EUA e Alemanha têm dois anos para reconsiderar a decisão de instalar mísseis estadunidenses de curto e médio alcance em território alemão; se não o fizerem, a Rússia responderá com “medidas simétricas” e, entre outras, posicionará sistemas de mísseis capazes de atingir alvos na Europa de entre 500 e 5.500 quilômetros de distância, cujo design se encontra em “fase final”.
Em síntese, este é o alerta que lançou no último domingo (28) o presidente Vladimir Putin no breve discurso que proferiu na cerimônia para comemorar o Dia da Marinha russa em São Petersburgo, que incluiu o desfile de cerca de vinte navios de guerra, assim como três embarcações estrangeiras: um navio-escola da Argélia, um destróier da China e uma fragata da Índia.
Ao se referir à recente declaração conjunta de Washington e Berlim em que anunciam ter acordado instalar mísseis de alta precisão no território da Alemanha, a partir de 2026, Putin advertiu: “Se os Estados Unidos levarem a cabo esses planos, nos consideraremos liberados da moratória unilateral assumida anteriormente sobre o desdobramento de armas de curto e médio alcance, incluindo a melhoria da capacidade de combate das forças costeiras da nossa Marinha”.
De acordo com o mandatário russo, esses mísseis estadunidenses, se instalados em solo alemão e que poderiam “portar ogivas nucleares”, levariam em média “não mais de 10 minutos de voo” para alcançar “importantes sedes do governo e centros de comando das forças armadas, assim como infraestruturas militares” da Rússia.
Por esse motivo, o Kremlin “tomará medidas simétricas e posicionará seus sistemas de armas, cujo design se encontra em fase final, em função do que fizerem os Estados Unidos e seus satélites da Europa e outras regiões do mundo”, sublinhou Putin, dando a entender que instalará seus mísseis de curto e médio alcance onde considerar mais oportuno para reforçar a segurança nacional da Rússia.
Acordo sobre mísseis venceu em 2019
A União Soviética e os Estados Unidos decidiram em 1987 destruir seus mísseis de curto e médio alcance na Europa, dentro do intervalo de 500 a 5.500 quilômetros, mas o respectivo tratado deixou de vigorar em 2019 em meio a acusações recíprocas de descumprimento de seus termos.
Não obstante, a Rússia assumiu então o compromisso de não ser a primeira a desdobrar esse tipo de armamento e, conforme reiterou Putin neste domingo, depende de os Estados Unidos manterem ou não.
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* Linha-fina alterada às 20h50 de 30/07/2024: termo “atingiram” corrigido para “atingiriam”.