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Regiões russas próximas à Ucrânia pedem socorro a Putin por bombardeios de Kiev

“Há que reparar ou compensar a perda de casas, apartamentos, devolver a eletricidade, o calor e o abastecimento de água", declarou presidente russo
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Resignadas por sua localização geográfica a sofrer os danos colaterais da “operação militar especial” – eufemismo de uma guerra que oficialmente nunca foi declarada até agora –, as regiões russas limítrofes com a Ucrânia pediram nesta quarta-feira (1º) ao titular do Kremlin, Vladimir Putin, que tome medidas para que, lançadas desde o lado ucraniano ou desviadas pelos sistemas de defesa antiaérea, deixem de cair bombas sobre suas casas. 

“Evidentemente, não há mais prioridade que evitar esses bombardeios, mas isso compete à dependência militar”, respondeu Putin, que é de se supor, em qualidade de comandante em chefe das forças armadas, ordenará reforçar a defesa antiaérea dessas regiões. 

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O governador de Briansk, Oleksandr Bogomomaz, revelou que desde que começou a campanha militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado, 235 moradias foram danificadas por impactos de projéteis, enquanto Roman Starovoit, governador de Kursk, mencionou que 23 edifícios de apartamentos e 379 casas tiveram que ser desocupadas no mesmo período.

Ambos participaram nesta quarta-feira, junto com o governador de Belgorod, Viacheslav Gladkov, de um encontro por videoconferência com Putin, no qual o presidente da Rússia reconheceu que nas regiões fronteiriças “há casas e apartamentos danificados ou destruídos por bombardeios da formação neonazista”. 

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Segundo o mandatário, “muitas pessoas estão em uma situação dramática: perderam suas residências, se viram obrigadas a se refugiar na casa de familiares ou em locais de residência temporária, sofreram cortes no fornecimento de água, calefação e eletricidade”.

A situação mais complicada se dá nestes momentos na região de Belgorod, onde 3.700 pessoas tiveram que ser evacuadas recentemente e as moradias danificadas alcançam uma superfície de 108 mil m², precisou o vice-primeiro ministro da Rússia, Marat Jusnullin, respondendo à pergunta de Putin.

“É um problema grave para muitos compatriotas”, refletiu o chefe de Estado russo, encomendando a Jusnullin: “Há que reparar ou compensar a perda de casas, apartamentos, outras propriedades, devolver a eletricidade, o calor e o abastecimento de água à operatividade normal”.

Enfocado pelas câmeras da televisão pública, Putin prometeu: “É necessário agir com rapidez e eficácia. Nenhuma trava burocrática deve demorar a solução destes problemas”.

“Há que reparar ou compensar a perda de casas, apartamentos, devolver a eletricidade, o calor e o abastecimento de água", declarou presidente russo

Kremlin
Putin: "Muitas pessoas estão em uma situação dramática: perderam suas residências, se viram obrigadas a se refugiar na casa de familiares"

Assédio da OTAN

Entretanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, tornou a insistir que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) utiliza toda a sua capacidade tecnológica para assediar a Rússia “24 horas por dia, sete dias por semana”. 

Segundo Peskov, “toda a infraestrutura militar da OTAN trabalha contra a Rússia. Todos os sistemas de inteligência da OTAN, incluídos os aviões de espionagem, a rede de satélites, operam 24 horas por dia, sete dias por semana em favor dos interesses da Ucrânia”. 

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O porta-voz disse que “tudo isto cria condições hostis para nós, que não podemos passar por alto”. 

Também se referiu à possibilidade de que os Estados Unidos, em lugar dos caças-bombardeiros que a Ucrânia pede, lhe entreguem uma variedade modificada de bombas de aviação que, aderidas aos mísseis Himars, possam alcançar alvos até uma distância de 150 quilômetros. Não obstante, restou importância a esse risco: 

“Sim, esta é uma forma direta para incrementar a tensão, para subir o grau de escalada. Estamos conscientes, e isso requer esforços adicionais de nossa parte. Mas uma vez mais, isto não mudará o curso dos acontecimentos, a operação militar especial continuará”, sublinhou Peskov.

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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