“Não é fácil mudar a realidade, mas pelo menos consegui fazer com que minha voz fosse ouvida pelo mundo…”. Essas poucas palavras da falecida colega jornalista Shireen Abu Akleh, cujo aniversário de dois anos de sua morte é lembrado nestes dias, ainda ecoam pelo mundo com seu significado profundo sobre o papel heroico dos jornalistas, apesar dos grandes desafios enfrentados em sua profissão, e a situação se torna ainda mais desafiadora quando se trata dos jornalistas palestinos.
Enquanto jornalistas por todo o mundo celebram o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e instituições internacionais emitem seus relatórios e publicações sobre as violações e crimes cometidos contra jornalistas por todo o planeta, os jornalistas palestinos celebram esse dia mundial em meio aos crimes de genocídio, especialmente em Gaza, enquanto documentam com suas canetas e câmeras a guerra de genocídio e limpeza étnica contra o povo palestino.
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Ao mesmo tempo em que os jornalistas da Palestina recebem o prêmio da UNESCO pela Liberdade de Imprensa em reconhecimento ao seu papel na cobertura da guerra israelense contra Gaza, prêmio este que foi recebido em seu nome pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Palestinos e vice-presidente da Federação Internacional de Jornalistas, o colega jornalista Nasser Abu Bakr, em uma cerimônia organizada pela ONU na capital da República do Chile, durante as comemorações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Nesse ínterim, somos confrontados com um tendencioso relatório da organização ‘Repórteres Sem Fronteiras’ a favor da narrativa sionista e claramente conivente com a ocupação, ao mencionar que o número de jornalistas palestinos mortos durante a cobertura da guerra foi de 13 de um total de 56 jornalistas mortos em circunstâncias não relacionadas ao seu trabalho profissional, sem mencionar os jornalistas palestinos presos nas prisões da ocupação.
É evidente que o relatório dos ‘Repórteres Sem Fronteiras’, com todas as suas mentiras e alegações contra os jornalistas palestinos, mostra claramente a cumplicidade dessa organização com os criminosos de guerra israelenses, que continuam a visar jornalistas, suas casas, locais de trabalho e famílias de maneira sistemática em uma tentativa desesperada de suprimir a verdade e impedi-los de desempenharem seu papel profissional na cobertura dos contínuos crimes israelenses pelo oitavo mês consecutivo, nos quais os jornalistas pagaram com suas vidas: com 135 jornalistas mortos, dezenas feridos e outros mais detidos, enquanto a ocupação destruiu cerca de 77 casas de jornalistas, matou cerca de 30 civis de suas famílias e destruiu cerca de 88 instituições de mídia.
Críticas ao “Repórteres Sem Fronteiras”
O relatório da ‘Repórteres Sem Fronteiras’, que é revoltante, não mencionou os crimes da ocupação contra os jornalistas palestinos, como repressão, tortura, prisão, desaparecimento forçado e confisco de seus equipamentos jornalísticos, além de proibir a entrada de equipamentos de segurança profissional, como capacetes e coletes à prova de balas. Além disso, o relatório não mencionou a proibição da entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza para cobrir os crimes de genocídio ocorridos aqui, bem como a decisão do Knesset [Parlamento] do estado de ocupação de proibir o trabalho do canal Al Jazeera em Jerusalém ocupada e nas áreas dos ‘48’ [áreas ilegalmente ocupadas por Israel a partir de 1948].
Por outro lado, o Prêmio UNESCO pela Liberdade de Imprensa de 2024 concedido a todos os jornalistas palestinos que cobriram a guerra israelense contra Gaza, com todo o seu significado e apoio moral aos jornalistas, é uma mensagem poderosa de que as organizações das Nações Unidas, lideradas pela UNESCO, desempenharão seu papel em apoio aos jornalistas e em garantir justiça na aplicação do direito internacional no que diz respeito à proteção da liberdade de imprensa e dos jornalistas. Isso alimenta a esperança na abertura de uma investigação internacional sobre os crimes de genocídio contra os jornalistas e proporciona uma oportunidade para o mundo alcançar justiça internacional e mostrar o compromisso dos estados em defender a liberdade de imprensa e garantir que os assassinos de jornalistas não escapem impunes.
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Por fim, apesar dos obstáculos e desafios significativos, e apesar da duplicidade de padrões internacionais que impedem a investigação e julgamento dos assassinos da colega jornalista Shireen Abu Akleh, que foi martirizada há dois anos ao vivo, o Procurador-Chefe do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, iniciou procedimentos para investigar os crimes cometidos pelo ocupante contra os jornalistas. No entanto, o Sindicato dos Jornalistas Palestinos e a Federação Internacional de Jornalistas, juntamente com todos os sindicatos e associações de jornalistas do mundo, estão determinados a prosseguir com medidas para responsabilizar e processar os perpetradores dos crimes israelenses contra jornalistas palestinos até que recebam a merecida condenação.