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“Sul”, a moeda defendida por Lula para eliminar dependência do dólar na América Latina

Plano de governo do candidato ainda está em desenvolvimento e, segundo pessoas próximas ao líder esquerdista, deve estar finalizado nos próximos meses
Redação
Página 12
Buenos Aires

Tradução:

A menos de seis meses para as eleições, o ex-presidente do Brasil e pré-candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu neste sábado a criação de uma moeda única na América Latina como parte da ampliação das relações entre os países da região. “Não temos que depender do dólar”, disse Lula em um discurso no Congresso Eleitoral do Partido Socialismo e Liberdade, em que o partido declarou seu apoio ao ex-presidente nas eleições de outubro.

A ideia de uma moeda única latino-americana é defendida pelo economista Gabriel Galípolo, ex-presidente do Banco Fator, que colaborou com o programa de governo de Lula. 

Em um recente artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, assinado pelo economista e pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ambos promovem sua implantação, em um modelo similar ao euro europeu, como uma forma de incrementar a integração regional e fortalecer a soberania monetária da região. 

Por sua vez, Lula ratificou o projeto caso seja eleito presidente: “Vamos restabelecer nossa relação com a América Latina. E se Deus quiser, criaremos uma moeda na América Latina”, disse, diante de milhares de militantes.

Plano de governo do candidato ainda está em desenvolvimento e, segundo pessoas próximas ao líder esquerdista, deve estar finalizado nos próximos meses

Ricardo Stuckert
Lula defendeu a criação de moeda unificada na América Latina em evento que contou com participação de Guilherme Boulos e Fernando Haddad




Sul

A nova moeda digital sul-americana se chamaria Sul e “seria emitida por um Banco Central Sul-americano, com uma capitalização inicial realizada pelos países membros, proporcional a suas respectivas participações no comércio regional”, acrescenta o texto assinado por Galípolo e Haddad.

Para ambos os dirigentes, a capitalização do SUL “se faria com as reservas internacionais dos países e/ou com um imposto sobre as exportações dos países para fora da região. A nova moeda poderia ser utilizada para os fluxos comerciais e financeiros entre os países da região”.

E, ainda, os países membros “receberiam uma dotação inicial de SUL, segundo regras claras acordadas, e ficariam livres para adotá-lo em nível nacional ou manter suas moedas. Os tipos de câmbio entre as moedas nacionais e o SUL seriam flutuantes”.

O plano de governo de Lula ainda está em desenvolvimento e, segundo pessoas próximas ao líder esquerdista, deve estar finalizado nos próximos meses. Embora não haja uma definição do que será incluído no texto final, seu apoio à moeda indica aprovação à ideia.

A proposta de Lula não é nova. Em agosto de 2021, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que uma divisa única para o Mercosul permitiria uma maior integração e uma zona de livre comércio, e criaria uma moeda que poderia ser uma das “cinco ou seis moedas relevantes no mundo”.

Lula, que informou que confirmará sua candidatura no dia 7 de maio, aparece como favorito em todas as pesquisas na véspera das eleições de outubro, nas quais o presidente Jair Bolsonaro tentará a reeleição.

Tradução de Ana Corbisier.



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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