Na última terça (29), o presidente em exercício do governo e líder socialista, Pedro Sánchez, reuniu-se com Alberto Núñez Feijóo, candidato do direitista Partido Popular (PP) e que foi incumbido pelo rei Filipe VI de tentar uma sessão de investidura, num encontro que durou pouco menos de uma hora e em que o abismo que existe entre os dois foi mais uma vez revelado. Além disso, todas as pontes de diálogo e reuniões entre os dois principais partidos políticos espanhóis foram quebradas.
Núñez Feijóo convocou Sánchez para uma reunião no âmbito da sua ronda de contatos para a sessão de investidura de 26 de setembro. A reunião ocorreu no Congresso dos Deputados, sede da soberania nacional, para ver em primeira mão o estado de opinião dos dois principais partidos do país.
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O líder da direita, que tomou a iniciativa de convocar Sánchez como candidato à sessão de investidura, propôs ao atual mandatário um acordo que lhe permitiria e ao seu partido governar ao longo de uma legislatura que duraria dois anos e na qual haveria pactos de Estado.
O objetivo, segundo Núñez Feijóo, é evitar que o governo espanhol dependa das formações independentistas do País Basco e da Catalunha, que, caso fracasse a sua sessão de investidura, serão as que condicionarão o triunfo ou o fracasso de uma possível investidura de Sánchez.
Em relação aos pactos de Estado propostos por Feijóo a Sánchez, seriam seis: pela regeneração democrática; pelo estado de bem-estar social; para a recuperação econômica; pelas famílias; pela água e territorial.
O texto assinala ainda que esse eventual governo presidido por ele e apoiado pelo PSOE recusaria “as solicitações de referendo de independência e de anistia expressos pelos partidos pró-independência”.
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O líder do PP tem defendido politicamente a sua proposta de que “qualquer político” tem “a obrigação histórica” de “proteger o Estado” das exigências que o movimento independentista está colocando, que na sua opinião “são inconstitucionais”, referindo-se à lei de anistia e o referendo de autodeterminação, que são duas das condições inalienáveis que serão apresentadas a Sánchez para apoiar sua investidura.
O PP, com 137 deputados, foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho, mas nem com o apoio do Vox, com 33 cadeiras, nem com a Unión del Pueblo Navarro (UPN) e a Coalizão Canária, um de cada um, alcança uma maioria absoluta, ou seja, 176. O PSOE, com 121 deputados, necessitaria do apoio do resto das forças parlamentares, ou seja, Sumar (31), Esquerra Republicana de Catalunya (sete), EH-Bildu (seis), Partido Nacionalista Basco (cinco), Junts pela Catalunya (sete) e Bloque Nacionalista Galego (um).
Após a reunião entre Sánchez e Feijóo, o presidente em exercício do governo nem sequer compareceu perante a imprensa e dirigiu-se à sede do seu partido para presidir uma reunião executiva.
Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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