Pesquisar
Pesquisar
Imagem ilustrativa: U.S. Indo-Pacific Command

Putin promete “medidas simétricas” caso EUA instalem mísseis de alta precisão na Alemanha

Mísseis dos EUA podem portar ogivas nucleares que atingiriam unidades-chave do Kremlin em até 10 minutos, afirma Putin
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

EUA e Alemanha têm dois anos para reconsiderar a decisão de instalar mísseis estadunidenses de curto e médio alcance em território alemão; se não o fizerem, a Rússia responderá com “medidas simétricas” e, entre outras, posicionará sistemas de mísseis capazes de atingir alvos na Europa de entre 500 e 5.500 quilômetros de distância, cujo design se encontra em “fase final”.

Em síntese, este é o alerta que lançou no último domingo (28) o presidente Vladimir Putin no breve discurso que proferiu na cerimônia para comemorar o Dia da Marinha russa em São Petersburgo, que incluiu o desfile de cerca de vinte navios de guerra, assim como três embarcações estrangeiras: um navio-escola da Argélia, um destróier da China e uma fragata da Índia.

Ao se referir à recente declaração conjunta de Washington e Berlim em que anunciam ter acordado instalar mísseis de alta precisão no território da Alemanha, a partir de 2026, Putin advertiu: “Se os Estados Unidos levarem a cabo esses planos, nos consideraremos liberados da moratória unilateral assumida anteriormente sobre o desdobramento de armas de curto e médio alcance, incluindo a melhoria da capacidade de combate das forças costeiras da nossa Marinha”.

De acordo com o mandatário russo, esses mísseis estadunidenses, se instalados em solo alemão e que poderiam “portar ogivas nucleares”, levariam em média “não mais de 10 minutos de voo” para alcançar “importantes sedes do governo e centros de comando das forças armadas, assim como infraestruturas militares” da Rússia.

Por esse motivo, o Kremlin “tomará medidas simétricas e posicionará seus sistemas de armas, cujo design se encontra em fase final, em função do que fizerem os Estados Unidos e seus satélites da Europa e outras regiões do mundo”, sublinhou Putin, dando a entender que instalará seus mísseis de curto e médio alcance onde considerar mais oportuno para reforçar a segurança nacional da Rússia.

Acordo sobre mísseis venceu em 2019

A União Soviética e os Estados Unidos decidiram em 1987 destruir seus mísseis de curto e médio alcance na Europa, dentro do intervalo de 500 a 5.500 quilômetros, mas o respectivo tratado deixou de vigorar em 2019 em meio a acusações recíprocas de descumprimento de seus termos.

Não obstante, a Rússia assumiu então o compromisso de não ser a primeira a desdobrar esse tipo de armamento e, conforme reiterou Putin neste domingo, depende de os Estados Unidos manterem ou não.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
* Linha-fina alterada às 20h50 de 30/07/2024: termo “atingiram” corrigido para “atingiriam”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Agrotóxicos_Europa_UE_America_do_Sul
"Colonialismo químico": UE inunda América do Sul com agrotóxicos proibidos em solo europeu
Kamala_Trump_EUA
Nem Trump, nem Kamala: quem vai seguir no comando dos EUA são os bilionários
Revolução colorida em Bangladesh - 4 pontos para entender a operação dos EUA contra Hasina
Revolução colorida em Bangladesh: 4 pontos para entender a operação dos EUA contra Hasina
Bombardeio_Russia_Poltava_Ucrania
Kremlin: alvo em Poltava instruía ataques a drone contra Rússia e era dirigido por estrangeiros