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Quem mata mais: a política genocida do governo ou a irresponsabilidade social?

Neste outubro, completam dois anos da fraude eleitoral de 2018. Tempo perdido. Dois anos de retrocesso civilizatório
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Impressionante a volta espontânea à “normalidade” que não é normal. As praias e logradouros públicos com multidões, sem os cuidados devidos, já fizeram com que aumentasse o número de mortos. 

Na primeira semana de novembro já se contabilizava 150 mil mortos. Como pode parecer normal uma coisa dessas? É duas vezes a população de uma cidade como Amparo. Ou como se de um dia para outro desaparecesse uma cidade do tamanho de Pindamonhangaba.

Estamos falando de pessoas.

Como explicar tal irresponsabilidade coletiva? 

Neste outubro, completam dois anos da fraude eleitoral de 2018. Tempo perdido. Dois anos de retrocesso civilizatório

Reprodução: pixabay
Na primeira semana de novembro já se contabilizava 150 mil mortos.

Não consigo admitir que o império da mediocridade chegue a tais proporções no país. Isso me leva a considerar que nada diferente se pode esperar de gente que mata mendigo, que mata mais de três mulheres por dia, põe fogo em favela, incendeia florestas, caga na própria água que vai beber. Isso tudo sem nenhum senso civilizatório. O governo tem um excelente caldo de cultivo para suas necropolíticas. 

As 60 mil mortes pela violência a cada ano tampouco sensibiliza. Para os crentes e ingênuos é porque Deus quer. É assim que as coisas funcionam…

O SUS pede socorro

Por conta da pandemia da Covid-19, provocada pelo vírus SARS-CoV-2, foi decretada emergência nacional. Fizeram hospitais de campanha por toda parte, mas mesmo assim o SUS deixou de atender centenas de milhares de casos, como por exemplo, cirurgias eletivas. Por conta das emergências, abandonaram o atendimento normal e as ações preventivas. Agora estão às voltas com a incapacidade de atender tremenda demanda.

Falha do SUS? Não. certamente que não. A falha é da administração. A emergência exigia planejamento de guerra, mas fizeram o cosmético, não o que era necessário. Resultado: 10 mil mortos em julho.

Houve retrocesso de 12 anos no atendimento de casos eletivos. Em 2020, foram atendidos 188 mil casos, contra os 218 mil atendidos em 2016. Atendimentos cirúrgicos, foram um milhão a menos. Como deixaram de atender um milhão de casos de cirurgia?

Como consequência da Pandemia, parou também o atendimento de saúde mental. Nove mil casos sem atendimento, o que é grave em um país que está em surto psicótico.

Despiram um santo para vestir outro. O SUS não devia ter parado e outro sistema de emergência deveria estar funcionando paralelamente. As três forças armadas possuem esquema para montagem de hospitais em caso de emergência e não se dedicaram a atender o público.

Na Espanha, no Uruguai e na Argentina, por exemplo, toda a rede particular foi incorporada ao sistema público. 

E de quem é a culpa?

Neste outubro, completam dois anos da fraude eleitoral de 2018. Tempo perdido. Dois anos de retrocesso civilizatório.

A posição ficou abestalhada, protestos pontuais aqui ou acolá, alguns reprimidos. A falta de foco dos democratas e da esquerda deixou o Judiciário à vontade para pactuar com os militares e legalizar o arbítrio. 

Tomemos como exemplo o movimento sindical. Quando Michel Temer iniciou a desmontagem da CLT, impondo a precarização, não houve nada além de protestos, declarações. Nenhuma reação para mobilizar a sociedade em defesa de direitos que custaram séculos de lutas dos trabalhadores.

Os petroleiros não conseguem parar a desmontagem e a liquidação da Petrobras. Sozinhos, numa luta que deveria ser de toda a sociedade, pois não é uma simples empresa que está em jogo, são muito anos de pesquisa, de investimento em ciência e tecnologia, que estão sendo jogados no lixo.

Petróleo é a riqueza que assegura a soberania energética, impulsiona o desenvolvimento industrial e ainda produz excedente para exportação. 

Ainda é tempo de assumir a defesa da Petrobras como empresa de ciclo completo. Mas parece que está todo mundo acomodado. Nenhum dos candidatos mencionou a necessidade de defender a Petrobras.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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