Dois informes de agrupamentos de defesa do jornalismo registram números sem precedentes de jornalistas encarcerados e detidos no nível mundial ao fazer seu trabalho nos Estados Unidos, ambas as cifras em parte resultado do incessante ataque contra os meios de informação por parte do governo de Donald Trump.
Pelo menos 274 jornalistas estão encarcerados por causa de seu trabalho informativo em 2020, reporta em seu informe anual sobre o tema o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) a cifra mais elevada desde que a CPJ iniciou seu monitoramento destes casos nos inícios dos anos noventa.
“É alarmante e indignante ver uma cifra recorde de jornalistas encarcerados” sobretudo em meio de uma pandemia, apontou Joel Simon, diretor executivo da organização. A cifra é o total dos jornalistas que se encontravam presos em 1º de dezembro de 2020, mas não registra o total dos que foram detidos e presos e depois libertados o longo do ano.
Três dos quatro países que mais prenderam jornalistas são encabeçados por aliados próximos do governo dos Estados Unidos: Turquia, Egito e Arábia Saudita. O outro país é a China.
Muitos foram detidos no contexto de protestos e tensões políticas, algumas relacionadas inclusive com o manejo da pandemia. “Esta onda repressiva é uma forma de censura que interrompe a livre circulação da informação e alimenta a infodemia”, afirmou Simon. O CPJ mostra que líderes autoritários buscaram controlar o relato oficial sobre a pandemia e seus efeitos.
Dois terços dos jornalistas presos no mundo foram acusados de cometer delitos contra o Estado.
O CPJ sublinha que a retórica hostil de Trump contra os meios tem alimentado as tendências contra a liberdade de imprensa em várias partes do mundo. “A cifra recorde de jornalistas presos em todo o mundo é o legado do presidente Trump em matéria de liberdade de imprensa”, acusou Simon.
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Pelo menos 274 jornalistas estão encarcerados por causa de seu trabalho informativo em 2020.
O informe relata que “a ausência de liderança mundial na promoção de valores democráticos – em particular por parte dos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump tem difamado infatigavelmente a imprensa e se irmanou com ditadores- … tem perpetuado a crise”.
Por sua vez, dentro dos Estados Unidos uma cifra sem precedentes de 117 periodistas foram detidos ou processados durante 2020 segundo um novo informe emitido esta semana pelo Freedom of the Press Foundation com base nos dados de seu projeto conjunto com o CPJ e o US Press Freedom Tracker.
As prisões demonstram um incremento dramático de mais de 1.200 % comparado com as cifras de 2019. Trinta e seis por cento das prisões foram acompanhadas de violência física. A maioria ocorreu com jornalistas que cobriam os históricos protestos pela justiça racial e contra a brutalidade policial contra os afro-estadunidenses.
“O informe demonstra uma crise de liberdade de imprensa sem precedentes nos Estados Unidos”, declarou Trevor Timm, diretor executivo da Freedom of the Press Foundation. “Jornalistas não deviam ter que se preocupar com a possibilidade de ser presos ao fazer seu trabalho” sustentou e denunciou que até o presente data há plena impunidade das autoridades que têm violado a liberdade da imprensa.
A organização também registrou mais de 960 casos de violações à liberdade da imprensa ao cobrir os protestos de justiça social, e mais de 60 ao cobrir a eleição.
Para mayor información; https://cpj.org/es/reports/2020/12/se-registra-cifra-record-de-periodistas-encarcelados-a-escala-mundial/https://pressfreedomtracker.us].
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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