Meu bisavô era médico; tenho dois tios e um primo que eram médicos no interior; meu pai, farmacêutico do interior, era também curandeiro, parteiro. Tenho um recado deles pra vocês médicos que já disseram que vão votar no Bolsonaro.
Só por causa do Mais Médicos vocês vão votar num capitão do Exército que prega a tortura e a morte de seus desafetos? Para vingar-se do PT vocês vão castigar a Nação inteira?
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Tenho um recado também do maior cientista médico a atualidade, Miguel Nicolelis, aquele que fez um paraplégico chutar uma bola na abertura da Copa. O cientista mais premiado do mundo, não é filiado a nenhum partido, foi ao Tuca em ato de apoio a Fernando Haddad “para defender a democracia brasileira:
A tal da democracia liberal chegou no limite. Fiquei chocado de ver o aumento do fascismo na Suécia e nos Estados Unidos. Estamos diante de uma bifurcação histórica da democracia brasileira e da ciência brasileira. Dependendo do resultado da eleição, a ciência brasileira não existirá mais.
Eu não sou médico, sou jornalista viajado, e castigado por escrever o que penso. Tive que fugir do Brasil para não ser preso, torturado e talvez morto como foi meu amigo, diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog. Lá fora, exilado, se o país era democrático eu continuava escrevendo. Afinal, vivo disso. Onde eu chegava os militares pediam minha cabeça. Se o país se tornava ditadura militar fascista eles davam minha cabeça. Fui expulso de três países, e não podia entrar em outros tantos, a pedido do governo militar brasileiro.
Sei o que é viver entre gente que não aceita o pensamento divergente. Não sou petista, sempre fui e continuo sendo um brizolista, que acredita no potencial desenvolvimentista do Brasil. Já vivi aqui o pleno emprego. Vou votar no Haddad, não por ser a única opção, mas porque sei que se ele fizer um governo ruim, eu vou poder continuar escrevendo, fazendo críticas, mobilizando gente pra pressionar o governo e o PT para que acertem o passo. Se o PT fez governo ruim ou bom não é o caso. O importante é que as instituições da democracia funcionaram livremente: imprensa, justiça, organizações sociais etc.
E porque eu sei que com os militares no poder, apoiados pelos neopentecostais, e pelo neoliberalismo radical, não será um governo passageiro. Não mesmo. Eles estão executando um projeto estratégico de captura do poder. Quando os militares tomaram o poder em 1964 muita gente também achou que seria passageiro, que logo haveria eleições. Ficaram mais de duas décadas no poder, institucionalizaram a tortura como política de Estado.
O problema, minha gente, não é o PT. O problema é a ditadura do pensamento único imposta pela capital financeiro. Com o Haddad no poder teremos chance de formar uma grande e consistente Frente de Salvação Nacional, para libertar o país do capital financeiro e poder iniciar nova era de desenvolvimento e emprego.
Se o Paulo Guedes e o Bolsonaro chegarem ao poder, só haverá repressão, censura, perseguição e demonização dos movimentos sociais. Não haverá mais tribunais de justiça, só a justiça dos justiceiros armados.
É isso que está em jogo. Se não ouviu, ouça o discurso que o Bolsonaro fez no domingo para o povo de São Paulo e que está circulando na rede. Ele não admite os movimentos sociais, não admite imprensa crítica, diz que quer acabar com o PT e tudo o que não concorde com ele. Amanhã poderá ser um filho ou uma filha que serão perseguidos por discordarem da militarização das escolas.
Veja o vídeo do coronel Carlos Alves destratando a mais alta corte da justiça brasileira. Dizendo claramente que se não ganhar eleição haverá golpe. Que golpe que nada. Nos vamos derrotá-los nas urnas.
Veja também o vídeo com a fala do general Ajax Porto Pinheiro, que aprendeu a controlar favelados no Haiti, e me digam, sinceramente, é isso que vocês querem para o país de seus filhos e netos? https://nocaute.blog.br/2018/10/23/general-de-pijama-da-o-passo-a-passo-do-golpe/?fbclid=IwAR0RmrpPfnV3aJkL_WpCCQLrpx9GHt5CLt0AEoJM-SXs6WSE3NSi8imfuP0
Se já ouviu, ouça de novo e me diga se é realmente isso que vocês querem para seus filhos e netos.
Termino com a citação de Regina Reinert: Perder uma eleição é normal numa democracia. O problema é perder a democracia numa eleição