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É improvável que imunização total no Brasil aconteça até final deste ano, diz Temporão

O ex-ministro da saúde explica que a dificuldade brasileira é a escassez de vacinas, uma vez que o país já demonstrou ser capaz de realizar a vacinação de forma rápida
Redação Sputnik Brasil
Sputnik Brasil
Rio de Janeiro (RJ)

Tradução:

A farmacêutica Janssen ofereceu ao Brasil sua vacina contra a COVID-19 em mais uma oferta do tipo feita ao país. Para discutir o assunto, a Sputnik Brasil ouviu o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que apontou que o país precisa de novas vacinas de forma urgente para garantir a imunização.

A farmacêutica norte-americana Janssen, parte do grupo Johnson&Johnson, informou no sábado (30), conforme publicou o portal G1, que disponibilizará ao Brasil sua vacina contra a COVID-19, em termos que ainda serão negociadas com o Ministério da Saúde brasileiro. A pasta já demonstrou interesse pelo imunizante anteriormente, conforme publicou a agência Reuters.

A falta de vacinas disponíveis no Brasil é o principal problema para acelerar a imunização da população brasileira contra o novo coronavírus. É o que afirma o médico sanitarista e ex-ministro da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão, que explica que a dificuldade brasileira é a escassez de vacinas, uma vez que o país dispõe de uma política pública eficaz e que já demonstrou ser capaz de realizar a vacinação de forma rápida.

“O grande problema do Brasil neste momento é a falta de doses de vacina. O Programa Nacional de Imunizações [PNI] tem todas as condições de desenvolver uma campanha em larga escala”, afirma o ex-ministro em entrevista à Sputnik Brasil.

Temporão, que é também pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), esteve à frente da pasta da Saúde entre 2007 e 2010, durante o segundo mandato presidencial de Lula. O ex-ministro explica que o PNI já demonstrou em diversas ocasiões a capacidade de realizar campanhas de vacinação em massa. O pesquisador listou alguns exemplos recentes da capacidade de vacinação demonstrada pelo SUS em campanhas anteriores. 

“Todos os anos o PNI vacina entre 60 e 80 milhões de doses contra a gripe – vacina da influenza. Em 2010, nós vacinamos, em três meses, 90 milhões de pessoas. No passado, fizemos dias nacionais de mobilização contra a paralisia infantil, chegamos a vacinar mais de 13 milhões de crianças em um único dia”, recorda Temporão.

Segundo os dados do site Our World in Data, o Brasil vacinou um total de 2,12 milhões de pessoas com pelo menos a primeira dose do imunizante contra a COVID-19. Em números absolutos, o país é o nono entre os dez países que mais vacinaram até agora, ranking liderado pelos Estados Unidos, que já vacinaram mais de 30 milhões de pessoas. A vacinação no Brasil teve início no dia 17 de janeiro.

Alta demanda gera necessidade de compra de novas vacinas

O PNI tem capacidade pronta para imunizar o Brasil contra a COVID-19, mas há empecilhos para colocar o plano em marcha, como a quantidade de vacinas disponíveis. Segundo o ex-ministro José Gomes Temporão, o Brasil precisa de algo entre 240 milhões e 300 milhões de doses da vacina para garantir a imunização dos brasileiros, cobrindo cerca de 80% da população.

“O problema do PNI não é de capacidade e de capilaridade. Nós temos todas as condições de fazer uma gigantesca campanha de vacinação no Brasil em tempo rápido, mas não temos vacinas, porque dependemos dos princípios ativos importados da China, porque o governo federal não negociou adequadamente com outros fornecedores doses adicionais de outras vacinas. E é claro que toda e qualquer vacina disponível no mercado aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] seria muito bem-vinda”, avalia.

Diante do cenário de escassez de insumos e imunizantes, o ex-ministro aponta que o Brasil terá dificuldades em realizar a imunização da população ainda em 2021. Segundo ele, a saída mais viável é a compra de novas vacinas, como a da Pfizer/BioNTech ou a russa Sputnik V, ambas já oferecidas ao Brasil e com eficácia geral acima de 90%.

Atualmente, o país dispõe de apenas dois imunizantes: a CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac; e a Covishield, fruto de parceria entre a Fiocruz e a farmacêutica AstraZeneca, ao lado da Universidade de Oxford. Ambas dependem de importação de insumos para a fabricação no Brasil.

“É altamente improvável que isso [a imunização total da população brasileira] aconteça antes do final deste ano, se mantidas as atuais perspectivas de fornecimento de doses pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz. Por isso, é extremamente urgente que o Brasil busque, de todas as maneiras, ampliar o acesso a novas vacinas”, conclui.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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