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Saiba quem é Carlos Wizard, o empresário sem formação na área da saúde que aconselhava Pazuello sobre Covid-19

Wizard se tornou um dos nomes associados à defesa da cloroquina como medicamento para o tratamento de covid-19, mesmo sem qualquer comprovação científica
Igor Carvalho
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

Tradução:

Em depoimento à CPI da Covid, na manha desta quarta-feira (19), Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, afirmou que o empresário Carlos Wizard era um homem de confiança do governo e que mantinha estreita relação com a pasta, aconselhando sobre decisões à respeito da covid-19.

“Puxei o Wizard para vir nos ajudar, porque ele poderia ser um grande link entre o ministério e a parte da compreensão social. Cheguei a indicá-lo para trabalhar na Secretaria de Ciência e Tecnologia, mas ele não achou que conseguiria se desvencilhar dos assuntos de suas empresas e achou melhor não entrar”, informou Pazuello.

O empresário recuou do cargo após insinuar que prefeitos e governadores aumentavam, propositadamente, o número de mortos por covid-19.

O ex-ministro também disse que se encontrou com médicos numa reunião proposta e organizada por Wizard para aconselhamento com especialistas de fora da pasta. “Confesso que não aceitei [as propostas]. Sentei para ouvir a ideia desses médicos, não gostei”, encerrou o ex-ministro.

A amizade entre Pazuello e Wizard começou em 2018, quando o empresário se mudou para Boa Vista, em Roraima, para um trabalho voluntário com a igreja mórmon, junto aos refugidos venezuelanos que atravessavam a fronteira e chegavam no Brasil. À época, o ex-ministro da Saúde atuava na região como representante do Exército.

Defesa da cloroquina

Wizard se tornou um dos nomes associados à defesa da cloroquina como medicamento para o tratamento de covid-19, mesmo sem qualquer comprovação científica.

Wizard se tornou um dos nomes associados à defesa da cloroquina como medicamento para o tratamento de covid-19, mesmo sem qualquer comprovação científica

Reprodução / Instagram
Presidente Jair Bolsonaro era aconselhado pelo empresário Carlos Wizard – Foto: Reprodução / Instagram

Para os senadores da CPI, está evidente que, ao lado da médica Nise Yamaguchi, o empresário mantinha um “Ministério da Saúde paralelo” que atendia ao governo federal.

Uma das investidas desse grupo que aconselhava Bolsonaro e Pazuello foi a tentativa de modificar a bula da cloroquina, colocando em seu texto que o medicamento seria indicado para tratamento de covid-19.

Por conta de sua estreita relação com o ministério, a CPI da Covid decidiu convocar o empresário, que não tem qualquer formação na área da Saúde, para prestar depoimento e explicar quais os critérios técnicos que embasavam seus conselhos ao governo federal.

Bilionário

Aos 64 anos, Wizard é um empresário com atuação em diversos setores da economia, mas ganhou popularidade após fundar uma escola de idiomas que carrega seu nome. Ainda quando adolescente, o paranaense foi estudar nos EUA, onde permaneceu por quatro anos.

Quando retornou ao Brasil, criou a Wizard, especializada em cursos de inglês. Com o crescimento da empresa, passou a adquirir outras escolas de idiomas e fundou o Grupo Multi Educação, que foi vendido, em 2013, por R$ 2 bilhões.

Desde então, o empresário migrou para outros segmentos, como alimentação, vestuário e cosméticos. Além da carreira de escritor, impulsionada por livros motivacionais para empreendedores. De acordo com a Forbes, Wizard acumula R$ 2,1 bilhões em patrimônio.

Edição: Leandro Melito


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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