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Bashar al-Assad e Vladimir Putin durante reunião em 25 de julho de 2024 (Foto: Kremlin)

Rússia defende “diálogo político inclusivo” e respeito a grupos étnicos na Síria

Chancelaria russa afirmou estar acompanhando com preocupação os acontecimentos na Síria e que "estão sendo tomadas medidas para auxiliar os cidadãos russos" no país
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

No último domingo (8), a TASS, agência oficial de notícias da Rússia, divulgou que Bashar al-Assad — deposto na Síria — e sua família se encontram em Moscou na condição de “exilados políticos por motivos humanitários”. A notícia colocou fim às fake news difundidas pela agência britânica Reuters de que ele teria morrido em consequência de um acidente aéreo ou da derrubada de seu avião.

Assad decidiu ceder o poder e abandonar a Síria, concretizando a troca de governo no país, neste momento em mãos de grupos insurgentes.

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“Com profunda preocupação, estamos acompanhando os dramáticos acontecimentos na Síria. Como resultado das negociações de Bashar al-Assad e de uma série de participantes no conflito armado, ele tomou a decisão de renunciar ao cargo de presidente e deixar o país, dando instruções para realizar uma transição pacífica do poder”, afirma o comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Embora “a Rússia não tenha participado dessas negociações”, reconhece o texto, “está em contato com todos os grupos da oposição síria” e os exorta a “evitar o uso da violência ao resolver os problemas de controle do país por vias políticas”.

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Apoio ao “diálogo político inclusivo”

Moscou ofereceu seu apoio ao “diálogo político inclusivo, que se baseia na resolução 2254 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, aprovada por unanimidade” (em 2015 e que estabelece as bases para um cessar-fogo e uma solução política na Síria) e, nesse sentido, pediu que seja respeitada “a opinião de todos os grupos étnicos e confessionais da sociedade síria”. A chancelaria conclui afirmando que “estão sendo tomadas medidas para auxiliar os cidadãos russos na Síria“, ao mesmo tempo em que as bases militares no país “se encontram em estado de alta preparação de combate” e, portanto, “neste momento, não há uma grave ameaça à sua segurança”.

Para a Rússia, o fim da dinastia da família al-Assad — que com o pai Hafez e o filho Bashar governou a Síria por meio século — atinge Vladimir Putin, que perdeu um aliado, apesar de ter salvado sua vida ao lhe conceder asilo político. Em setembro de 2015, em um contexto semelhante, ele evitou o colapso do governo sírio ao intervir militarmente no conflito interno.

Os 10 anos da guerra civil na Síria nas páginas da Cadernos de Terceiro Mundo

Bases russas na Síria

A queda de um regime sírio alinhado a Moscou lança sérias dúvidas sobre o futuro das instalações militares que a Rússia mantém nessa estratégica região do Mediterrâneo, como o aeródromo de Khmeimin e a base naval de Tartus, sem mencionar os relativamente pequenos contingentes de soldados que protegiam jazidas de petróleo e outros bens estratégicos do governo sírio em várias partes do território.

A maioria dos navios de guerra que estavam em Tartus deixou a base no dia 3 de dezembro, conforme afirmou recentemente o chanceler Serguei Lavrov, para participar de exercícios no Mediterrâneo. De acordo com imagens de satélite deste domingo, ainda era possível ver aviões russos no aeródromo da região de Lataquia.

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Sobre o tema das bases militares na Síria, o general aposentado Andrei Kartapolov, deputado governista e presidente do Comitê de Defesa da Duma, admitiu que a situação na Síria é complicada, mas afirmou que a Rússia saberá defender seus interesses de forma consistente e, nesse sentido, não há motivo para temer pelo futuro de suas bases militares.

Relembrando a retirada das tropas soviéticas da Alemanha Oriental e de outros países do bloco socialista, Kartapolov exortou a “não realizar nenhum gesto de boa vontade”. Outro legislador russo, desta vez da Câmara Alta, Konstantin Kosachev, vice-presidente do Senado, escreveu no Telegram que o ocorrido na Síria “é um golpe muito duro para todos, sem exceção”.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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