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O Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 – Desafios atuais dos Feminismos, será realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Santa Catarina, de 16 a 20 de setembro de 2013. Convocado pelo Centro de Filosofia e Ciências Humanas, o Centro de Comunicação e Expressão, bem como por outros centros da UFSC, em colaboração com o Centro de Ciências Humanidades e Educação da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), o evento congrega pesquisadoras/es do Instituto de Gênero, prosseguindo uma serie de encontros que se realizam na UFSC desde 1994. Ao longo de estes quase vinte anos, Fazendo Gênero consolidou um importante espaço no campo dos estudos feministas e de gênero com dimensão internacional.
A conferencia de abertura de Fazendo Gênero 10 estará a cargo de Sara Beatriz Guardia, escritora, fundadora e diretora do Centro de Estudios La Mujer en la Historia de América Latina, CEMHAL, e professora da Universidade de San Martín de Porres, Lima-Peru, que abordará o tema: Exclusão e Gênero nos Processos de Independência dos Países da América Latina. A conferência de encerramento estará a cargo de Sarah Schulman, escritora e ativista estadunidense, professora de Humanidades na City University of New York, sobre o tema: Amigos antes da Família, Sociedadantes do Governo. Bem como também de Rekha Pande, que coordena o Centre for Women’s Studies da Universidade de Hyderabad, que se referirá ao tema: Desafios do Feminismo na in dia e no Sul da Ásia.Com uma presença de cinco mil inscritos que integrarão 114 Simpósios Temáticos e 28 mesas redondas, Fazendo Gênero 10 debaterá temas como: a pouca participação das mulheres nas instâncias de poder político; as desigualdades de gênero no âmbito do trabalho e da renda; as dificuldades que enfrentam as lutas pelo direito ao aborto; as violências domésticas e institucionais de gênero; a difícil situação das mulheres, principalmente de baixa renda em contextos pós-coloniais e transmodernos; as iniquidades em saúde; as contramarchas na luta pelos direitos LGBT e contra os efeitos da subordinação das intercessões de gênero, classe, geração, raça/etnia e deficiência; as assimetrias de gênero no âmbito da participação das mulheres na produção de conhecimento científico; a inserção significativa das mulheres nas mobilidades contemporâneas, etc.Comissão Organizadora. Coordenação Geral
Luzinete Simoes Minella, Susana Borneo Funck, Glaucia de Oliveira Assis
Dezoito anos de Fazendo Gênero. Um pouco de historia
O primeiro encontro: Fazendo Gênero – Seminário de Estudos Mulher, foi celebrado de 30 de novembro a 2 de dezembro de 1994, organizado pelo Programa de Pós Graduação em Literatura. A ênfase dessa primeira reunião nacional foi o gênero na Literatura, História, Psicanálise e Antropologia, enfocando também o feminismo contemporâneo. O evento permitiu contatos, intercâmbio de experiências e debates, além da publicação de uma primeira coleção intitulada “Fazendo Gênero”, organizada por uma comissão de pesquisadoras do Centro de Comunicação e Expressão, que reuniu cerca de cem trabalhos apresentados.
O segundo Fazendo Gênero – Um Encontro Interdisciplinar aconteceu entre 15 e 17 de maio de 1996 no Centro de Filosofia e Humanidades da Universidade Federal Santa Catarina. Em torno de 400 pesquisadoras e pesquisadores de todo o Brasil reuniram-se em grupos de trabalho e mesas redondas durante três dias de intensos debates. Do evento saíram duas publicações: um número especial da Revista de Ciências Humanas (UFSC, CFH, n 21 Florianópolis: EDUFSC, 1997) e o livro Masculino, Feminino, Plural: o gênero na interdisciplinaridade, organizado por Joana Maria Pedro e Miriam Pillar Grossi, publicado pela Editora Mulheres em 1998.
Dois anos depois, de 13 a 15 de maio de 1998, o Centro de Ciências da Saúde da UFSC acolheu o terceiro encontro: Fazendo Gênero 3 – Gênero e Saúde. Uma vez mais os pesquisadores da Universidade Federal Santa Catarina e de outros estados se reuniram para apresentar e debater suas pesquisas, reforçando o caráter interdisciplinar do evento. O encontro produziu um número especial da Revista de Ciências da Saúde: gênero e saúde (UFSC, CCS – n 1, janeiro/junho. Florianópolis: EdUFSC, 1998) e o livro Falas de Gênero, organizado por Alcione Leite da Silva, Mara Coelho de Souza Lago e Tânia Regina Oliveira Ramos, publicado pela Editora Mulheres em 1999.
