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Revisionismo nos EUA: republicanos estão apagando personagens mexicanos, mulheres e negros da história

No Texas, legisladores reacionários aprovam leis que obrigam os professores a evitar o ensino crítico da escravidão e do racismo. Até textos de Marthin Luther King Jr. estão tentando eliminar do sistema de ensino
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

No Texas, a direita no poder não só está reescrevendo a história, a está apagando.

Depois de promulgar leis que obrigam os professores a evitar o ensino crítico da escravidão e do racismo e só qualificá-los como “desvios” do projeto nobre desta nação, os legisladores do estado agora estão tentando eliminar menções de várias figuras históricas e documentos relacionados às lutas de direitos civis, incluindo aspectos da história indígena, o trabalho de Cesar Chavez, do movimento chicano, a figura mais importante da luta pelo voto das mulheres e textos de Martin Luther King Jr. e Frederick Douglass.

#ForaBorbaGato: ou a Revolução será periférica ou não será!

No início do mês, o lançamento de um livro em um museu estadual sobre o papel da escravidão na história de El Alamo foi cancelado subitamente por líderes republicanos, incluindo o subgovernador, do Texas.

No Texas, legisladores reacionários aprovam leis que obrigam os professores a evitar o ensino crítico da escravidão e do racismo. Até textos de Marthin Luther King Jr. estão tentando eliminar do sistema de ensino

Wikimedia Commons
Martin Luther King

Diferentes órbitas:

O voo do segundo astronauta multimilionário, Jeff Bezos, foi colocado entre as notícias principais do país na semana passada. Nem todos estavam fascinados.

Algumas pessoas apontaram que os quase 6 bilhões de dólares que custou montar o projeto espacial pessoal poderiam ter sido empregados em comprar os dois milhões de doses da vacina anti-Covid que se necessitam no mundo.

Dezenas de milhares firmaram uma petição para pedir que não fosse permitido a ele voltar à Terra, e os organizadores que estão tentando sindicalizar a empresa de Bezos, Amazon, para melhorar condições deploráveis, não felicitaram seu patrão.

“Que tal se aplaudimos os imigrantes por arriscar suas vidas e sacrificar seu bem-estar para contribuir com o nosso país da mesma maneira que aplaudimos multimilionários para se lançarem ao espaço”, opinou o analista e ex-secretário do Trabalho, Robert Reich.

Revelando a verdade sem saber

No grande debate sobre se os protestos em Cuba foram de alguma maneira promovidos por Washington, o deputado republicano de mais alto posto no Comitê de Assuntos Exteriores, Michael McCaul, sem querer talvez o tenha comprovado.

“Antes de impor novas sanções a Cuba, Biden consultou lobby antirrevolucionário de Miami”

Celebrou que os “cubanos valentes despertaram… e estão protestando contra a ditadura ondeando o maior símbolo da liberdade conhecido pelo homem: a bandeira estadunidense”. 

Triunfo indígena

Após décadas de luta contra nomes e símbolos racistas, a equipe de beisebol das grandes ligas Cleveland Indians anunciou que trocará seu nome, que leva desde 1915, e a partir de 2022 serão os Guardiões — decisão celebrada por diversos líderes indígenas.

No ano passado, o time de futebol americano profissional “Peles Vermelhas” fez o mesmo (ainda não anunciaram seu novo nome, são conhecidos por ora como Equipe de Futebol de Washington).

Trump qualificou a decisão como uma “desgraça” e assegurou que “os que estão mais enojados com isto são os muitos índios de nosso país” e que tudo isso é culpa de “um pequeno grupo de pessoas… que está forçando essas mudanças para destruir nossa cultura e legado”.

A história presente:

O governo de Biden anunciou que proibirá o ingresso aos Estados Unidos do ex-presidente Porfirio Lobo, de Honduras, por corrupção e conspiração com o narcotráfico. Lobo foi eleito depois do golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009, apoiado pela então secretária de Estado, Hillary Clinton, no governo de Barack Obama.

Pouco antes de uma reunião com Lobo em 2011 na Casa Branca, Obama declarou que “pelo forte compromisso com a democracia e a liderança do presidente Lobo, estamos vendo uma restauração de práticas democráticas e um compromisso pela reconciliação…”

Ainda estão buscando atender os “problemas de fundo” da migração desde a América Central aos Estados Unidos? 

Histórias de oposição

No passado 23 de julho foi aniversário da prisão do autor e filósofo Henry David Thoreau, detido em 1846 por se recusar a pagar um imposto em protesto pela guerra dos Estados Unidos contra o México.

Diz-se (embora não esteja corroborado) que quando seu amigo, o escritor Ralph Waldo Emerson foi visitá-lo e lhe perguntou:

Henry, o que fazes aqui na prisão? Thoreau lhe respondeu “e tu por que não estás aqui dentro comigo?”.

Bônus Musical | Queen y David Bowie | Under Pressure.  

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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