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Sánchez faz terceiro elogio à atuação de policiais durante massacre em Melilla

Presidente do governo espanhol também insistiu que as ações dos migrantes foram um “ataque violento à integridade territorial”
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Antonio Guterres, secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), manifestou sua “consternação pela violência na fronteira” e assegurou que “o uso da força excessiva é inaceitável” na repressão em Melilla. 

O Marrocos cifrou em 23 os migrantes que faleceram na sexta-feira passada (24) ao tratar de saltar a vala entre a fronteira marroquina e Melilla, mas ONGs no terreno contabilizaram até 45 mortos. 

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, insistiu em que as ações dos migrantes foram um “ataque violento à integridade territorial”, impulsionado pelas “máfias que traficam seres humanos”, e elogiou pela terceira vez a resposta policial de agentes espanhóis e marroquinos.

Na madrugada de sexta-feira passada, na fronteira entre Nador, Marrocos, e Melilla, Espanha, aproximadamente 2 mil migrantes subsaarianos, a maioria do Sudão do Sul, país em guerra, tentaram saltar o muro de seis metros de altura, eletrificado e rodeado de arame farpado. Muitos ficaram pendurados e passado algum tempo caíram do alto, outros escorregaram, outros simplesmente tropeçaram com seus companheiros enquanto eram atacados por efetivos em ambos os lados da barreira. 

Presidente do governo espanhol também insistiu que as ações dos migrantes foram um “ataque violento à integridade territorial”

Governo da Espanha – Flickr

À condenação da ONU somaram-se 50 eurodeputados que enviaram uma carta à Comissão Europeia na qual exigiram uma investigação independente

Imagens difundidas pelas ONGs Associação Marroquina de Direitos Humanos e Caminhando Fronteiras mostram a brutal repressão da guarda marroquina e, em menor medida, da Guarda Civil espanhola.

O governo marroquino fechou a cidade de Nador e se nega a dar informações, sobretudo quanto ao saldo de mortos. 

À condenação da ONU somaram-se 50 eurodeputados que enviaram uma carta à Comissão Europeia na qual exigiram uma investigação independente sobre os fatos.

Por outro lado, os migrantes detidos na Líbia enfrentam atrozes abusos e as mulheres são especialmente vulneráveis à violência sexual e habitualmente são violadas em troca de comida ou água, denunciaram ontem investigadores da ONU, segundo a AFP.



Estado de sítio

Madrid está em estado de sítio. As ruas estão desertas, as pessoas preferiram ficar em suas casas para evitar os férreos controles policiais para “salvaguardar a segurança” dos líderes mundiais que acodem à Cúpula de Madri da Organização do Tratado do Atlântico Norte. As pessoas que saem às ruas têm que fazê-lo em transporte público. Está proibido estacionar nas vias principais. Pediu-se às empresas que optassem pelo trabalho remoto.

Os inconvenientes também são pelo ruído, já que o espaço aéreo madrilenho é vigiado por aviões militares e helicópteros que sobrevoam a cidade. E os turistas, que não sabiam que nestes dias se celebraria a reunião internacional e decidiram visitar a cidade por alguns dias, encontram-se com a surpresa que o Museu do Prado está fechado, e que têm que passar por numerosos controles de segurança para conhecer os atrativos turísticos desta capital.

Armando G. Tejeda é correspondente do La Jornada em Madri.
Traduzido por Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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