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Porto Rico homenageia o jornal Claridad

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Em 25 de fevereiro se celebrou a 43a edição do Festival de Apoio ao jornal independentista Claridad.

Homenaje al periódico ClaridadEste ano, diferente de outras ocasiões em que se homenageava a um artista ou grupo de pessoas, este ano se homenageou a um Porto Rico expansivo e em resistência, a todas as pessoas que no território ou na diáspora borinquen vêm resistindo através das décadas às consequências da relação colonial entre Estados Unidos e Porto Rico, uma das mais longas, repressivas e de maior exploração socioeconômica na região do Caribe hispânico e América Latina.
Por conta de nossa história de luta e dos alarmantes acontecimento ocorridos desde a posse do governo de Ricardo Rosselló no início do ano, o Comitê Executivo de Claridad e o Comitê do Festival decidiram organizar uma homenagem que incluísse a todas e todos os porto-riquenhos que batalham diariamente contra as injustas medidas que lhes são impostas.
“Podemos fazer um relato exaustivo de tantas instâncias em que se tem combatido ativamente”, disse a diretora do jornal, Alida Millán, no discurso de abertura do Festival no dia 16 de fevereiro. Acrescentou que “desde nossos ancestrais indígenas até o nacionalismo dos anos 30, 40 e 50; desde as sufragistas dos séculos XIX e XX até as primeiras líderes operárias feministas; dos tabacaleros (trabalhadores do fumo) até os boias frias da cana e as trabalhadoras tecelãs, das famílias que emigraram a Nova York e Chicago até as que se estabeleceram em Orlando; da nova luta independentista até o socialismo e o ativismo eleitoral pela independência; de cada greve estudantil e a vitória da Ilha Nena até cada pedaço de terra, água e ar salvaguardado para o país em cada luta por justiça ambiental; da luta armada revolucionária até as campanhas para libertação de nossos presos políticos; de cada batalha travada e cada compromisso com a imaginação de um país mais justo e equitativo com direitos para todos e todas sem importar sexo, identidade de gênero, nacionalidade ou condição social”.
Cabe mencionar, em seguida a essa lista histórica, que as resistências do povo porto-riquenho nos últimos tempos tem sido contra: a imposição da Junta de Controle Fiscal e a Reforma Trabalhista, a desestabilização do sistema da Universidade de Porto Rico, os contratos injustos nas instituições públicas do país, a construção de Paseo Caribe em Puerta de Tierra, o depósito de cinzas tóxicas em Peñuelas, a construção de Costa Serena em Piñones, a construção do Supertubo, a Lei 7 que impôs a Luis Fortuño, a incineradora de Arecibo, a fumigação com Naled.
Há que agregar ainda a resistência da Coalizão Playas pal Pueblo em Caronina, a luta travada pelos residentes das comunidades do G8 para exigir o dragado do Caño Martín Peña, iniciada em janeiro pelos moradores de Playuela em Aguadilla, entre tantas outras.
Por tudo isso, a homenagem ao Povo em Resistência é uma ampla e difícil de simbolizar num só setor. Não obstante, estiveram como convidados do Festival alguns dos grupos de luta e resistência. Um punhado de representantes de cada movimento – Seletivo Jornada Se Acabaram las Promessas, Acampamento contra o depósito de cinzas, Casa Povo em Adjuntas, comunidade de Arecibo afetada pela incineradora, e Mulheres por Oscar – agitaram suas bandeiras durante os quatro dias enquanto se escutava ao fundo o hino revolucionário de Porto Rico.
Outras das lutas que utilizam Claridad como ferramenta é a pela defesa da cultura porto-riquenha. Desde que foi fundado esse jornal tem dado espaço a todas e cada uma das expressões culturais do país. A cultura é bastião central da nacionalidade, por isso não é surpresa que um jornal feito para a luta pela independência de Porto Rico tenha a cultura como um de seus baluartes. O Festival  de Apoio a Claridad se converteu numa grande festa com música e baile, e também num espaço para poesia, o teatro, colóquios, leitura de contos infantis, performances entre outras manifestações.
No palco Estrella projetaram os jovens artistas que começam a despontar: Nutopia, Madera Fina, Vejigante Dub, Moreira, Bebo Rodríguez, los DJ’s: LaNigros, Aguacero, H-Pax, Lucha Libre, Los Cerezos, Los Bronson, Baba Gris, Polem, o coletivo de poesia negra Afro Versivo e o grupo de teatro performance Jóvenes de 98, para mencionar alguns dos que se apresentaram no fim de semana.
No palco Claridad estiveram presentes artistas veteranos como os cantadores Roy Brown, Zoraida Santiago y Mikie Rivera, la orquestra Nacional Criolla Mapeyé, Andy Montañez y su orquestra, Ausuba, Pleneros de la 23 Abajo, Yubá Iré, Pirulo y la Tribu, Así Somos, Plena Libre, La Muza, Taller Típico Criollo de Caguas, Decimania de PR, Atabal, a orquestra El Macabeo, entre outros para todos os gostos e toda la família.
O Povo em Resistência se viu refletido e apoiado pelas páginas de Claridad, tal como se viu no cartaz do Festival deste ano, alusivo às propagandas idealizadas na antiga União Soviética e criado pelo jovem artista porto-riquenho Yiyo Tirado.

Oscar encarna a resistência

O nome de Oscar López Rivera, que desde quando em prisão e fora dela, simbolizou e simbolizará o grande desafio centenário contra todo prognóstico de injustiça social, esteve presente durante todo o Festival. Todos os artistas e personagens que passaram pela evento, bem como os artesãos, ressaltaram a figura de Oscar.
“Quero usar dum momento para dizer-lhes meu mais profundo agradecimento a toda equipe de Claridad, porque, se Óscar López Rivera está em sua pátria e logo caminhará livre, em parte é graças a todos os que escrevem e publicam neste jornal. Claridad há anos vem advogando para que possam caminhar livremente todos os nossos presos políticos e conseguimos com Oscar López Rivera”, disse o parlamentar Luis Gutiérrez.
O exemplo más imediato do que consegue um movimento sólido do povo se vê pela vitória obtida com a campanha pela libertação do companheiro Oscar. Nesta edição 43a do Festival de Apoio a Claridad, se reconheceu a resistência do povo porto-riquenho e a necessidade imperante de que essa luta não desvaneça. Também se comemorou com muita alegria que graças à resistência do povo unido, Oscar regressou a seu Porto Rico.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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