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Foto: Presidência da Ucrânia / Flickr

“Plano de Vitória”: Zelensky expõe fracasso e desespero por poder

Projeto apresentado à União Europeia no mês passado visa, mais uma vez, obter armas, equipamentos e dinheiro, sem apresentar caminhos para reverter as derrotas no campo de batalha
Hedelberto López Blanch
Resumen LatinoAmericano
Havana

Tradução:

Ana Corbisier

Quando as forças russas controlam quase todas as regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson, assim como se prevê a iminente expulsão do exército ucraniano que penetrou na província de Kursk, Volodymyr Zelensky apareceu, em 17 de outubro, na cúpula da União Europeia em Bruxelas apresentando seu denominado “Plano de Vitória”, aparentemente concebido como uma tentativa de propaganda de um iminente derrotado.

As perdas ucranianas foram demolidoras no último ano e Kiev teve que recorrer ao recrutamento forçado de reclusos e até de jovens que estavam em restaurantes e festas familiares. O desespero de Zelensky para se manter no poder é doentio.

Plano de 5 pontos e 3 anexos “secretos”

Seu denominado Plano de Vitória abrange cinco pontos e três anexos secretos que propõem:

1. Convite imediato à Ucrânia para aderir à Otan.

2. Continuação das operações em território russo. Realização de operações de defesa conjuntas com os países europeus para derrubar drones sobre a Ucrânia. Eliminação de restrições ao uso das armas ocidentais contra alvos em território russo.

3. Acesso à informação de inteligência dos sócios ocidentais. Abrigar na Ucrânia um amplo sistema de dissuasão estratégica não nuclear, que deveria proteger o país no futuro. Este ponto também prevê a produção conjunta de armas na Ucrânia e seu financiamento.

Ucrânia acumula perdas de território e está cercada pela Rússia em Donbass

4. Desenvolvimento do potencial econômico da Ucrânia e reforço da pressão econômica sobre a Rússia. A Ucrânia tem recursos importantes, tais como urânio, titânio, lítio, que podem ser utilizados para o crescimento econômico do país e da UE. A assinatura de um acordo especial sobre proteção e investimentos conjuntos na extração e uso destes recursos e outros acordos com a UE e os Estados Unidos.

5. Uma vez finalizado o conflito, os militares ucranianos poderão utilizar sua experiência para reforçar a defesa da Otan e, em particular, da Europa. O contingente estadunidense na Europa poderia ser substituído pelos militares ucranianos.

Nada de novo

Como se deduz, até aqui este plano não tem nada novo e foi outra tentativa de Zelensky de tentar adormecer seus chefes ocidentais para continuarem lhe entregando armas, equipamentos bélicos e dinheiro.

O documento lido pelo presidente ucraniano — que se mantém no poder argumentando com o estado de exceção que rege o país (segundo a Constituição, as eleições deveriam ter sido realizadas em março passado) — não foi muito bem recebido pelos representantes da União Europeia e da Otan.

Putin e Zelensky recusam cessar-fogo proposto por Orbán na guerra na Ucrânia

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, destacou que não se pode ganhar com este plano de vitória, só perder.

Para o diário estadunidense The Washington Post, o plano de vitória de Zelensky provavelmente estará muito longe da vitória retumbante que muitos esperavam, na medida em que o cinismo e a fadiga se instalam entre os aliados ocidentais da Ucrânia.

Plano camuflado

Dmitry Peskov, secretário de imprensa da Rússia, foi além ao aduzir que este é o plano estadunidense para lutar contra os russos até o último soldado ucraniano e que Zelensky camuflou e denominou de plano de paz.

Certamente, o plano quase não tem nenhuma nova proposta e só consiste em pedidos de novos financiamentos, no levantamento de restrições ao uso das armas ocidentais contra o território da Rússia, que já foi discutido por muitos meses, e a adesão da Ucrânia à Otan, que Kiev busca desde o início do conflito.

“Conferência pela Paz” de Zelensky: plano da Otan é manter guerra “até o último ucraniano”

Enquanto isso, a Rússia reiterou em várias ocasiões que, para alcançar a paz, são necessários a retirada da Ucrânia dos novos territórios russos; o status ucraniano neutro, não nuclear e não alinhado a blocos; cessar-fogo imediato e negociações.

Como diz o ditado, Zelensky foi buscar lã e saiu tosquiado. Claro que os milionários dirigentes da União Europeia e da Otan continuarão lhe dando apoio na tentativa de debilitar o gigante eurasiático.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Hedelberto López Blanch Jornalista, escritor e pesquisador cubano, especialista em política internacional.

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