Três homens que se identificam como integrantes do “Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira” gravaram um vídeo reivindicando a autoria do ataque a bomba contra a sede da produtora do grupo de comédia Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro (RJ). O atentado ocorreu na madrugada da última terça-feira (24).
Os homens gravados nas imagens estão fardados, levam o símbolo integralista e aparecem encapuzados. Um deles, sentado diante de uma mesa forrada com a bandeira da monarquia, lê uma mensagem com a voz distorcida por mais de dois minutos e afirma que o Porta dos Fundos é “marxista cultural” e atua com o objetivo “destruir nosso povo, nossa crença, nosso patrimônio imaterial”.
O ataque aconteceu em resposta ao Especial de Natal – A Primeira Tentação de Cristo, produzido pelo Porta dos Fundos. Disponível na Netflix, o filme de comédia foi duramente criticado por setores fundamentalistas e conservadores por retratar Jesus Cristo como homossexual.
Brasil de Fato
"Especial de Natal" do grupo incomodou fundamentalistas e conservadores brasileiros
A produtora informou que, se não fosse a presença de um segurança que conseguiu controlar o fogo, a sede seria totalmente incendiada. O caso está sob investigação na 10.ª DP do Rio de Janeiro como crime de explosão.
O mesmo grupo teria feito um ataque à Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), no fim do ano passado, queimando bandeiras e faixas antifascistas.
Em outro momento do vídeo, o porta-voz do grupo declara que o Porta dos Fundos realizou “um ataque direto contra a fé do povo brasileiro” e se esconde “atrás do véu da liberdade de expressão”. Ele classifica ainda a Justiça brasileira como “Judas” por permitir que a Netflix veicule a sátira.
“Quando a revolução integralista vier, todos estarão condenados ao justiçamento revolucionário. Nós integralistas não renegamos o nosso papel histórico e nos incubiremos de ser a espada de Deus. A revolução integralista é a revolução do espírito”, continua. Imagens do ataque com coquetéis Molotov são exibidas enquanto o manifesto é lido.
Em nota, o grupo humorístico Porta dos Fundos afirmou que “condena qualquer ato de ódio e violência e, por isso, já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades, para o Secretário de Segurança, e espera que os responsáveis pelos ataques sejam encontrados e punidos”.
No último dia 19, uma associação religiosa entrou com um pedido de liminar na Justiça do Rio para que o Especial fosse removido da plataforma. A decisão afirmou que não havia motivos legais para a remoção. De acordo com a Justiça, uma determinação diferente seria “inequivocamente censura decretada pelo Poder Judiciário”.
Confira o vídeo:
Edição: Daniel Giovanaz
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