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Resistir é Preciso!

João Baptista Pimentel Neto

Tradução:

Eliete Ferrer*

26A concorrida solenidade de entrega da 26ª Medalha Chico Mendes de Resistência promovida pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, no dia 1º de abril, no Salão Nobre do CACO, foi espetacular!!!

A começar pela escolha do local, o CACO, que fora palco de memoráveis acontecimentos ligados às manifestações de apoio ao Jango e ao golpe de 64, a lista dos agraciados para receber a Medalha em 2014 não poderia ser mais significativa.

Ao chegar, ainda na rua, na esquina, já se sentia o clima de agitação na porta da Faculdade de Direito da UFRJ, onde havia muita gente. 50 anos do golpe de 64! Repúdio ao golpe concebido e engendrado nos Estados Unidos.

Receberam a Medalha Chico Mendes desde o morador de rua preso nas manifestações de junho de 2013, Rafael Braga, e Amarildo de Souza, pedreiro, assassinado na UPP por policiais da Rocinha, passando pela irreverência de Amir Haddad, teatrólogo do Grupo Tá na Rua; porAdriano Fonseca Filho, guerrilheiro do Araguaia; por Marcos Antônio da Silva Lima, marinheiro assassinado pela ditadura; por Luiz Maranhão, membro do Comitê Central do PCB; pela vivacidade, aos 92 anos, de Manoel Martins, advogado e ex-preso político; por Luiz Claudio Cunha, jornalista autor do livro sobre a Operação Condor; por Ládio Veron, cacique Guarani-Kaiowá; por Julian Assange, jornalista fundador do Wikileaks; por Raquel Dodge, subprocuradora da República e por Sérgio Gardenghi Suiama, procurador do Ministério Público Federal/RJ, atéJoão Goulart, Presidente do Brasil, deposto em 1964.

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Observaram com atenção no leque de representatividade dos homenageados? Abrangência impressionante!

A cerimônia, repleta de personalidades marcantes, contou com a presença de João Vicente Goulart, filho do Jango; Ivan Proença, capitão cassado pelo golpe de 64; Rosa Cardoso, da Comissão Nacional da Verdade; Desembargador João Batista Damasceno; João Tancredo, do Instituto de Defensores de Direitos Humanos; João Luiz Duboc Pinaud; Deputado Marcelo Freixo; Lincoln de Abreu Penna e Jessie Jane Vieira, entre outros.

Ressalto que Ivan Proença, justamente no dia 1º de abril de 1964, em ato heroico, salvou centenas de estudantes que estavam ali, no CACO, para resistir ao golpe civil-militar. Essas pessoas tinham sido cercadas e ameaçadas pelo CCC, Comando de Caça aos Comunistas, com rajadas de metralhadora e bombas de gás lacrimogêneo.

As palavras dos homenageados ou seus familiares, a cada momento, traziam emoção e, mesmo, lágrimas aos presentes. Destaco o instante em que a plateia entrou em delírio e aplaudiu de pé: Elizabete, viúva de Amarildo de Souza, com voz firme e altiva, declarou em seu depoimento: “a ditadura pode ter acabado para os ricos, mas continuam matando os pobres e os negros”. De pé, em coro, todos gritaram palavras de ordem.

A homenagem a João Goulart, o Jango, com o discurso de seu filho João Vicente Goulart, encerrou com chave de ouro o festivo acontecimento que manteve superlotado aquele imenso auditório.

Saímos todos, com as almas lavadas, em direção ao Bar das Quengas, para comemorar a beleza do ato em exaltação aos Direitos Humanos e a continuidade da nossa luta!

Resistir é respirar!

Pela Vida pela Paz Tortura Nunca Mais!

Eliete Ferrer é colaboradora da Diálogos do Sul.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

João Baptista Pimentel Neto Jornalista e editor da Diálogos Do Sul.

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