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Peskov, sobre vazamento do Pentágono: Não é novidade que EUA espionam líderes europeus

Ainda segundo o porta-voz russo, não se pode descartar que Zelensky tenha sido alvo da ingerência estadunidense, que causa “várias situações embaraçosas”
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

A Rússia e a Ucrânia levaram a cabo nesta segunda-feira (10) um novo intercâmbio de prisioneiros de guerra, e 24 crianças que haviam sido levadas à Rússia foram devolvidas aos seus pais ou familiares.

Porta-vozes de Moscou e Kiev confirmaram que desta vez se concretizou a troca de 106 russos por 100 ucranianos. Boa notícia, embora reste muito por fazer para libertar a todos. A comissionada para os prisioneiros de guerra da Ucrânia, Aliona Berbitskaya, revelou, em fevereiro anterior, que havia mais de 3 mil combatentes ucranianos em cárceres russos. A Rússia nunca deu a conhecer o número de seus soldados retidos. 

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O governador de Kherson (da parte que está sob controle da Ucrânia, cuja capital, a cidade homônima, esteve em mãos russas durante nove meses), Aleksandr Prokudin, informou que 24 crianças puderam regressar às suas famílias. 

Se desconhece a cifra exata de crianças ucranianas que foram levadas à Rússia por três causas principais: viviam em orfanatos, estavam sozinhas nos porões das casas nas zonas de combate ou que se encontravam em acampamentos de descanso e não puderam regressar ao se retiraram as tropas russas de Kherson e Karkov, principalmente. 

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Os ucranianos falam de milhares de crianças, os russos os desmentem e dizem que a evacuação de menores se fez para lhes salvar a vida. Em todo caso, estas 24 crianças que regressaram a Kherson se somam a outras 324 que haviam sido devolvidas às suas famílias, de acordo com dados oficiais ucranianos até fins de março.

Ainda segundo o porta-voz russo, não se pode descartar que Zelensky tenha sido alvo da ingerência estadunidense, que causa “várias situações embaraçosas”

Kremlin
“Ninguém propôs”, afirmou Dmitri Peskov sobre possibilidade de cessar-fogo em razão da Páscoa

Páscoa

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que não haveria trégua por motivo da Páscoa ortodoxa: “Ninguém a propôs”. Com esta frase, jogou um balde de água fria naqueles que esperavam que se repetisse o gesto do Natal ortodoxo anterior, embora o alto ao fogo durou apenas alguns minutos e não as 76 horas que deveria, acusando-se ambas as partes de violar o acordo. 

Na semana passada, o presidente da União Mundial de Velhos Crentes (uma divisão de cristãos ortodoxos russos), Leonid Sevastianov, citou uma conversação privada com o Papa Francisco, na qual assevera que o pontífice propôs uma trégua de duas semanas na zona de conflito na Ucrânia durante a Semana Santa e a Páscoa de católicos e ortodoxos. Porém, o Kremlin sustenta que o Vaticano não lhe fez chegar sua iniciativa de maneira oficial, além de que “Kiev não quis respeitar o alto ao fogo que Moscou promoveu”.

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Documentos vazados do Pentágono

Agora que continua nos Estados Unidos o escândalo pela divulgação de documentos secretos do Pentágono e das agências de inteligência estadunidenses, Peskov aproveitou a ocasião para ironizar a notícia de que Washington estava espionando o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky:  

“Já veem que interessantes são as divulgações. Todas se estudam, se analisam, se discutem amplamente. Há muito tempo, não é nenhuma novidade que os Estados Unidos costumam espionar vários chefes de Estado, especialmente em capitais europeias, causando várias situações embaraçosas. Portanto, não se pode descartar isso (a espionagem a Zelensky).”

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Ofensiva contínua

Enquanto isso, a ambos os lados da linha de frente, as posições praticamente não se moveram – salvo as várias centenas de metros que nos dias recentes puderam avançar as tropas russas no centro das ruínas do que era a cidade de Bakhmut, ainda defendida, rua a rua, pelo exército ucraniano –, uns e outros continuam acumulando forças e transferindo armamento para sua eventual ofensiva de primavera. 

O fator tempo – o pronto degelo que inundou várias zonas de combate – e a falta de projéteis de artilharia que padecem russos e ucranianos, influi em adiar o começo dos ataques em grande escala que ambos preparam desde que começou o inverno. A Rússia tenta avançar, além de Bakhmut, em outras três direções – Marinka, Avdiivka e Limán –, segundo a vice-ministra de Defesa Ucraniana, Ana Maliar.

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O especialista militar Nikolai Mitrojin assegura que, neste momento, a Ucrânia lança um projétil de artilharia a cada onze segundos, isto é, em torno de 7,7 mil por dia, enquanto a Rússia, apesar de também necessitar mais projéteis para se impor, dispara até três vezes mais. 

No começo de março, em uma carta que se divulgou na imprensa, o ministro de defesa ucraniano, Aleksei Reznikov, solicitou à União Europeia o envio de 250 mil projéteis de 125 mm por mês, embora as onze companhias europeias que fabricam esse tipo de projétil podem produzir 650 mil por ano.

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Ainda assim, Bruxelas aprovou destinar dinheiro suficiente para adquirir até um milhão de projéteis de 125 mm, igual quantidade que a já entregue pelos Estados Unidos, de acordo com o New York Times.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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