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Christopher Goulart*
É simplesmente incrível! Até mesmo triste esta situação onde testemunhamos nos jornais os mais diversos posicionamentos desprovidos de qualquer senso democrático. Pregações golpistas surgem como a grande salvação do Brasil em nome da “integridade Nacional”, como é o caso de um artigo publicado recentemente em Zero Hora, assinado por um ex-chefe do Estado-Maior de Defesa.
As viúvas da ditadura militar são conhecidas, repetindo reiteradamente a verve golpista durante o transcurso de nossa história republicana. São os mesmos, em versões pioradas, iguais aos que não aceitavam a eleição democrática de Getúlio Vargas em 1950.
Que tal recordarmos um ícone do golpismo, chamado Carlos Lacerda? Ele que vociferava seu ódio: “O sr. Getúlio Vargas, não deve ser candidato. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.” Os métodos são reproduzidos, justamente no ano do cinquentenário do golpe civil-militar de 1964.
Nestes momentos de “intranquilidade”, sempre será bem-vinda a lembrança dos coronéis reacionários de fevereiro de 1954 que exigiam a deposição do ministro do Trabalho João Goulart, pelo crime de dobrar o salário mínimo. Os mesmos que alardeavam “o perigoso ambiente de intranquilidade”, foram os que se prestaram para escrever os já conhecidos _ e lagrimados _ 21 anos de sequência de generais no poder. Os mesmos que sentem orgulho de um monstrengo chamado Ato Institucional 5, que teve como primeira medida o fechamento do Congresso Nacional. Cassações, torturas, assassinatos… está é a democracia que queremos!?
Aos que clamam pelo marchar dos coturnos, continência e tiro de fuzil vai a nossa mensagem de paz e liberdade. Neste país, senhores golpistas, a lição já foi aprendida. Os males da democracia, sabemos, serão combatidos com muito mais democracia. Contra os criminosos, nossos plenos esforços de que sejam aplicados os duros rigores da lei. A missão agora é advertir sobre a farsa dos que insistem em ver tanques de guerra nas ruas. Reafirmar nosso compromisso de zelar pela democracia como resposta aos que buscam desesperadamente o retorno da tirania.
* Senador suplente eleito