No último dia 18, a Igreja da Assunção, localizada em Santiago no Chile, foi incendiada por manifestantes que comemoravam o primeiro aniversário dos protestos no país. As imagens circularam rapidamente pela internet. E como esperado, gerou acalorados debates dentro e fora das fronteiras do nosso vizinho latino-americano.
Prontamente, os representantes da ala conservadora brasileira manifestaram-se em defesa da lei, da ordem e do sacro imóvel cristão.
O principal tópico ressaltado não foi a motivação da revolta popular chilena, mas sim, a “cristofobia”. Embalado pelo discurso de Jair Messias Bolsonaro na última Assembleia Geral da ONU que citava o termo, os aliados do presidente usaram as imagens como prova da perseguição sofrida pelos cristãos.
Palácio do Planalto
Jair Bolsonaro levanta uma Bíblica durante um culto de gratidão a Deus pela vida do presidente da República em Manaus.
Como é comum em um país onde a maioria esmagadora da população se denomina cristã, tenho vários entes queridos, amigos e amigas que podem sofrer com essa forma de preconceito. Com esta preocupação em mente, fui pesquisar sobre esta terrível perseguição aos seguidores de Cristo. E é isso que compartilho com vocês.
Segundo o último relatório do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), as religiões que mais sofreram ataques foram as de origens africanas. Apesar de ser minoria em território nacional, estas religiões sofreram a maior parte dos atos violentos registrados. Mas ataques que são contabilizados pelo Ministério não são as únicas formas de violência. E a violência política? E a representatividade?
O site oficial da Câmara dos Deputados informa que na 56ª legislatura4, há 195 deputados e 8 senadores signatários da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional. Por sua vez, a Frente Parlamentar Mista Católica Apostólica Romana conta com 207 deputados signatários e 9 senadores. Dos atuais 10 ministros do Supremo Tribunal Federal, 7 declaram-se como católicos. Já o chefe do executivo, o presidente que possui Messias no nome, elegeu-se em 2018 com o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Nesta rápida pesquisa, não consegui achar motivo algum que justificasse o termo “cristofobia”, mas não pude deixar de ficar comovido por esta injusta perseguição. Então, peço desculpas aos caros leitores e leitoras, mas preciso terminar estas linhas e fazer uma oração em apoio a esse povo tão sofrido.
* Eduardo Nunes, acadêmico de História, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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