O apelo para reativar o protagonismo da Conferência Permanente de Partidos Políticos de América Latina (Copppal), que celebrou sua XXXVII Reunião Plenária nesta capital, marcou o noticiário durante a semana.
A eleição do presidente do mexicano Partido Revolucionário Institucional (PRI), Alejandro Moreno, para encabeçar o fórum político durante os próximos três anos foi resultado de uma candidatura única conseguida por consenso, processo que refletiu a forma que a organização pode buscar a unidade na diversidade.
Além de refleti-lo em uma resolução específica, a Copppal, através da Declaração de Manágua emitido no encerramento de quatro jornadas de trabalho, condenou e rechaçou o bloqueio imposto há quase seis décadas pelos Estados Unidos a Cuba.
O documento de 17 pontos condenou a ofensiva do governo de Donald Trump contra Cuba ao endurecer o que qualificou de injusto e desumano bloqueio.
Reprodução Copppal
Também se pronunciou contra as tentativas desestabilizadoras da Casa Branca na Nicarágua e na Venezuela.
Ao mesmo tempo recordou a contraofensiva (das forças da direita continental) “que perpetrou golpes parlamentares, judiciais e cívico-militares que destituíram Manuel Zelaya em Honduras, Fernando Lugo no Paraguai, Dilma Rousseff no Brasil e forçaram a recente renúncia de Evo Morales na Bolívia.
Copppal rechaçou também de maneira total a intervenção estrangeira na região assim como qualquer tentativa de desestabilização apoiado por grupos econômicos, meios de comunicação e o uso arbitrário de setores do poder judicial, a fim de impor o neoliberalismo.
A América Latina e o Caribe estão em disputa, as imensas maiores dos povos levantam sua voz, manifestando-se nas ruas, reclamando justiça social, mudanças nos sistemas políticos, e uma distribuição mais equitativa da riqueza gerada pela nossa terra e pela nossa gente, afirma outro dos pontos do documento.
A Declaração de Manágua proclamou que ao se cumprir 40 anos de sua fundação, os princípios básicos que deram origem à Copppal, a luta pela liberdade, a igualdade, a distribuição equitativa da riqueza, a independência definitiva e a integração de nossos povos continuam vigentes e se projetam para o futuro.
Estes tempos requerem uma refundação da Copppal, assegurou o magistrado nicaraguense Francisco Rosales. Na sessão de abertura do segmento principal do encontro, Rosales transmitiu a saudação do presidente nicaraguense Daniel Ortega aos delegados de 28 países do subcontinente que representam 60 organizações.
Buscamos a unidade na diversidade, mas a partir de pontos essenciais como a autodeterminação, soberania e independência, pontos cardiais da declaração Oaxaca, ponto fundacional da Copppal em outubro de 1979, comentou Rosales.
O reposicionamento da direita no nível latino-americano e mundial é real, não é uma enteléquia e portanto é necessário buscar uma Copppal que possa enfrentar esse desafio.
Rosales insistiu em que não basta falar de democracia como uma ficção, mas vê-la através da participação cidadã e da busca de uma verdadeira justiça social.
Destacou também o papel importante desempenhado pelo representante do Partido Comunista de Cuba (PCC), Ángel Arzuaga e citou o trabalho aglutinador na busca do consenso realizada junto ao PCC pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), que assumiu a presidência da Copppal, o partido Socialista Unido da Venezuela e o anfitrião, a Frente Sandisnista de Libertação Nacional.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, al intervir na sessão de encerramento do evento apelou para a reanimação também da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), um marco na integração regional que por primeira vez agrupou os países do subcontinente fora da égide de Washington.
**Tradução: Beatriz Cannabrava
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