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ToggleEm coletiva de imprensa sobre a greve dos trabalhadores do Metrô, CPTM, Sabesp e professores, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixou explícito que seguirá de forma intransigente seu plano privatista que precariza os serviços para toda a população em nome de garantir os lucros milionários de um punhado de empresários, e que para isso seguirá utilizando de métodos repressivos e punições contra os trabalhadores.
No entanto, a greve contra as privatizações começa com toda força nesse 28 de novembro, e Tarcísio precisa recorrer a mentiras para tentar colocar a população contrária à paralisação dos trabalhadores. Veja as 3 maiores mentiras que o governador destilou em 20 minutos de coletiva de imprensa realizada pela manhã deste dia 28:
1) “A greve é ilegítima”
Tarcísio tenta buscar apoio da justiça para criminalizar a paralisação dos trabalhadores e argumenta que a greve seria ilegítima porque não estaria tratando de questões salariais ou de direitos trabalhistas. A verdade é que mesmo para a justiça que tomou a absurda decisão judicial que decidiu por garantir o funcionamento de 85% da CPTM e 80% do Metrô nos horários de pico, uma decisão que na prática limita o direito de greve, a greve é legítima.
Nessa decisão, a justiça burguesa disse que a greve contra as privatizações é “político-trabalhista”, voltada para a defesa de interesses trabalhista-profissionais lato sensu, contra a privatização e as terceirizações, e que isso está dentro do direito de greve, e que a jurisprudência recente reconhece que a Constituição garante o direito de greve pautada em causas relacionadas a decisões governamentais que impactam, direta ou indiretamente, nas relações de trabalho ou nas condições de vida dos trabalhadores globalmente considerados.
Para além da interpretação da justiça que pune os trabalhadores sempre ao lado dos governos e dos patrões, a greve é legítima, como confirmam juristas e professores de Direito da USP, pois não só diz respeito às condições de trabalho dos que fazem a cidade funcionar todos os dias, como também defende a qualidade dos serviços públicos para a população contra a sanha de lucro da privatização.
2) “A greve é corporativa e prejudica a população”
Além da justiça, Tarcísio conta com a ajuda da mídia burguesa reacionária (com figuras como Rodrigo Bocardi) que tenta a todo momento colocar a população contra a greve, argumentando que os trabalhadores são uma “minoria” que querem defender apenas os próprios interesses, e que é a paralisação que causa transtornos na vida da população.
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Foto: Alan Santos/PR
Tarcísio, justiça e mídia burguesa inventam mentiras com medo do que a potente luta de trabalhadores e população pobre pode conquistar
Mas a verdade é que o que realmente prejudica a população são os péssimos serviços prestados pelas empresas privatizadas e a constante precarização dos serviços públicos. Durante a última greve do dia 3 de outubro, quando Tarcísio vangloriava as linhas privatizadas dizendo que mostravam o “caminho certo do governo”, a linha 9 da CPTM apresentou falhas elétricas em mais um dia normal nas linhas privatizadas: em um ano, foram 132 falhas nas linhas operadas pela ViaMobilidade, colocando a população em risco.
Outro exemplo do que realmente prejudica a população se escancarou durante as chuvas em São Paulo, quando milhões de pessoas ficaram dias seguidos sem luz por responsabilidade da privatizada Enel, o que afetou ainda os reservatórios da Sabesp e fez regiões inteiras também ficarem sem água em meio à onda de calor. Inclusive, na coletiva de imprensa Tarcísio comemora que as ações da Sabesp subiram nos últimos dias em um aceno favorável do mercado financeiro à privatização, os mesmos dias em que crianças deixavam de ir à escola ou iam sem banho e com fome depois de 5 dias seguidos sem água, em que a população usou água da chuva para manter o mínimo de higiene dentro de casa.
Quem é corporativo é Tarcísio, ao defender os lucros de seus amigos empresários acima dos interesses dos trabalhadores e da população. Dados do Bilhete Único mostram que dos R$ 7 bilhões arrecadados em 2022, a Via Mobilidade e a Via Quatro, ambas empresas do grupo imperialista francês CCR, receberam R$2 bilhões em repasses para transportar 500 milhões de passageiros. Isto é, ganharam quatro vezes mais verbas que o Metrô e a CPTM, que juntos transportam 1,23 bilhões de passageiros, enquanto receberam apenas R$460 milhões. Por passageiro, as empresas privadas barganharam cerca de 10 vezes mais do que as empresas estatais. Estes dados mostram que o lucro dos empresários é o único interesse que Tarcísio quer garantir, diferente da paralisação dos trabalhadores que defendem um serviço público e de qualidade para toda a população.
3) “A greve é palanque eleitoral da esquerda”
Tarcísio insinua constantemente que haveria um “complô” dos sindicatos, “capturados pela esquerda”, para fazer da greve um palanque eleitoral. Mas quem está tentando se promover é ele mesmo, citando a própria candidatura na entrevista, argumentando que foi eleito em São Paulo para seguir o plano das privatizações.
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Mas a verdade é que em plebiscito realizado por sindicatos e movimentos populares dispostos publicamente, que contou com 897.431 votos coletados em dois meses, 99% dos votos da população foram contra as privatizações, rechaçando a ideia de que Tarcisio tem esse “passe livre eleitoral” para a privatização. Mais uma prova disso é que ontem (27), após a divulgação de nota do Governo de São Paulo no Instagram contra a greve, a grande maioria dos comentários eram favoráveis à paralisação dos trabalhadores contra as privatizações.
Outro exemplo de como Tarcísio tenta se promover politicamente é a repressão brutal que leva a frente, tentando fazer a imagem de “mão de ferro” em consonância com suas marteladas. Desde a greve do dia 03 de outubro, 8 trabalhadores do metrô foram demitidos por perseguição política de Tarcísio em conluio com a justiça. Na greve deste dia 28 continua a intimidação e as ameaças de punições contra quem participar da greve, com a reação despropositada ao deslocar cerca de 4 mil policiais militares para as estações de trens e metrôs, com práticas antissindicais como convocações individuais para comparecer ao trabalho no Metrô e CPTM, com uma multa milionária contra os sindicatos caso não haja cumprimento da absurda determinação da justiça.
A luta contra as privatizações é legítima e em defesa dos interesses da população pelos serviços públicos de qualidade
É urgente o fortalecimento da greve unificada com a auto-organização e a unidade da população com os trabalhadores, tarefa a que as centrais sindicais deveriam colocar todo o seu peso, na contramão de Tarcísio, da justiça e da mídia burguesa que inventam mentiras como estas com medo do que a potente aliança em uma só luta de trabalhadores e população pobre poderia conquistar.
Redação | Esquerda Diário
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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