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Foto: Sputnik

Rússia deve finalizar vacina contra o câncer em breve, diz Putin

"Logo vamos contar com uma opção de cura adicional que tornará possível frear a expansão de metástases", afirma o oncologista Viacheslav Lisovoy
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Ana Corbisier

A Rússia está perto de começar a produzir uma possível vacina contra o câncer e medicamentos imunomoduladores de nova geração, que esperamos logo poderem ser usados de modo efetivo como métodos de terapia individual, anunciou o presidente Vladimir Putin esta semana, em um recente fórum sobre novas tecnologias.

O titular do Kremlin, em plena campanha para sua reeleição dentro de um mês, não deu detalhes, mas circulam informações que permitem afirmar que a ciência russa continua avançando na busca de soluções para essa implacável doença que afeta, segundo cifras do Ministério Russo da Saúde, 4 milhões e 500 mil pacientes em diferentes graus de tratamento e que a cada ano mata muitas pessoas no mundo.

O que a Rússia está perto de produzir – na opinião dos especialistas locais na matéria, para citar um, Yevgueni Cheriomushkin, pesquisador do Instituto de Oncologia Clínica da Academia de Ciências Médicas da Rússia –, não é propriamente uma vacina para prevenir que surja a doença, e sim um fármaco que, de acordo com os resultados das distintas fases de experimentação com voluntários, pode vir a ser efetivo no tratamento de certos tipos de câncer.

Pensa o mesmo o oncologista Viacheslav Lisovoy, que não acredita que “a curto prazo as ‘vacinas’ vão relegar os métodos tradicionais de tratamento do câncer, mas sem dúvida já podemos garantir que logo vamos contar com uma opção de cura adicional que tornará possível frear a expansão de metástases e, nesta medida, prolongar a vida dos pacientes”.

O presidente russo, durante sua visita ao Centro Científico e Prático de Tecnologias de Diagnóstico e Telemedicina contra o câncer em Moscou (Foto: Sputnik)

Trabalho de uma década

Serguei Leonov, subdiretor do laboratório de medicamentos inovadores e agrotecnologias, um dos cientistas que dedica seu tempo desde 2014 a tentar criar uma vacina contra o câncer, afirmou: “tomamos – explica no suplemento Ciência (26/4/23), do periódico Kommersant– amostras do tecido de um tumor de um paciente para forçar o envelhecimento das células mediante radiação e quimioterapia. Depois, injetamos esses tecidos em animais e observamos como evolui o tumor. Se freia seu desenvolvimento ou se detém, temos a possibilidade de prová-lo em pacientes oncológicos”.

E acrescenta: “Trata-se de um enfoque totalmente personalizado porque tomamos as células de um único paciente, trabalhamos com elas e depois tornamos a injetá-las nele mesmo. Ainda temos muito trabalho pela frente”.

Bielorrússia

Uma semana antes do anúncio de Putin, o acadêmico Serguei Krasny, subdiretor do Centro de Oncologia e Radiologia Médica da Bielorrússia, deu a conhecer em conferência de imprensa em Minsk que “em 2024 começaremos a fabricar a Elenagen, considerada uma vacina contra o câncer, chamada assim de modo convencional, já que não gera um efeito profilático, apenas ajuda a curar algumas variedades de câncer”.

O Elenagen, cuja fórmula foi criada pelo biólogo molecular Alexander Shneider, cidadão estadunidense nascido em São Petersburgo, fundador e atual diretor do CureLab Oncology Inc, começou a ser experimentado na Bielorrússia em 2020, antes da pandemia da COVID-19, e no ano passado deu resultados animadores contra certos tipos de tumores; em outros casos, não teve nenhum efeito na dinâmica da doença; e em outros, ainda é preciso efetuar mais provas, segundo Krasny.

E em abril do ano passado, o Ministério Russo da Saúde registrou o fármaco Kymriah, do laboratório suíço Novartis, usado em 23 países para tratar a leucemia linfoblástica aguda em pacientes de três a 25 anos – a Rússia tem cerca de dois mil afetados que necessitam deste medicamento – e cujo custo por tratamento completo, assumido pelos respectivos Estados, chega a 475 mil dólares.

La Jornada | Especial para Diálogos do Sul Global – Direitos Reservados


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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