, Guzmán aceitou declarar publicamente sua virtual rendição e fez um chamado a suas hostes para que deixassem as armas, ainda que dois grupos dissidentes se mantivessem ativos nos territórios de Huallaga e no Vale dos rios Apurímac e Ene (Vrae), em que o segundo continua operando ainda que tenha sofrido duros golpes recentemente.
Ex oficiais do GEIN asseguram que a existência desse grupo se deve a que a unidade de elite foi dissolvida por Fujimori e seu assessor de segurança, Vlademiro Montesinos, como represália por que a operação, por motivo de segurança, não ter sido comunicada com antecedência.
Os especialistas e simpatizantes do senderismo, por sua vez, formaram o Movimento pela Anistia e os Direitos Fundamentais (Modavef), sob a orientação de Guzmán, em busca de um “acordo de paz”, que os sucessivos governos têm rechaçado e tentam inscrever-se para participar de eleições.
As autoridades eleitorais invocaram o não cumprimento da legislação e rechaçaram a inscrição como partido legal ao Movadef, a quem o governo acusa de ser “pro-terrorista” e setores conservadores e ex policiais exigem sejam reprimidos.
O governo tem promovido a “lei do negacionismo” para condenar à prisão quem, como os membros do Movadef, negam que as ações de Sendero Luminoso tenham sido terroristas ou as justifiquem de alguma maneira.
Setores jurídicos e de defesa dos direitos humanos tem advertido que a norma governamental atenta contra os direitos cidadãos, como os de opinião e de livre expressão.
Entretanto, Guzmán cumpriu 21 primeiros anos de uma condenação a prisão perpétua sob rigoroso isolamento em uma prisão de alta segurança situada dentro da base naval do porto de Callao.
Aqueles que lhe são próximos, que reclamam que seja anistiado, afirmam que sofre de uma enfermidade renal e outros males e não recebe atenção médica adequada, e as autoridades negam.
O pedido de anistia não só é negado como o procurador antiterrorista Júlio Galindo, confirmou que Guzmán será julgado proximamente pela matança de 117 camponeses desafetos a Sendero Luminoso na localidade andina de Soras, em 1984.
E também, segundo o procurador, pela morte de 25 moradores do bairro de Miraflores, em Lima, vítimas da explosão de um carro-bomba, atentado realizado em julho de 1992 pelo senderismo, que posteriormente fez uma autocrítica pelas duas ações.
Prensa Latina, de Lima, Peru, para Diálogos do Sul