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Rússia: EUA e Otan não só recusam propostas de paz, como atuam para impedir diálogo

Ainda segundo o chanceler russo Sergei Lavrov, se Ocidente reconhecer erros e expressar desejo de discutir propostas de segurança russas, será positivo
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Chegou-se a um ponto em que já não será possível restabelecer as relações que tiveram a Rússia e o Ocidente, eufemismo para Estados Unidos e seus aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), declarou nesta quinta-feira (1º) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

“Se algum dia nossos vizinhos do Ocidente e antigos sócios de repente se interessarem em restabelecer os trabalhos conjuntos sobre a segurança europeia, não se poderá simplesmente, já que restabelecer significa voltar ao que se tinha antes. E isso é impossível”, explicou Lavrov em uma entrevista coletiva virtual dedicada à segurança europeia.

O chefe da diplomacia russa convocou de urgência os jornalistas depois que as autoridades da Polônia – país que exerce a presidência rotativa da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação Econômica) – lhe negaram a entrada à cidade polaca de Lodz que será sede de uma reunião do Conselho de Ministros (de Relações Exteriores) da organização, da qual a Rússia é membro.

Rússia: Vamos continuar avançando enquanto Otan enviar armas de longo alcance à Ucrânia

Lavrov aproveitou a ocasião para reafirmar alguns dos argumentos usados pela Rússia para embasar sua política no contexto da guerra que trava na Ucrânia há mais de nove meses. O chanceler russo afirmou que:

– Os Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “são parte dessa guerra não só por fornecer armamento à Ucrânia, mas por preparar seus militares na Grã-Bretanha, Alemanha, Itália e outros países”.

Ainda segundo o chanceler russo Sergei Lavrov, se Ocidente reconhecer erros e expressar desejo de discutir propostas de segurança russas, será positivo

Sergei Lavrov – Reprodução/Twitter
Lavrov: "Papa Francisco exorta a iniciar negociações, mas faz declarações pouco cristãs" sobre dois povos russos

– A Rússia “ataca com mísseis a infraestrutura energética da Ucrânia devido a que esta permite aos países ocidentais lotar o regime neonazista de Kiev de armamento que mata russos”. 

– A Rússia “leva a cabo na Ucrânia uma operação militar para defender seus interesses legítimos com base no direito internacional e não conforme as regras que os estadunidenses impõem aos outros”.

– Moscou decidiu adiar as conversações sobre redução de armamento nuclear esta semana porque “é impossível falar de estabilidade estratégica neste momento quando se ignora tudo o que ocorre na Ucrânia”.

– A Otan “retoma as prioridades da Guerra Fria e quer deixar a Rússia fora da Europa” e a OSCE “já é uma organização marginal e sua atual presidência rotativa, a Polônia, está cavando sua tumba ao fragmentar os espaços europeus”.

– A União Europeia “mente quando assegura que não foram impostas sanções aos grãos e fertilizantes russos porque, embora não figurem na lista de restrições, a Rússia não pode realizar transações bancárias para financiar as exportações e suas embarcações não podem atracar em portos europeus, nem é possível assegurar as cargas”.

– A Rússia “não solicitou nem necessita negociar com a Ucrânia para ganhar tempo, mas se alguém está interessado em encontrar uma solução negociada, está disposta a escutá-la”. 

– Se os Estados Unidos e seus aliados da Otan “reconhecerem seus erros e expressarem o desejo de discutir os documentos que propusemos em dezembro (do ano passado) seria muito positivo, mas duvido que o façam. E mais: não só recusam as propostas da Rússia sobre garantias de segurança, mas empreenderam decisões que se contradizem com a perspectiva de retomar o diálogo”. 

– “O Papa Francisco exorta a iniciar negociações, mas faz declarações pouco cristãs ao dizer que dois povos russos (o checheno e o buriata) cometem atrocidades durante os combates, e a Rússia espera que não volte a fazer esse tipo de acusação”.

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução | Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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