UOL - O melhor conteúdo
Pesquisar
Pesquisar

PetroYuan: sanções fazem Rússia, Índia e China avançarem contra supremacia do dólar

Medidas buscam conectar moedas, cartões e sistemas bancários nativos; US$ 500 milhões em pagamentos russos a exportadores indianos estão paralisados
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul Global
Bauru (SP)

Tradução:

Apesar de o comércio bilateral entre Rússia e Índia representar apenas 1,5% do total de transações indianas, o país asiático depende fortemente de equipamentos e peças de defesa de Moscou. Por isso, ambos os países procuram alternativas para a execução de transações comerciais e superação dos bloqueios impostos ao país euro-asiático, agora fora da rede de pagamentos Swift, em razão dos conflitos na Ucrânia.

A resposta pode estar em movimentar as quantias através de moeda, cartões e bancos nacionais de cada país. Dmitri A. Solodov, porta-voz da embaixada russa em Nova Deli, já orientou aos credores indianos que se conectem ao sistema de mensagens financeiras do Banco da Rússia.

Continua após o anúncio

Outra medida, já em discussão pelo Banco das Reservas da Índia e pelo Banco da Rússia, é a aceitação dos cartões Rupay, da Índia, e MIR, da Rússia, nas infraestruturas nacionais de pagamento, além da interação da interface unificada de pagamento e do sistema de pagamento rápido do Banco da Rússia.

O uso de moedas nacionais já é promovido entre ambos os países e outras nações que também compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), de acordo com Solodov, e há anos existem negociações para aperfeiçoar o modelo. Já o pagamento de importadores russos a exportadores indianos em rúpias (sistema rupia-rublo) já foi tentado em pequena escala no comércio de itens como chá.

Continua após o anúncio

Avanço na cooperação com China pode blindar Rússia contra sanções dos EUA

A tendência, afinal, é buscar diminuir a dependência do dólar — e do euro — para transações internacionais. Devido às sanções ocidentais contra Moscou, US$ 500 milhões em pagamentos da Rússia à Índia se encontram paralisados.

Até mesmo cidadãos russos poderiam se beneficiar da aliança, utilizando a rede RuPay para transações. Desde que bancos russos e a rede MIR se juntaram ao sistema da operadora chinesa UnionPay, as redes de cartões ocidentais Visa, Mastercard e American Express suspenderam as operações em território russo.

Medidas buscam conectar moedas, cartões e sistemas bancários nativos; US$ 500 milhões em pagamentos russos a exportadores indianos estão paralisados

Max Pixel
Se concretizadas, transações de petróleo em yuan significariam queda no excedente de dólar norte-americano por compradores internacionais

Continua após o anúncio

Recorrer à China para se afastar do dólar é um movimento feito também pela Arábia Saudita, que há seis anos negocia para vender petróleo a Pequim em yuan e estaria próxima de efetivar o modelo.

A mudança seria motivada pela crescente frustração de Riad com Washington, em razão das hostilidades da administração Biden em relação à guerra da coalizão liderada pelos sauditas no Iêmen e a intenção estadunidense de reviver o acordo nuclear com o Irã de 2015. 

A China, maior importadora de petróleo bruto do mundo, ao mesmo tempo tem oferecido incentivos à Arábia Saudita, além de já ser compradora de 25% das exportações de petróleo saudita.

A notícia do potencial negócio, veiculada pelo The Wall Street Journal na última terça-feira (15), já levou ao aumento da cotação do yuan offshore em relação ao dólar, ainda que abaixo em relação ao seu valor há alguns dias. 

Continua após o anúncio

O Departamento de Estados dos EUA, por sua vez, declarou que não tem pedido aos seus aliados que escolham entre eles e a China.

Se concretizadas, transações de petróleo em yuan significariam queda no excedente de dólar dos EUA por compradores internacionais, ao mesmo tempo em que seriam valorizados a moeda, o comércio e os investimentos na China. 

*Com informações de Sputnik Brasil e Prensa Latina

Guilherme Ribeiro é redator na Revista Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul Global. Mais conteúdos em guilhermeribeiroportfolio.com

LEIA tAMBÉM

18nov2024---equipes-de-resgate-trabalham-apos-ataque-em-odessa-na-ucrania-1731935990303_v2_900x506
Cessar-fogo na Ucrânia: entenda as razões de Putin para hesitar em aceitar a proposta
Captura de tela 2025-03-12 171553
Em dois dias, ofensiva russa faz Ucrânia perder 30% do controle de Kursk; negociações seguem
Putin minimiza bravatas de Trump Duvido que tome decisões prejudiciais à economia dos EUA
Putin minimiza bravatas de Trump: "Duvido que tome decisões prejudiciais à economia dos EUA"
Ataque de Israel à ONU renderia chuva de sanções, mas tudo podem os aliados de Washington
Ataque de Israel à ONU renderia chuva de sanções, mas tudo podem os aliados de Washington