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 4 – Cultura, Política e Sexualidade no século XXI aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de maio de 2000. Depois de três encontros bienais de Fazendo Gênero, o quarto teve caráter internacional com o objetivo de realizar um balanço do século XX nos estudos de gênero e feministas, bem como as perspectivas para o novo século. Participaram reconhecidas pesquisadoras como a antropóloga Françoise Héritier (Laboratoire d’ Anthropologie Sociale du College de France – Paris), a especialista em teoria literária e estudos culturais, Jean Franco (Universidade de Columbia, Estados Unidos), a economista Carmen Diana Deere (University of Massachusetts. Estados Unidos), a cientista social Sonia Álvarez (University of California at Santa Cruz, Estados Unidos), a historiadora uruguaia Graciela Sapriza (Universidade da República, Montevidéu), a teórica literária argentina Nora Domínguez (Universidade de Buenos Aires), bem como a cientista política e militante peruana Virginia Vargas (Centro de la Mujer Peruana Flora Tristán, Lima-Peru ), entre outras. A reunião deu lugar à publicação do livro Genealogias do silêncio: Feminismo e Gênero, organizado por Carmen Rial e María Juracy Toneli.
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 5 – Feminismo Como Política, foi realizado de 8 a 11 de outubro de 2002 na UFSC, tendo como proposta um espaço de reflexão sobre a dupla direção das relações dos estudos feministas e de gênero com a política. Por um lado, a centralidade da política na formação e construção deste campo de estudos em suas dimensões teóricas, temáticas e metodológicas; e de outro lado, a importância e o papel fundamental do feminismo e das questões de gênero nas preocupações políticas contemporâneas. Nesse sentido, as três conferências e as diversas mesas redondas trataram temas relacionados com o eixo geral: diferença, exclusão e conflito; subjetividade política; a encruzilhada das políticas de gênero e o feminismo; histórias do feminismo; identidades e políticas; corpo e política; políticas reprodutivas; sexualidade e política, entre outros. Participaram importantes pesquisadoras/ES do Brasil e de outros países, como Ella Shohat (New York University, Estados Unidos); Monica Schpun (Università degli Studi di Milano); Françoise Thébaud (Université d’Avignon); Gabrielle Houbre ( Université Paris VII). Tambem compareceram pesquisadoras/ES de diferentes regiões, universidades, centros de pesquisa e ONGs do Brasil, que impulsionaram um diálogo produtivo entre a academia e o movimento social. Nesse encontro foram organizadas as primeiras mostras audiovisuais e fotográficas. Como resultado dos Seminários Internacionais Fazendo Gênero 4 e 5, foi publicada uma coleção de três volumes com trabalhos destacados, organizados por Maria Regina Lisboa e Sonia Weidner Maluf: Gênero, cultura e poder, e por Cláudia Costa Lima e Simone Pereira Schmidt: Poéticas e políticas feministas.
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 6 – Saberes Globais/Saberes Locais, realizado em maio de 2004, contou com o apoio da recém criada Área de Estudos de Gênero do Doutorado Interdisciplinar de Humanidades da UFSC. O tema central abordou o cenário do século XXI e os Desafios de diferentes tipos, incluindo a avaliação das perspectivas teóricas que orientavam e orientam tanto as atividades acadêmicas como as intervenções na realidade social. Em um contexto de globalização, guerra, desrespeito generalizado aos direitos sociais, culturais e políticos, rompem-se as expectativas de projetos de modernidade, e por isso o encontro buscou contemplar temas que permitissem aprofundar a reflexão e o debate sobre os desafios globais que confrontam os estudos feministas e de gênero na confluência de vários tipos de conhecimento a partir de espaços cada vez mais híbridos. Nesse encontro foram publicados os melhores trabalhos apresentados nos eventos de 2000 e 2002. Livros, que como os anteriores, estiveram a cargo da Editora Mulheres, com sede m Florianópolis, cuja editora e proprietária é a destacada professora Dra. Lupinacci Zahide Muzart, reconhecida por seu compromisso na difusão dos estudos de gênero, teorias feministas e literatura das mulheres. Uma seleção de trabalhos apresentados no Seminário Internacional Fazendo Gênero 6, foi publicada no livro intitulado: Saberes e fazeres de gênero: entre o local e o global, organizado por Luzinete Simões Minella e Susana Bornéo Funck .
