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Super-ricos: 42 brasileiros lucraram mais do que todo custo do auxílio emergencial na pandemia

Relatório aponta que a covid-19 fez bem ao bolso do bilionários, enquanto desemprego atinge mais de 13 milhões no país
Redação Brasil de Fato
Brasil de Fato
São Paulo (SP)

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O que é tragédia para a maior parte da população é dinheiro no bolso para os “super-ricos” brasileiros: a pandemia fez com que os 42 únicos bilionários do país engordassem sua riqueza em US$ 34 bilhões (mais de R$ 180 bilhões), segundo o relatório Poder, Lucros e Pandemia, produzido pela organização Oxfam.

No mesmo período, até julho deste ano, o governo federal gastou R$ 166,9 bilhões com o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, de acordo com a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados.

O valor acumulado pelos bilionários brasileiros daria para pagar auxílio emergencial para toda a população brasileira – 209 milhões de pessoas – por um mês , repetindo o pagamento para quase metade no segundo mês. Ou bancaria 4,5 milhões de pacotes inflacionados de arroz, ao preço de R$ 40 por cinco quilos.

Relatório aponta que a covid-19 fez bem ao bolso do bilionários, enquanto desemprego atinge mais de 13 milhões no país

Reprodução: Pxhere
Pandemia expõe desigualdade socioeconômica no país

Apenas o patrimônio líquido desse grupo de super-ricos aumentou de US$ 123,1 bilhões (mais de R$ 650 bilhões), em março, para US$ 157,1 bilhões (mais de R$ 832 bilhões), em julho, ainda de acordo com o relatório da Oxfam.

O lucro dos bilionários cresce inversamente à crise econômica grave que assola boa parte da população trabalhadora – o país tem hoje cerca de 13 milhões de desempregados e 40 milhões de trabalhadores informais; mais de 600 mil micros, pequenas e médias empresas já fecharam as portas.

Para Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, vivemos uma situação insustentável e injusta com milhões de pessoas que perderam seus empregos, renda e dignidade, enquanto alguns poucos bilionários aumentavam sua riqueza.

“Não podemos aceitar que esse modelo econômico, que privilegia alguns poucos bilionários em detrimento de toda a sociedade, continue a ditar as regras. Nosso relatório mostra que essa economia só tem funcionado para um pequeno grupo de pessoas, os super-ricos”, comenta ela.

Riqueza no mundo

O relatório também aponta que as 32 empresas mais rentáveis do mundo lucraram US$ 109 bilhões (mais de R$ 577 bilhões) a mais durante a pandemia em 2020 do que a média obtida nos quatro anos anteriores (2016-2019).

Segundo o estudo, as 100 empresas campeãs do mercado de ações acrescentaram mais de US$ 3 trilhões ao seu valor de mercado desde o início da pandemia (em março de 2020).

Como resultado, os 25 maiores bilionários do mundo aumentaram suas riquezas em quantidades assombrosas. Jeff Bezos, por exemplo, poderia pagar um bônus único de US$ 105 mil (mais de R$ 550 mil) para cada um dos 876 mil funcionários da Amazon e ainda assim ser tão rico quanto era no início da pandemia.

Na outra ponta da pirâmide social, segundo a Oxfam, a covid-19 deixou meio bilhão de pessoas no limite da pobreza, até agora. Quatrocentos milhões de empregos não existem mais e 430 milhões de pequenos negócios estão sob risco de falência.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Brasil de Fato

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