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Rússia condena intenções de Trump de aproveitar pandemia para dar golpe em Maduro

Moscou disse não entender como Washington pode continuar impedindo que Caracas possa receber produtos e alimentos de primeira necessidade
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

A porta-voz da Chancelaria russa, María Zajarova, lamentou que os Estados Unidos e outros países tratem de utilizar a pandemia da Covid-19, que afeta a todos e à Venezuela entre os que são mais afetados, para mudar o governo no país sul-americano através de “um golpe de Estado que possa derrocar Nicolás Maduro, seu presidente legitimamente eleito”. 

Para a Rússia não é este o momento de procurar levar à prática os planos que continuam incubando “algumas mentes no Ocidente” de deslocar do poder a Maduro, mesmo que para isso tenha que acabar de afundar todo um país como a Venezuela e seu povo, que necessitam ajuda urgente nestes complicados tempos de expansão do coronavirus, sublinhou em fala na última quinta-feira (2). 

Por isso, Moscou não entende que, diferentemente do que se falou na recente videoconferência dos chefes de Estado do G-20 sobre a necessidade de juntar esforços para frear a pandemia e abrir corredores de ajuda humanitária, Washington continue bloqueando que “se levantem as sanções contra Caracas, o que impede que possa receber produtos e alimentos de primeira necessidade”, justa demanda que “neste momentos é apoiada inclusive por figuras destacadas da oposição (a Maduro)”.

Moscou disse não entender como Washington pode continuar impedindo que Caracas possa receber produtos e alimentos de primeira necessidade

Reprodução/ Twitter
Médicos venezuelanos em atendimento na periferia de Caracas

“É lamentável”, sublinhou Zajarova, que “existam grupos políticos em alguns países que continuem aferrados à lógica do predomínio da intenção política, determinada pela conjuntura, de usar a difícil situação no mundo, em particular o estado da epidemia na Venezuela, para alcançar seus fins”. 

Moscou tampouco entende que o Fundo Monetário Internacional (FMI) se oponha a ajudar a Venezuela e condena o oferecimento dos Estados Unidos de uma recompensa que permita “encontra e deter um chefe de Estado soberano sob acusações fabricadas de suposto narcotráfico”, reiterou a porta-voz da diplomacia russa. 

Para Zajarova, é quase uma burla a improvisação por parte de Washington ao oferecer todo um plano de “arranjo” que implica formar na Venezuela uma espécie de “governo de transição”, enquanto as declarações do Departamento de Estado nesse contexto “deixam a impressão de ser um completo absurdo”. 

E enfatizou: “Não há mais remédio que repetir uma verdade que todos deveriam saber: só o povo da Venezuela, como país soberano, pode determinar seu futuro, com base na sua legislação e sem destrutivas ingerências externas”. 

“Quando de fato no mundo se estabelece uma moratória sobre todas as coisas relevantes nos âmbitos político e social, como é possível propor que se elabore e discutam os prazos de eleições nacionais na Venezuela com especial interesse em trocar seu Presidente?”, perguntou-se Zajarova e respondeu com dedicatória aos Estados Unidos:

“Acreditamos que em primeiro lugar há que pensar no povo da Venezuela e em como podemos ajudar esse país a sair da catástrofe humanitária em que está se convertendo a pandemia”. 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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