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 7 – Gênero e Preconceitos foi celebrado em agosto de 2006, também no campus da UFSC. Superando as expectativas do comitê organizador, inscreveram-se 71 simpósios, dos quais foram aceitos 55 Simpósios Temáticos, com uma participação de 700 pesquisadoras e pesquisadores. O encontro adquiriu assim uma maior dimensão com cerca de 3.000 participantes, com temas que abarcaram: gênero na literatura e nos meios de comunicação, violência de gênero, sujeitos do feminismo, sexualidade, gênero e sexualidade nas práticas escolares, masculinidades, gênero e feminismo, estudos feministas pós-coloniais, preconceitos e estereótipos na literatura e em outros discursos, aborto, parto e maternidade, a bioética e os direitos humanos, etnia e gênero, gênero e classe, etnia e gerações, gênero no texto visual, cibercultura e novas tecnologias da comunicação, segurança alimentar e meio ambiente, violência e segurança pública, memória, narrativa e trajetórias biográficas, corporalidade, mercado, migrações contemporâneas, entre outros temas. O encontro gerou a publicação de duas coleções, com uma seleção dos trabalhos apresentados: Leituras em rede: gênero e preconceito, organizado por Cristina Scheibe Wolff, Marlene Faveri, Tania Regina Oliveira Ramos, e Gênero em movimento: novos olhares, muitos lugares, organizado por Cristiani Bereta da Silva, Gláucia de Assís e Rosane Oliveira C. Kamita.
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 8: Corpo, Violência e Poder aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina, entre 25 e 28 de agosto de 2008. As relações de poder atravessam as relações de gênero, que também se constituem em sujeitos, por isso a escolha do tema: Corpo, Violência e Poder. Temas que não são novos no campo dos estudos de; pelo contrario, desde a publicação de O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, por exemplo, temos uma problematização do dimorfismo sexual e das consequências sexuais que implica. Tampouco é nova a temática da violência nas lutas das mulheres e das feministas. A “recuperação” desses temas, em particular no âmbito de grandes conferências e mesas redondas que conformaram o seminário, deve-se à especificidade da conjuntura nacional e internacional acerca das lutas a favor do aborto legal e/ou descriminalização do aborto (Brasil, Uruguai, Argentina, Portugal); a politização da questão da violência doméstica, no caso do Brasil propiciada pela Lei Maria da Penha; os processos de reconhecimento judicial das uniões homossexuais; a maior visibilidade da homofobia; os dilemas éticos implicados nas decisões médicas e judiciais relacionadas com as novas tecnologias reprodutivas; os paradoxos das novas diásporas internacionais vinculadas com questões de gênero; a “feminização” da pobreza, entre outros temas que a atualidade coloca. Participaram como conferencistas internacionais: Maria Luisa Femenias (Argentina), Jules Falquet e Helena Hirata (França), Paola Bacchetta (Estados Unidos). Do encontro resultou o livro Leituras de resistência: corpo, violência e poder (Vol. I e II), organizado por Carmen Susana Tornquist, Clair Castilhos Coelho, Mara Coelho de Lago, Teresa Kleba Lisboa, publicado pela Editora Mulheres em 2009.
O Seminário Internacional Fazendo Gênero 9 realizou-se em 2010, e teve como objetivo central os temas que sugerem movimento, tanto pela dispersão de pessoas e culturas através de espaços geográficos como pelo desejo das re-colocações em espaços imaginados e o encontro co identidades plurais. Contou com cerca de quatro mil participantes vinculados a diferentes instituições nacionais e internacionais, representando varias gerações que atuam na academia e nos movimentos. A conferência de abertura esteve a cargo de Trinh T. Minh-ha, e a de encerramento, de Miguel Vale de Almeida.
Diásporas, diversidades e deslocamento são as idéias centrais para a compreensão dos mandatos atuais do capitalismo global, marcado pela intensificação da circulação de pessoas (turistas, imigrantes, refugiados), de informação (especialmente através de diversos meios de comunicação eletrônicos), de bens (materiais e culturais, com um crescente avanço do mercado sobre dimensões que antes tinham uma relativa autonomia) e capitais (destacando o financeiro). Além de refletir processos de compreensão do espaço e do tempo, este movimento traça novas relações entre a identidade local e global e diferenciações identitárias, que possam afirmar identidades de agentes subalternos, bem como conduzir a xenofobias e racismos.
Seria ilusório pensar que todos os bens, signos e pessoas circulam livremente. Enquanto alguns deslocamentos desenham um mundo sem fronteiras, com os meios e as marcas multinacionais presentes em diferentes partes do mundo, os Estados nações fortalecem suas fronteiras geográficas e políticas, criando zonas militarizadas, e o que é ainda pior, permitindo zonas armadas. Fronteiras que determinam e separam o legal e o ilegal, o cidadão e o clandestino, a legalidade e a ilegalidade.