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Cálculos da Casa Branca indicam que pandemia resultará em até 240 mil mortes nos EUA

Os dois especialistas do governo que encabeçam a batalha advertiram que essas cifras serão muito mais altas se a população não respeitar as restrições para frear a pandemia
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Pela primeira vez, a Casa Branca ofereceu os cálculos oficiais do saldo letal do coronavírus no país: 100 mil a 240 mil mortes nos Estados Unidos, e os dois especialistas do governo que encabeçam a batalha advertiram que essas cifras serão muito mais altas se a população não respeitar as restrições para frear a pandemia.

O doutor Anthony Fauci, o especialista oficial nacional de doenças infecciosas e a doutora Deborah Birx que está coordenando a resposta ao coronavírus, apresentaram estas projeções como os números mais prováveis embora tenham insistido que se está fazendo o possível para reduzi-los. Recordaram que não há uma vacina e que tudo depende do comportamento.

Com isso, o presidente Donald Trump advertiu em tons sombrios durante sua quase diária sessão informativa sobre a pandemia que “vão ser umas duas semanas muito, muito dolorosas”, embora insista que proximamente se começará a ver “uma luz no fim de túnel”. Por isso, disse, decidiu anunciar outro mês de “distanciamento social”.  

O doutor Fauci advertiu que embora as medidas tenham começado a fazer efeito, as cifras continuarão se incrementando durante os próximos dias. A doutora Birx recordou que, em geral o público deveria evitar grupos de mais de 10 pessoas, viagens não essenciais, e não ir a lugares públicos como restaurantes e cantinas.

Os dois especialistas do governo que encabeçam a batalha advertiram que essas cifras serão muito mais altas se a população não respeitar as restrições para frear a pandemia

The White House
A doutora Deborah Birx, que está coordenando a resposta ao coronavírus nos Estados Unidos, apresentou esta projeção durante coletiva de impr

Trump, uma vez mais, sem mencionar que durante dois meses minimizou as consequências potenciais e até declarou que estava tudo sob controle, se auto elogiou por ter feito o necessário, insistindo em que uma cifra de 100 mil mortos era “um número muito baixo” dado o potencial de milhões de mortes “se não tivéssemos feito algo”.   

Outra vez declarou falsamente que “ninguém sabia que isso era tão contagioso… não creio que nenhum médico soubesse…As pessoas não tinham visto nada como isso”. Especialistas em saúde e em doenças nacionais e internacionais, o Pentágono, agências de inteligência e outros haviam antecipado e advertido sobre cenários justamente como o atual. 

De novo, apesar dos fatos, declarou: “creio que fizemos um grande trabalho”. 

As consequências do mau manejo inicial da crise pelo regime de Trump e as críticas à afirmação de que o país tem  o necessário para enfrentar a pandemia, continuaram ressoando por várias partes do país, com governadores de ambos os partidos expressando frustração diante da falta de kits para exames, equipamento de proteção para  o pessoal médico e aparelhos para assistência respiratória. 

Enquanto isso, alguns hospitais estão ameaçando despedir médicos e enfermeiras que denunciem publicamente ou em entrevistas à mídia a falta de equipamento médico – e alguns já foram expulsos de seus empregos, reportou a Bloomberg.

E quando quase 75 por cento da população está agora sob medidas de quarentena parcial, continuaram as rodadas contra imigrantes, anunciou o Los Angeles Times. E pior ainda, os agentes realizaram os operativos com máscaras N95, justamente as mais requeridas pelo pessoal médico por todo o país para atender a onda de coronavírus. 

Vale a pena recordar que se os chefes e agentes da migração ficarem doentes com o coronavírus, é muito provável que o pessoal médico que os atenda será de imigrantes, Quase um terço (29 por cento) dos médicos nos Estados Unidos são imigrantes, como também 23 por cento dos assistentes de enfermagem, e sem falar do pessoal de manutenção do setor de saúde, informa a publicação da Associação Americana de Medicina, AMA).

Enquanto isso, março foi o pior mês para as bolsas de valores desde 2008, quando a última crise atingiu Wall Street.

Mientras tanto, marzo fue el peor mes para los mercados bursátiles desde 2008, cuando estalló la última crisis en Wall Street.

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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