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A Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade, anunciou, na declaração de seu XII encontro, apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff, rechaçando “energicamente toda tentativa de golpe de Estado no Brasil” e convoca a realização de “concentrações diante das embaixadas do Brasil no mundo, em solidariedade com o governo brasileiro e em repúdio às manobras golpistas e a repressão paramilitar contra o Movimento dos Sem Terra”.
Os intelectuais também manifestam preocupação com as recorrentes tentativas de desestabilização do governo da Venezuela. Veja a íntegra da carta:
Venezuela na encruzilhada
Declaração do XII Encontro da Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade “Venezuela na Encruzilhada: novos tempos, novos desafios”.
Os povos de Nossa América sofrem a ofensiva de recolonização conservadora por parte do imperialismo e as oligarquias locais. Pretende-se varrer com todas as conquistas dos processos progressistas regionais no campo da justiça social, a soberania, integração e gestação de um autêntico poder popular.
Nesse contexto, Venezuela é um alvo principal, tanto por suas enormes riquezas, como pela ameaça que seu exemplo de esperança representa.
A Revolução Bolivariano se submeteu, em dezembro de 2015, a um processo eleitoral debaixo de todo tipo de pressão. Lançaram contra o povo venezuelano uma guerra econômica, midiática e psicológica e se utilizam métodos desestabilizadores violentos com o emprego de agitadores assalariados, jagunços e paramilitares. A crise mundial e a queda induzida dos preços do petróleo agravaram dramaticamente a situação. O decreto imperial que qualifica Venezuela como uma ameaça “inusitada e extraordinária para a segurança nacional de Estados Unidos”, agregou um novo fator ao clima coercitivo que já vinha se estendendo.
Depois dos resultados eleitorais foi colocado em marcha um plano sinistro e bem elaborado que visa a derrubada do governo do presidente eleito legitimamente pelo povo, Nicolás Maduro Moros, e a destruição de tudo quando tenha a ver com a obra revolucionária, suas relevantes conquistas sociais e os ideais do comandante Hugo Chávez Frías.
A Venezuela revolucionaria aplicou pela primeira vez a distribuição da renda do petróleo a favor das maiorias e, diante das adversidades e obstáculos mais graves, empenhou-se em manter as políticas sociais em benefício dos pobres. Realizou audazes e complexas tarefas para solucionar os problemas estruturais da nação e conseguiu preservar a paz e a estabilidade. Trabalha para aglutinar as forças patrióticas e bolivarianas em torno da união civil-militar coerentes com a história libertária da nação. Continua empenhada na luta sem trégua contra a corrupção e o burocratismo, o fortalecimento das comunas e o reconhecimento dos direitos dos povos originários e afrodescendentes e da natureza.
Os integrantes da Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais “Em Defesa da Humanidade” ratificamos mossa solidariedade com a Revolução Bolivariana. Exigimos a derrogação imediata do infame decreto do governo estadunidense contra Venezuela. Repudiamos o hostilização da reação e a censura para calar a digna voz de Telesur.
Rechaçamos leis como a batizada pelo povo acertadamente como “de amnésia criminal” ou do “auto-perdão” para os que com suas ações sediciosas causaram e continuam causando morte e dor a muitas famílias venezuelanas, o que equivale a legalizar a impunidade.
Para que a América Latina e o Caribe possam de fato ser uma zona de paz, como proclamou o Celac, é imprescindível frear de maneira definitiva as tentativas golpistas contra o governo bolivariano e preservar a ordem constitucional. Tomemos como nosso o espírito ecumênico, humanista e inclusivo do Congresso da Pátria.
Convocamos a uma ampla mobilização em defesa da soberania e a autodeterminação do povo venezuelano e em apoio a todos os governos, líderes e ativistas progressistas da região, que estão sendo vítimas de uma verdadeira caçada pela reação interna e pelo Império. Um processo similar à Operação Condor está em marcha na América Latina, quando recrudesce a perseguição a todos os que lutam por objetivos emancipadores.
Apoio a Dilma Rousseff
A RED rechaça energicamente toda tentativa de golpe de Estado no Brasil e o uso faccioso da justiça para criminalizar dirigentes políticos populares como Dilma Rousseff, Lula da Silva e Cristina Kirchner. Exortamos a que façam concentrações diante das embaixadas do Brasil no mundo, em solidariedade com o governo brasileiro e em repúdio às manobras golpistas e a repressão paramilitar contra o Movimento dos Sem Terra.
Repudiamos o covarde assassinato de Berta Cáceres, dirigente do povo Lenca de Honduras, e nos pronunciamos pela libertação da lutadora indígena Milagro Sala, da Argentina, e do independentista porto-riquenho Oscar López Rivera, que cumpre pena há 35 anos.
Apoiamos as demandas de justiça pelo crime de Estado contra 43 estudantes de Ayotzinapa. Condenamos o paramilitarismo na Colômbia e o assassinato de 120 militantes da Marcha Patriótica no último ano, com um sério obstáculo contra os esforços de paz nesse país irmão.
A RED censura a tentativa de enlodar a autoridade política e ética do presidente da Bolívia Evo Morales, um de seus fundadores, através de uma estratégia de manipulação e mentiras. Expressa seu apoio ao presidente do Equador, Rafael Correa, a quem se tenta derrubar e é hostilizado persistentemente. Condena as tentativas de utilizar delinquentes comuns com fins políticos para desestabilizar o governo de El Salvador.
Vamos construir juntos uma plataforma, com uma agenda comum, de meios de comunicação anti-hegemônicos, que inclua Telesur e outros canais públicos, sites digitais, redes sociais, agências de notícias e emissoras comunitárias. É vital contribuir para o enriquecimento espiritual dos seres humanos através da arte livre da ditadura do mercado, e criar em nível massivo, sobretudo nas novas gerações, uma nova cultura oposta ao consumismo, que contribua à formação de um sujeito social não manipulável, solidário e crítico, que resista ao assassinato e o esquecimento de nossa memória, patrimônio identificativo e consciência histórica.
Como diria um de nossos poetas, “um povo que se torna forte através de sua linguagem e de seus atos libertos, é uma ameaça para o Império e é o amanhecer para a Humanidade”.
Caracas, 11 de abril de 2016