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Foto: Adolfo Sesto

República Dominicana tem eleição presidencial em maio: o que você precisa saber

País caminha para reeleger atual presidente; economia e segurança estão entre as principais preocupações dos dominicanos
Mariela Pérez Valenzuela
Prensa Latina
Santo Domingo

Tradução:

Ana Corbisier

Santo Domingo é a cidade receptora de pessoal estrangeiro acreditado em Porto Príncipe, a capital haitiana, e nacionais residentes ali, dado o perigo de permanecer neste território atacado e ocupado por gangues paramilitares que se enfrentam e que agora dirigem-se contra instituições e figuras que apoiaram o governo do demissionário primeiro-ministro Ariel Henry. A maioria dos diários dominicanos concentra sua atenção em dois grandes temas: as futuras eleições em que nove candidatos aspiram à primeira magistratura e os eventos que ocorrem na nação vizinha, apenas separada por uma fronteira de quase 400 quilômetros.

Nos últimos dias, o atual presidente, Luís Abinader, inaugurou um número importante de obras sociais em diferentes províncias como parte – segundo fontes opositoras – de proselitismo político, ainda que este tipo de ato faça parte de sua agenda com bastante frequência. Com a entrega de uma extensão da Universidade Autônoma de Santo Domingo (UASD) em Azua, em 19 de março, o mandatário terminou sua participação nestes eventos públicos, pois a Lei de Regime Eleitoral proíbe inaugurações durante os 60 dias anteriores à data das eleições.

A Junta Central Eleitoral (JCE) determinou que se continuasse com as entregas poria em desvantagem os restantes aspirantes à presidência em 19 de maio próximo; a presente disputa começou em 8 de março passado com a proclamação eleitoral, e culminará dois dias antes do confronto nas urnas.

Debate presidencial

Neste contexto, ganha espaços públicos o debate presidencial organizado pela Associação de Jovens Empresários entre os candidatos dos três partidos majoritários: o oficialista Revolucionário Moderno (PRM, Luis Abinader) e os opositores Força do Povo (FP, Leonel Fernández) e da Libertação Dominicana (PLD, Abel Martínez).

Fernández disse em recentes declarações que sempre defendeu este espaço de confronto, mas que, em suas duas anteriores, os rivais o deixaram “com a cadeira vazia”, o que, segundo parece, não sucederá desta vez. A dois meses do auge, e de acordo com a JCE, 1.795 candidatos competirão pelos 264 cargos eletivos em pauta.

Leia também | “Ariel Henry renunciou pela insatisfação de diferentes campos políticos no Haiti”

Além da primeira magistratura, disputarão a Presidência da República a que aspiram nove candidatos, 32 senadores correspondentes a 31 províncias e o Distrito Nacional, 178 deputados por demarcação e cinco nacionais (que serão escolhidos pela acumulação dos votos obtidos pelos partidos nesse nível). Também serão eleitos sete deputados representando a comunidade dominicana no estrangeiro, e os 20 delegados do país no Parlamento Centroamericano (Parlacen).

Nove postulantes à Chefia do Governo

Os postulantes à chefia do governo são o atual mandatário, que em sua última prestação de contas ao Congresso Nacional mostrou números econômicos e sociais favoráveis, Martínez (PLD), Fernández (FP), e Miguel Vargas Maldonado, do Partido Revolucionário Dominicano (PRD). Aparecem também María Teresa Cabrera, da Frente Ampla (FA); Fulgencio Severino, de Pátria para Todos (PPT); Carlos Peña, Geração de Servidores (GenS); Virginia Antares, Opção Democrática (OD) e Roque Espaillat, do Socialista Cristão (PSC).

Apesar dos esforços da oposição – que perdeu as municipais de fevereiro último, quando o PRM ganhou 122 das 158 prefeituras em jogo – e agora tenta escalar não só o primeiro cargo como acaparar o Congresso Nacional, a pesquisadora Gallup-RCC Media dá como reeleito Abinader no primeiro turno.

Esta firma de prestígio na República Dominicana afirmou que o mandatário ganharia de seus dois principais adversários com 64% dos votos válidos. Divulgada com exclusividade pelo Diario Libre, a pesquisa – realizada entre 6 e 9 deste mês de março – apurou ainda que Fernández ocuparia um segundo lugar e Martínez o terceiro. Também indica que a decisão popular será tomada em uma única rodada.

Principais preocupações dos dominicanos

Esta empresa consultora publicou em 18 de março outra pesquisa sobre as preocupações dos dominicanos, com a identificação nos principais lugares da insegurança cidadã, do alto custo de vida e do desemprego.

63,6% dos consultados neste país de cerca de 11 milhões de pessoas está preocupada com os roubos, assaltos, as gangues e a delinquência em geral.

Ainda que considerem que na atual administração de Abinader há menos corrupção que nas precedentes de Fernández e Danilo Medina, 42,4% dos entrevistados presenciais entende que a economia vai mal, 14,1% muito mal e 21,6% regular. Enquanto isso, 19,6% considera que vai bem, 1,7% muito bem e 0,7% não sabe ou não respondeu. 61,9% coloca neste ítem a inflação e o aumento do custo de vida como outros dos graves problemas do país.

Protestos na Praça da Bandeira, em Santo Domingo, República Dominicana, em fevereiro de 2020 (Foto: Adolfo Sesto)

Entre os resultados de destaque está a economia pessoal. 31,3% disse à Gallup RCC Medios que vai muito mal, 30,9% acha que vai bem, 30,4% regular, 5,7% muito mal e 1,8% muito bem.

19,3% estão mortificados – reproduz Diario Libre – com a escassez de fontes de trabalho e o desemprego, enquanto 10,6% estão preocupados com a saúde, 7,5% com a educação, 6,5% com a economia e 5,4% com a falta de energia elétrica que provoca apagões.

Migração haitiana, corrupção 

O tema da migração haitiana – que acapara a atenção do atual governo – só é qualificada como problema por 3,4% dos entrevistados, a corrupção administrativa por 3,4%, e a falta de água potável e a coleta de resíduos sólidos 3,3% cada um.

Cifras mínimas, entre dois e 0,9% o, responderam que se preocupam com a deterioração das ruas, a violência doméstica, a situação da fronteira dominico-haitiana pelo canal do rio Dajabón, o transporte público, a deterioração dos serviços públicos, o tráfico e consumo de drogas, o aumento de salários, a dívida externa e interna, e a pobreza.

Analistas interpretam que dar resposta aos problemas expostos na pesquisa deverá fazer parte do programa governamental do próximo presidente.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Mariela Pérez Valenzuela

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