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ToggleUma das grandes violações de direitos contra a infância e a juventude se perpetra diante dos olhos do mundo, sem provocar o menor movimento de reparação ou a busca urgente de soluções.
Para esta enorme quantidade de crianças e adolescentes que fogem de seus países de origem buscando refúgio longe de seu lar, não há resguardo.
Independentemente do que motivou este êxodo, ficou claro diante da comunidade internacional como as autoridades estadunidenses desfocaram seu olhar e sob as políticas racistas e xenófobas do ex-presidente Donald Trump, converteram as instalações fronteiriças em um campo de concentração no estilo das prisões de Guantánamo.
Crianças e adolescentes de todas as idades foram recluídos nessas imensas bodegas, separados de seus pais e sem atendimento psicológico, como uma forma de desincentivar a imigração, enviando essa dura mensagem àqueles que pretendem buscar sua sobrevivência no país do norte.
A nova administração enfrenta agora à tarefa monumental de desfazer os nós legais anti-imigração instalados pelo governo de Donald Trump, cujas decisões ocasionaram um dano irreparável a milhares de famílias centro-americanas que só buscam um refúgio contra a criminalidade desatada em seus países, perpetrada principalmente pelas autoridades de plantão.
anistia.org
A infância é sacrificada em aras da corrupção e da desídia
Olhos fechados
Enquanto a infância é sacrificada em aras da corrupção e da desídia daqueles que governam seus países de origem – especialmente Guatemala, Honduras e El Salvador – estes líderes políticos fecharam os olhos diante da inconcebível violação dos direitos humanos de sua população mais jovem e a abandonam à sua sorte, concentrados em acumular riqueza pessoal e utilizar os fundos públicos para a consolidação de suas redes de influência.
Nesta tarefa não estão sozinhos: contam com o irrestrito apoio das poderosas organizações empresariais e o respaldo de militares, congressistas, juízes e magistrados, cuja influência de Estado corrompeu até a medula os entes políticos e judiciais.
Antes de assinalar com tanta dureza as famílias das quais desertam estas milhares de crianças e adolescentes, é importante lançar um olhar à situação na qual vivem suas populações.
Privações
Privadas de atenção estatal, de serviços básicos, de segurança sanitária e de fontes de trabalho devido ao esbanjamento e descarado daqueles que têm a responsabilidade e a decisão sobre as políticas públicas em educação, saúde e alimentação, encontram-se encurraladas em um círculo vicioso de violência do qual é impossível escapar.
A isso se deve somar a desnutrição crônica infantil, cujo efeito sobre mais da metade da infância a condena a uma morte lentaredes de tráfico de pessoas e de drogas, cujas operações impunes contam com a proteção dos governos.
Para as sociedades destes países, a situação da infância errante não é prioridade.
Concentrada em assuntos que lhe tocam muito mais de perto, como a própria sobrevivência, tem um olhar seletivo quando se trata de crianças a adolescentes de setores pobres.
Esta indiferença é também um fator decisivo no destino deste grande conglomerado, dado que seus problemas e carências não afetam de maneira contundente a sensibilidade coletiva, e a sociedade prefere focar-se em temas que lhes tocam de maneira direta.
Esta é uma das razões do abandono: a falta de incidência nos assuntos dos Estados e a escassa vontade de lutar para recuperar a integridade de suas instituições. Neste cenário, a infância perde todas.
A infância carece de oportunidades onde seu bem-estar não é prioritário.
Carolina Vásquez Araya, Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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